Brasília - Comemorado em 28 de agosto, o Dia do Bancário representa um marco histórico para os mais de 500 mil profissionais de todo o país. “Bancários e bancárias devem se orgulhar da história escrita por cada um deles, na luta por melhores condições de trabalho e qualidade de vida, independentemente do cargo/função que ocupam”, destaca o presidente do Sindicato, Eduardo Araújo.
O dirigente sindical lembra que os trabalhadores sempre foram responsáveis pelo desenvolvimento do país, “disponibilizando créditos para as pessoas terem condições de adquirir bens (imóveis, veículos, entre outros), e facilitando o financiamento de indústrias e da produção agrícola”.
Araújo, que é bancário do Banco do Brasil há 28 anos, exalta os trabalhadores, ressaltando que eles nunca desistiram de defender os direitos conquistados com muita dificuldade. “Nossa categoria nunca se abateu, mesmo enfrentando os patrões mais poderosos do mundo do trabalho. E não vamos desistir”.
Estresse
Considerada sinônimo de status e de estabilidade por uns, e para outros como a profissão do estresse, na verdade se tornar bancário parece ser o sonho almejado por milhares de brasileiros. Pelo menos, se for levado em conta o grande número de participantes nos concursos públicos realizados pelos bancos.
Pesquisas apontam que a ascensão profissional, plano de cargos e salários e a valorização dos funcionários sᆪo os principais fatores que atraem os trabalhadores a ingressarem nas instituições financeiras.
É o caso de Dinarth Makarios Souto, 50 anos, que tem verdadeira paixão pela profissão iniciada bem cedo. Aos 14 anos, o paraibano ingressou no Banco do Brasil, como menor aprendiz. Para ele, a sua profissão é motivo de muito orgulho. “Se tivesse que recomeçar, seria bancário novamente”, garante, acrescentando que sempre teve uma vida estruturada, graças ao seu trabalho.
Embora reconheça que a categoria precisa avançar em suas conquistas, como na saúde e condições de trabalho, Makarios observa que, no dia 28 de agosto, o bancário tem sim motivos para comemorar. Como exemplo, cita a organização da profissão que, em sua opinião, é uma das categorias mais bem representadas, além dos benefícios sociais oferecidos pelas instituições, “que, de certa forma, proporcionam uma boa qualidade de vida aos trabalhadores”.
De pai para filho
Pai de cinco filhos, o funcionário do BB e morador da região administrativa de Taguatinga ressalta que vale a pena investir na carreira de bancário, tanto que seu primogênito ouviu seus conselhos e, há cinco meses, ingressou na Caixa Econômica Federal. Dinarth Souto Júnior, 24, casado, está empolgado com a carreira profissional que está iniciando. Ele passou no concurso para técnico de TI daquela instituição financeira e as expectativas são as melhores possíveis.
Desde pequeno, Júnior tinha o sonho de ser bancário, “talvez pela influência de ver meu pai sempre entusiasmado com o trabalho”. Satisfeito com as garantias que o novo emprego lhe proporciona e com a oportunidade de ascensão profissional, uma das primeiras providências que ele tomou foi se sindicalizar. “Antes, eu já observava a boa atuação do Sindicato, sempre disposto a defender as causas da categoria”, frisa.
Morador da região administrativa de Águas Claras, o jovem bancário agora aguarda com ansiedade a implementação do Plano de Carreira de TI na Caixa. “Seria muito bom se isso acontecesse”, avalia. Para ele, a defasagem salarial também merece atenção especial por parte das empresas.
Origem
Tudo começa no dia 28 de agosto de 1951, data em que os bancários e bancárias paulistas fizeram uma paralisação, após receberem proposta de reajuste salarial insignificante do governo. Eles reivindicavam 40% de aumento, salário mínimo profissional e adicional por tempo de serviço.
Embora, os profissionais de outros estados tenham aceitado o acordo, os trabalhadores de São Paulo continuavam resistindo às pressões. A greve se estendeu por 69 dias, e alguns bancários sofreram retaliações. Em 5 de novembro, a Justiça concedeu à categoria reajuste de 31%. Foi uma vitória, mas, ao mesmo tempo, a classe passou a ser perseguida.
Desde então, a resistência e a força daqueles bancários tornaram-se exemplo para toda a categoria. Mas, somente 13 anos depois, a data – 28 de agosto – foi instituída oficialmente pela Lei 4.368.
Retomada das mobilizações
Os primeiros anos do governo Lula marcaram a retomada das mobilizações dos bancários em todo o país, com greves, passeatas e atividades constantes. Fatos marcantes consolidados no segundo mandato do ex-líder sindical foram os avanços no aumento real nos salários e o retorno do crescimento no número de bancários e bancárias, após queda verificada durante a segunda metade dos anos 90 e início do novo milênio.
Os bancários do Banco do Brasil e da Caixa finalmente tiveram respeitado o seu direito de representação sindical, recuperaram a maior parte dos direitos retirados durante os oito anos de mandato de Fernando Henrique Cardoso e obtiveram outras conquistas, como o direito de participação nos lucros e resultados.
Desde os anos 1930, muitas lutas foram travadas para que a categoria alcançasse importantes vitórias, como o 13º salário, a extinção dos trabalhos aos sábados, Participação nos Lucros e Resultados (PLR), mesa de negociação unificada, assistência médica, tíquete-refeição, e licença-maternidade de 180 dias, entre outros direitos trabalhistas.
Mariluce Fernandes
Do Seeb Brasília