Belém PA - Bancários e bancárias do Pará começaram nesta terça-feira (30) a greve nacional da categoria, por tempo indeterminado. Nesse primeiro dia de paralisação nos bancos públicos e privados, mais de 60% dos trabalhadores aderiram ao movimento. Belém, Marabá, Santarém, Altamira, Abaetetuba e Paragominas registraram as maiores adesões nesse primeiro dia de greve.
> Clique aqui para ver o mapa da greve
Em Belém, o principal ponto de manifestações foi ao longo do corredor financeiro da Avenida Presidente Vargas, com destaque para as concentrações no Banco da Amazônia, Banpará e Banco do Brasil. Além disso, também houve ato público dos bancários em frente à superintendência da Caixa, em São Braz. Nos atos, os dirigentes sindicais reforçavam sobre a importância de todos aderirem à paralisação por tempo indeterminado. A Central Única dos Trabalhadores também compareceu ao movimento para apoiar a categoria.
A categoria bancária não aceita a proposta oferecida até agora pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), que é de reajuste de apenas 7,35% para as verbas salariais e mais 8% de reajuste no piso, além de ignorar completamente as reivindicações sobre emprego, condições de trabalho, principalmente o fim das metas abusivas e o fim do assédio moral, mais segurança nas agências e igualdade de oportunidades para os bancários e bancárias.
“Foram oito rodadas de negociação que os banqueiros tiveram para apresentar uma proposta decente. Mas diante de uma proposta insuficiente, a categoria decidiu pela greve por tempo indeterminado, ou até que a Fenaban apresente uma nova proposta que nos tire da greve. Vale ressaltar que essa greve não é só por nós, é também pela população que diariamente sofre com as longas filas por falta de mais bancários, com a insegurança bancária e com as tarifas e taxas altas”, afirmou a presidenta do Sindicato, Rosalina Amorim.
“Não adianta passar o ano inteiro reclamando do patrão pelos corredores, ou do Sindicato, dizendo que a gente não faz nada. O Sindicato não faz greve só, nós organizamos e damos a estrutura necessária, mas a greve é de todos os bancários e bancárias. Se não fizermos a luta agora, o reajuste será zero, por isso é importante todo mundo estar nas ruas e construir a greve”, ressaltou o diretor do Sindicato e funcionário do BB, Gilmar Santos.
“Somente com a nossa organização e com a nossa disposição para lutar é que poderemos arrancar dos banqueiros melhorias em nossos salários, garantir melhores condições de trabalho, mais segurança, saúde e igualdade de oportunidades. Temos que intensificar nosso movimento de greve e ampliar nossa paralisação em todo o Pará, pois isso fortalecerá ainda mais a unidade nacional da nossa categoria. Vamos mostrar para os banqueiros que queremos mais avanços nessa Campanha Nacional!”, destacou o diretor do Sindicato e empregado da Caixa Econômica, Heider Alberto.
Banco da Amazônia – A greve no Banco da Amazônia começou com muita força no Pará, e na matriz do banco, em Belém, cerca de 80% dos trabalhadores e trabalhadoras aderiram ao movimento.
“O Banco da Amazônia não atendeu nossas cláusulas sociais, e a implantação do PCS caminha a passos lentos, mesmo com a contratação de uma consultoria para cuidar apenas disso. Será que esses e outros motivos que o funcionalismo enfrenta no dia-a-dia não são motivos suficientes para os bancários cruzarem os braços? Esse mesmo banco ainda debocha do nosso movimento em busca de melhores salários e condições de trabalho quando o bancário chega de madrugada para conseguir entrar e ir trabalhar”, destacou o diretor do Sindicato e funcionᄀrio do Banco da Amazônia, Cristiano Moreno.
Banpará – A adesão do funcionalismo do Banpará à greve nacional também foi muito positiva e demonstra a força e a vontade da categoria para lutar por seus interesses. Uma nova rodada de negociação com o Banco do Estado está marcada para a próxima quinta-feira, dia 02/10.
