Belém PA - Uma atividade repleta de informações e de emoções. Assim foi o debate sobre parto humanizado e violência obstétrica, realizado pelo Sindicato dos Bancários do Pará na noite de quarta-feira, 25 de março. O evento integrou as ações da entidade sindical no março lilás 2015 e marcou o lançamento do coletivo de mulheres bancárias do Pará.
“A partir de agora, seguindo a orientação nacional da CUT, o Sindicato dos Bancários tem um coletivo de mulheres, o qual será responsável por reunir as mulheres da nossa categoria para debater e construir ações de afirmação da mulher no movimento sindical e na sociedade” destaca a presidenta do Sindicato dos Bancários do Pará, Rosalina Amorim.
“Esse coletivo será de grande importância para nossas lutas em defesa de autonomia, liberdade e igualdade de gênero. Nossa ideia é que as bancárias possam refletir sobre a realidade do local de trabalho, além de formularmos propostas para o Sindicato e par as negociações com os bancos”, afirma a diretora do Sindicato, Tatiana Oliveira.
Mesmo com forte chuva que caiu sobre Belém, um bom público compareceu. Bancárias e militantes de outras frentes sociais, algumas acompanhadas de seus companheiros e filhos, participaram do debate. A secretária estadual da mulher trabalhadora da CUT, Ray Barreto, também participou do evento.
Espaço criança – As crianças trazidas para o debate foram recepcionadas em um espaço de acolhimento exclusivo, climatizado e ambientado para atividades lúdico-educativas, e com direito ao acompanhamento de arte-cuidadoras e lanche.
O debate– A doula e bióloga Edilene Lisboa, e a enfermeira obstétrica Danielle Rego Gonçalves, falaram sobre o conceito de parto humanizado, sobre a história do parto, as diferenças entre parto normal e parto humanizado, e apresentaram o cenário atual do parto no Brasil, majoritariamente dominado pelos partos hospitalares e cirurgias cesáreas.
Elas frisaram a importância de uma formação mais humanizadora para os profissionais de saúde, e a necessidade de uma atuação mais efetiva do poder público em prol dos partos normais e humanizados, seja na rede atendida pelo Sistema Único de Saúde, ou na rede suplementar.
De acordo com as palestrantes, humanizar o parto significa fazer com que a mulher seja protagonista do próprio parto e participe ativamente das decisões, em parceria com os profissionais e acompanhantes que lhe dão assistência, ou seja, significa permitir que a natureza fisiológica a mulher faça o seu trabalho natural, e que as intervenções médicas somente ocorram quando e se forem realmente necessárias, sempre levando em consideração a segurança e saúde dela e do bebê.
Orientações jurídicas – Outa palestrante, a advogada Anna Marcella Mendes, que é membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB Pará, falou sobre as leis que amparam a mulher no processo de pré-parto, parto e pós-parto, assim como repassou orientações sobre como identificar uma violência obstétrica e os caminhos jurídicos que as mulheres devem percorrer para denunciar e reivindicar seus direitos quando forem vítimas desse tipo de violência.
Ela ressaltou que várias práticas são consideradas como violência obstétrica, desde a enfermeira que pede para a mulher não gritar na hora do parto normal até o médico que faz uma episiotomia indiscriminada – o corte entre o ânus e a vagina para facilitar a saída do bebê. Esse tipo de violência é cometida tanto na rede pública quanto privada, durante a assistência ao pré-natal, parto, pós-parto, cesárea e abortamento.
A violência obstétrica pode ser além de verbal e física, psicológica ou mesmo sexual, e se expressa de diversas maneiras explícitas ou veladas, como o desrespeito à lei do acompanhante (lei nº 8.080/90, alterada pela lei nº 11.108/2005), que garante a toda gestante a presença de um acompanhante nos momentos de pré-parto, parto e pós-parto, sendo esse acompanhante de sua livre escolha e independente de qualquer pagamento adicional.
Como denunciar – As denúncias podem ser feitas pelo site do Ministério Público Federal, em Belém. A pessoa também pode procurar a Defensoria Pública, mesmo que o atendimento médico tenha sido particular.
É importante reunir documentos, como cópia do prontuário médico e o cartão de acompanhamento da gestação. Outra opção é fazer a denúncia por telefone pelos canais Violência Contra a Mulher – 180.