Nesta terça (28), quando Copom inicia reunião que decidirá a taxa Selic, CUT faz protesto na frente do Ministério da Fazenda e Força leva para Avenida Paulista pódio para representar os campeões mundiais de juros
por Redação RBA
São Paulo – As centrais sindicais realizam protestos nesta terça (28) contra os rumos da economia no Brasil. A CUT fará ato em Brasília, na frente da sede do Ministério da Fazenda. “É o dia que o Copom se reúne para decidir a taxa de juros. Não podemos abrir mão de fazer a crítica e fazer a disputa no campo da economia”, afirmou o secretário-geral da central, Sérgio Nobre.
Em São Paulo, as centrais também realizarão manifestação na avenida Paulista, a partir das 10h, em frente ao prédio do Banco Central (avenida Paulista, 1.804) , destacando que os juros altos penalizam a produção e reduzem os empregos. O ato organizado pela Força Sindical terá um pódio, com três lugares, onde artistas representando banqueiros e especuladores irão receber medalhas de campeões mundiais de juros altos. “Lutamos pelo crescimento da economia, pelo aumento da produção e dos empregos e contra a política que beneficia especuladores financeiros”, diz o presidente da Força, Miguel Torres.
Como tem se repetido nos últimos seis meses, a expectativa do noticiário da grande mídia, que representa os interesses financeiros, é que o Copom anuncie quarta-feira, no segundo e último dia de reunião, mais uma alta da taxa básica de juros. Atualmente, a taxa Selic está em 13,75% ao ano.
A CUT tem criticado essa tendência de alta da taxa. “É coisa de um grupo de burocratas, que não entendem nada de produção. É antiga nossa reivindicação de que os trabalhadores também façam parte do Copom”, afirmou Sérgio Nobre.
A política econômica do País, sob o comando do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, tem sido criticada por diversos dirigentes e pelo professor de Economia da PUC-SP Antônio Corrêa de Lacerda, que na semana passada foi convidado especial da central para fazer uma análise da conjuntura econômica.
O economista explicou que “no segundo mandato de Dilma houve uma guinada conservadora da política econômica” e que “o ajuste fiscal é de curto prazo, pois está centrado no corte de benefícios sociais”.
Sobre o papel da mídia, Lacerda afirmou que os analistas não são justos ao examinar a crise brasileira, fazendo mal uso, por exemplo, dos dados da economia nacional. “O Brasil, nos últimos seis anos, teve uma inflação média de 6%. Ao contrário do que diz a mídia, vamos ter países de porte semelhante com o mesmo índice de 6%. Não vale a comparação, como faz o Sardenbergh (Carlos Alberto Sardenberg, da Rede Globo), que nos coloca ao lado de Peru, Chile e Estados Unidos. Temos de nos comparar com Índia, África do Sul, Rússia, que estão no mesmo patamar”, explicou o economista ao apresentar um cenário otimista para 2016. “Devemos ter uma inflação de 5%, que é uma expectativa acompanhada inclusive pelo mercado.”
Além da manifestação na frente da sede do Ministério da Fazenda, amanhã (28), a CUT intensificará a mobilização para a Marcha das Margaridas, que ocorre em Brasília entre os dias 11 e 12 de agosto.
Desde 2003, primeiro ano da manifestação, mais de 140 mil mulheres já ocuparam Brasília para cobrar políticas públicas voltadas a um modelo de desenvolvimento centrado na vida, no respeito à diversidade e contra a violência sexista.
No próximo dia 20 de agosto, a CUT integrará um grande ato com outras entidades, como MTST, MST, UNE e outras entidades do movimento social, em São Paulo, em defesa da democracia e contra as tentativas de golpe no país.