“Aqui no Banpará começamos a greve com todo vigor, e esta é a hora para dizermos, em alto e bom tom à direção desse banco, que queremos a volta do tíquete, que queremos salário no bolso, igualdade de oportunidades. São 21 anos de convenção coletiva, de novas conquistas, e não podemos retroceder. Queremos mais”, frisou a diretora da Fetec-CUT/CN e também funcionária do Banpará, Vera Paoloni.
> Clique aqui para ver nossos albúns de fotos do primeiro dia de greve no Pará
As principais reivindicações dos bancários:
Reajuste salarial de 12,5%.
Piso Salarial de R$ 2.979,25
PLR: trᆰs salários mais parcela adicional de R$ 6.247.
14º salário.
Vales alimentação, refeição, cesta-alimentação, 13ª cesta e auxílio-creche/babá: R$ 724,00 ao mês para cada (salário mínimo nacional).
Gratificação de caixa: R$ 1.042,74.
Gratificação de função: 70% do salário do cargo efetivo.
Vale-cultura: R$ 112,50 para todos.
Fim das metas abusivas.
Combate ao assédio moral.
Isonomia de direitos para afastados por motivo de saúde.
Manutenção dos planos de saúde na aposentadoria.
Emprego: fim das demissões e da rotatividade, mais contratações, proibição às dispensas imotivadas como determina a Convenção 158 da OIT, aumento da inclusão bancária e combate às terceirizações.
Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) para todos os bancários.
Auxílio-educação: pagamento para graduação e pós.
Prevenção contra assaltos e sequestros: cumprimento da Lei 7.102/83 que exige plano de segurança em agências e PABs, garantindo pelo menos dois vigilantes durante todo o horário de funcionamento dos bancos; instalação de portas giratórias com detector de metais na entrada das áreas de autoatendimento das agências; biombos em frente aos caixas e fim da guarda das chaves de cofres e agências por bancários.
Igualdade de oportunidades para todos, pondo fim às discriminações nos salários e na ascensão profissional de mulheres, negros, gays, lésbicas, transexuais e pessoas com deficiência (PCDs).
A proposta dos bancos rejeitada pelos bancários:
Reajuste de 7,35% (0,94% de aumento real)
Piso portaria após 90 dias - 1.240,89 (8% ou 1,55% de aumento real)
Piso escritório após 90 dias - R$ 1.779,97 (1,55% acima da inflação)
Piso caixa/tesouraria após 90 dias - R$ 2.403,60 (salário mais gratificação mais outras verbas de caixa), significando 1,39% de aumento real)
PLR regra básica - 90% do salário mais R$ 1.818,51, limitado a R$ 9.755,42. Se o total ficar abaixo de 5% do lucro líquido, salta para 2,2 salários, com teto de R$ 21.461,91
PLR parcela adicional - 2,2% do lucro líquido dividido linearmente para todos, limitado a R$ 3.637,02
...................................................................
Antecipação da PLR
Primeira parcela depositada até dez dias após assinatura da Convenção Coletiva e a segunda até 2 de março de 2015
Regra básica - 54% do salário mais fixo de R$ 1.091,11, limitado a R$ 5.853,25 e ao teto de 12,8% do lucro líquido - o que ocorrer primeiro
Parcela adicional - 2,2% do lucro líquido do primeiro semestre de 2014, limitado a R$ 1.818,51
...................................................................
Auxílio-refeição - R$ 24,88
Auxílio-cesta alimentação e 13ª cesta - R$ 426,60
Auxílio-creche/babá (filhos até 71 meses) - R$ 355,02
Auxílio-creche/babá (filhos até 83 meses) - R$ 303,70
Gratificação de compensador de cheques - R$ 137,97
Requalificação profissional - R$ 1.214,00
Auxílio-funeral - R$ 814,57
Indenização por morte ou incapacidade decorrente de assalto - R$ 121.468,95
Ajuda deslocamento noturno - R$ 85,03
Fonte: Bancários PA