Nesse sentido a Reforma Tributária e o Desenvolvimento Econômico foi o tema do segundo painel desse primeiro dia da 17ª Conferência Nacional dos Bancários e Bancárias, o qual teve as explanações de Paulo Gil (auditor fiscal e membro do Instituto de Justiça Fiscal – IJF) e Gilmar Carneiro (assessor especial da presidência da CUT Nacional).
Para Paulo Gil, quando a Reforma Tributária entra na pauta da imprensa ela sempre vem com um discurso enviesado pelas posições ideológicas da classe dominante e do grande capital, inerente à luta de classes.
Ele demonstrou através de dados do IJF que a carga tributária brasileira não é absurda como é publicado na grande imprensa, mas sim compatível com a tributação empregada nas grandes nações. Porém, o grande problema do sistema de tributação vigente no Brasil penaliza os trabalhadores assalariados e beneficia os rentistas detentores das grandes fortunas.
“Os impostos sobre as grandes fortunas representaria cerca 100 bilhões de reais para o país. Mas isso não é a bala de prata para resolver nossas questões. O nosso grande desafio está na ampliação da renda e na tributação dos grandes patrimônios, ou seja, a grande saída econômica para o país seria a tributação dos grandes lucros”, afirma Paulo Gil.
A bancária do Banrisul e membro do Sindicato dos Bancários de Santa Rosa – RS, Letícia Raddatz, destacou durante o debate com a plenária que a direita costuma utilizar as bandeiras da classe trabalhadora contra os trabalhadores, a exemplo da bandeira histórica da reforma política, tendo em vista que 2015 o Congresso apresentou uma contrareforma, com o nome de reforma política, para impor uma derrota à classe trabalhadora.
“Por isso, temos que ter muito cuidado quando a mídia coloca a reforma tributária em pauta, pois o que pode vir pela frente também pode ser prejudicial a nós. Precisamos desonerar o consumo para desonera a classe trabalhadora, assim como precisamos onerar a propriedade, o que historicamente não ocorre no Brasil, e o grande exemplo é o Imposto Territorial Rural (ITR), que contribui para a manutenção dos latifúndios no Brasil, problema histórico desde a colonização da América Latina”, analisou a bancária.
Mudar a correlação de forças para avançar na reforma tributária
Em sua explanação, Gilmar Carneiro afirmou que “é preciso mudar a correlação de forças no Brasil para podermos realizar uma reforma tributária no país, sobretudo agora com o atual Congresso reacionário e com a imprensa fascista contra o governo”.
Ele defendeu junto à plenária da Conferência Nacional bancária que para se construir uma reforma tributária favorável à classe trabalhadora é preciso perseverança, organização e luta. “Se não tivermos povo na rua defendendo um projeto concreto de reforma tributária, nada sairá do papel”, destacou.
Gilmar Carneiro também alertou que Campanha Nacional 2015 da categoria bancária será muito difícil, tendo em vista que o ministro da fazenda Joaquim Levy tenderá a endurecer as negociações com os banqueiros e dificultar as possibilidades de ganho real para os bancários, porém deixou uma mensagem de estímulo: “apesar das dificuldades, vocês não podem esmorecer, é preciso mobilizar e ir à luta”.
Fonte: Bancários PA