As mulheres ganham 17,7% a menos no Brasil. A diferença é maior no Sudeste
Brasil Debate
Nos últimos anos, assistiu-se à redução da desigualdade de renda atrelada sobretudo à melhora nos indicadores do mercado de trabalho. Mas diversas análises mostraram a persistência de desigualdades de rendimentos quanto ao gênero no mercado de trabalho brasileiro.
Nota Técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostra, ao analisar o mercado de trabalho formal no Brasil a partir de dados da Relação Anual de Informações Sociais do Ministério do Trabalho e Emprego (Rais - MTE), que é persistente a desigualdade de remuneração média por sexo: em 2013, as mulheres tiveram rendimentos em média 17,7% menores que os dos homens, patamar semelhante ao dos anos anteriores.
Os patamares da desigualdade de rendimentos nos empregos formais estão nas regiões Sudeste e Sul, como mostram o gráfico, tendo, inclusive, crescido no Sudeste.
Quanto a diferentes setores, em 2013, uma trabalhadora da Indústria de Transformação recebia, em média, 34,6% menos do que um trabalhador do sexo masculino no mesmo setor, e, na Administração Pública, 24,8% menos. Nos Serviços, a diferença foi de 21,4%, na Indústria Extrativa Mineral de 2,9% e negativa no caso da Construção Civil (-5,2%), setor com pouca presença feminina.
O quadro se agrava se observamos os dados para o mercado de trabalho informal: indicadores do mercado de trabalho a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), entre os anos 2003-2013, mostram que o rendimento médio das mulheres ocupadas, considerando o mercado de trabalho em geral e não só o formal, é menor em comparação ao dos homens ocupados: se em 2002 o rendimento das mulheres ocupadas correspondia a 63% do rendimento dos homens, em 2012 esse valor já era de 70%, o que mostra a diminuição da desigualdade, mas a persistência de um patamar alto.
Assim, percebe-se que a desigualdade de rendimento para o gênero no mercado de trabalho formal é menor que no mercado de trabalho em geral. Apesar de alguns indicadores mostrarem ligeira melhora, continua grande o abismo entre a remuneração de homens e mulheres no mercado de trabalho.