(Brasília) - A paralisação dos bancários e bancárias de Brasília se fortaleceu ainda mais nesta sexta-feira 27, fim da segunda semana de greve, que completou nove dias. Em todo o Brasil, segundo balanço divulgado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), 10.633 agências e centros administrativos ficaram fechados.
Na capital federal, a sexta-feira foi marcada pela paralisação das unidades administrativas localizadas no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), na 505 Sul e 507 Norte. Essas áreas são responsáveis, entre outras atividades, pelo atendimento interno aos empregados e lotéricos de todo o país, disque Caixa, suporte técnico e retaguarda das agências de Brasília.
Greve crescente
Durante a semana, as ações de mobilização do Sindicato se intensificaram em todo o DF, com ampla participação da categoria. Na quarta-feira (25), os bancários e bancárias se juntaram aos funcionários dos Correios em uma passeata. No percurso, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão à Rodoviária do Plano Piloto, os trabalhadores cobraram a reabertura das negociações gerais e específicas com as instituições financeiras públicas e com os Correios.
Ainda na quarta, o Sindicato obteve na Justiça a liminar que tornou sem efeito o documento do Banco do Brasil que proibia a entrada de dirigentes sindicais nas dependências da instituição, enviado no início da semana pela Diretoria de Relações com Funcionários e Entidades Patrocinadas (Diref).
Na quinta 26, após reunião em São Paulo, o Comando Nacional dos Bancários reafirmou a intensificação da greve em uma nota oficial. No documento, a entidade manifestou disposição para negociação e responsabilizou o fechamento do diálogo com os bancários aos presidentes da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) e dos seis maiores bancos do país.
No último final de semana também houve atividades. O Sindicato promoveu ações nas feiras de Brasília, a fim de divulgar para a população as reivindicações da categoria, que inclui redução dos juros e o fim das filas e aumento de crédito bancário. "Vamos permanecer na luta até que nossas reivindicações sejam atendidas, até porque o sistema financeiro é o setor que mais lucra no país. Estamos, inclusive, contando com o apoio da população, que também sofre com os juros altos, as tarifas abusivas e as filas enorme", declara o presidente do Sindicato, Eduardo Araújo.
Bradescão
Em protesto contra a intransigência dos banqueiros, o Sindicato distribuiu, nesta sexta, espetinhos aos transeuntes que circulavam pelo Setor Comercial Sul (SCS) em frente à agência do Bradesco, também conhecida como Bradescão. No mesmo edifício da unidade funciona a Diretoria Regional do banco.
No ato, os dirigentes sindicais também distribuíram carta aberta aos clientes e usuários explicando os motivos da greve e pedindo o apoio da sociedade. Com gestos positivos, a população acenou para os trabalhadores em greve. “Estou com vocês”, gritou uma aposentada que passou apressada pelo local.
Durante os nove dias de greve, o Bradescão, assim como grande parte das outras unidades bancárias do DF, ficou de portas fechadas.
“Esse churrasco representa toda nossa insatisfaᄃão com o silêncio da Fenaban, que prejudica não só os bancários, mas toda a população brasileira. Daqui para frente vamos intensificar as atividades em todos os bancos, públicos e privados, para ampliar a greve em todo o DF”, afirmou o diretor da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Centro Norte (Fetec-CUT/CN) Juliano Braga.
Próximos passos
Na segunda-feira 30, uma nova assembleia será realizada na Praça do Cebolão, a partir das 17h30, para organizar a mobilização dos próximos dias.
PL 4330
Sobre o PL 4330, que legaliza a precarização das relações de trabalho, o Sindicato convida todos a participar da Jornada Mundial pelo Trabalho Decente no dia 7 de outubro, programada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e demais centrais sindicais.
Joanna Alves e Rodrigo Couto
Do Seeb Brasília