Crédito: Jailton Garcia/Contraf-CUT
Peça do grupo de Teatro do Botoquipariu foi oferecido pelo Seeb de Guarulhos
Rede de Comunicação dos Bancários
Fabiana Coelho
No segundo dia da 16ª Conferência Nacional dos Bancários, a força da memória e o resgate dos anos de chumbo da ditadura militar voltaram a dar o tom. Se, no primeiro dia do encontro, a resistência dos que combateram a ditadura foi lembrada em painel com Rose Nogueira e Adriano Diogo ( confira aqui ), desta vez foi o espetáculo teatral "Tito - é melhor morrer do que perder a vida", que arrancou lágrimas da plateia.
A montagem, do grupo de Teatro do Botoquipariu, e oferecida pelo Sindicato Guarulhos, trouxe ao palco a resistência e o apreço pela liberdade do padre dominicano que foi preso, torturado, perseguido até a loucura. Já na abertura da peça, o diretor Djalma de Lima lembrou a importância da memória e de trazer para as novas gerações um pouco da história de luta das gerações passadas.
Tortura e torturadores estão presentes durante todo o espetáculo, assim como estiveram presentes mesmo depois que o cearense Tito de Alencar Lima foi libertado em dezembro de 1970, incluído entre os prisioneiros políticos trocados pelo embaixador suíço sequestrado pela VPR. "Não é esta a liberdade", ele dissera na época, depois de ser exilado.
Os fantasmas da tortura, personificados na figura do delegado Fleury, que o prendera, permaneceram vivos em sua mente, prolongando indefinidamente a dor. "É melhor morrer do que perder a vida", escreveu Tito após tentativa de suicídio, ainda no presídio de Tiradentes.
Foram três dias de dor: choques elétricos e pauladas no pau-de-arara ou na chamada cadeira-do-dragão, feita de chapas metálicas e fios; descargas elétricas na boca; queimaduras com pontas de cigarro; corredor polonês. O corpo resistiu, nenhuma palavra saiu de sua boca. Mas a mente sucumbiu. Acolhido no Convento de Saint Jacques, em Paris, Tito enlouqueceu. Foi encontrado por seu médico dependurado por uma corda, entre o céu e a terra.
Para os participantes da Conferência, o espetáculo foi uma celebração da resistência e da luta pela liberdade.