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26 de Fevereiro de 2015 às 00:11

26/02/2015 - Ato em defesa da Caixa 100% pública mobiliza bancários e parlamentares


Brasília - Ao encerrar a primeira mesa do ato Caixa 100% pública, que aconteceu na manhã desta quarta-feira (25), na Câmara dos Deputados, a deputada federal Erika Kokay (PT-DF) afirmou veementemente que não há justificativas para que se abra o capital do banco. “Isso significa arrancar a Caixa do povo brasileiro e fazer com que o banco deixe de cumprir a função social para a qual ela foi criada, além de interferir no crescimento vertiginoso do banco no mercado financeiro. É tentar fazer com que a Caixa seja igual aos outros bancos”, afirmou. 

A deputada, funcionária da Caixa há mais de 30 anos e ex-presidente do Sindicato, convocou todas as entidades sindicais a formar um comitê para construir um programa de ações com o objetivo de enfrentar a situação. Aos seus colegas parlamentares, muitos deles presentes no debate, Erika conclamou para que participem da Frente Parlamentar em Defesa da Caixa 100% Pública, “Defender a Caixa é defender o povo brasileiro”.

Segundo o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, esse não é um debate corporativo, mas de dimensão que envolve toda a sociedade. "É uma disputa entre a sociedade e o mercado que, com certeza, não terá nenhum interesse de levar o banco às populações ribeirinhas como a Caixa tem feito. É claro que os interesses dos acionistas que vão comprar a Caixa são diferentes dessa população", destaca.

Cordeiro ressalta, ainda, que o lucro da Caixa, mesmo investindo nas questões sociais, é semelhante ao lucro de um dos grandes bancos privados. “Queremos que a Caixa sirva à sociedade e não se sirva da sociedade. Queremos, ainda, discutir uma reforma tributária voltada para taxar as grandes fortunas e destinar esses recursos para fazer suas políticas públicas. Vamos fazer um plebiscito com os trabalhadores da Caixa e colher votos para saber se querem a abertura de capital. A vaca pode até tossir, mas nós estaremos mobilizados para defender a Caixa”.

O presidente do Sindicato, Eduardo Araújo, reforça o argumento: “Não defenderemos a Caixa como banco público apenas no Congresso, mas em todos os espaços onde pudermos protestar e mostrar o quanto essa eventual abertura é prejudicial tanto à empresa quanto à sociedade”. 

O diretor da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Centro Norte (Fetec-CUT/CN), Enilson da Silva, diz que o momento é de todos somarem forças - na busca da unidade -, envolvendo para isso as entidades representativas dos empregados. 

“Sabemos que essa não é uma luta corporativa, mas de todos brasileiros e brasileiras. Este é um momento de grande significado na nossa vida cotidiana, por isso não podemos cochilar no processo de mobilização e de esclarecimento sobre a real importância da instituição para o campo e para a cidade. Vamos trabalhar juntos com o Sindicato dos Bancários e a Contraf para ampliar esse debate para a sociedade”, afirma Carmem Helena Ferreira, vice-presidente da CUT Nacional.

O presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira, empregado da Caixa desde 1989, destacou a importância da Caixa, que dobrou de tamanho e já possui mais de quatro mil agências, atendendo às mais remotas regiões do país. “A sociedade ganhou muito com a execução das políticas públicas do governo. Nesse sentido, todos os setores da sociedade devem ser esclarecidos sobre o que acontecerá com abertura de capital”. 


‘DNA da Caixa, voltando às origens’

Na segunda mesa, realizada à tarde, houve a leitura do manifesto final do encontro e a explanação de várias informações sobre o funcionamento da Caixa e sobre o que de fato ocorrerá com a possível abertura do capital do banco. 

Foi divulgado o estudo do Dieese “DNA da Caixa, voltando às origens”, que apresentou dados e argumentos confirmando que a Caixa nunca foi como os demais bancos. Segundo o Dieese, a Caixa é conhecida como o banco dos pobres, sempre emprestou dinheiro sem usuras e foi o responsável por captar recursos para economia populares. 

Um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas) também apresentado pelo Dieese durante a mesa aponta que, a cada real destinado ao programa Bolsa Família, o consumo das famílias envolvidas no projeto aumenta para 2,40 reais. Outro dado apresentado, agora com base em estudo da FAO (A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), destaca que esse programa é o grande fator que contribui para riscar o Brasil do mapa da fome. 

Em tom de perplexidade e indignação, o representante-titular dos empregados no Conselho de Administração da Caixa, Fernando Neiva, disse que não dá para acreditar no que está ocorrendo, numa referência aos rumores sobre a abertura do capital da instituição. “Em 2014, o banco injetou 690 bilhões de reais na economia, sendo o terceiro maior banco do país. A instituição reúne mais de 70 milhões de clientes e, em número de agências, é o maior do país. Daí vem o questionamento sobre a necessidade de se abrir o capital”. Fernando tem percorrido o país levando o debate sobre o assunto. “Por onde passei, 90% dos estados são contrários à abertura do capital da Caixa”, afirma.

A representante-suplente dos empregados no Conselho de Administração da Caixa, Maria Rita Serrano, que também leva a discussão para vários locais, falou sobre o Conselho. “O Conselho tem papel de fiscalizar, discutir e debater o melhor caminho para a Caixa, junto com os empregados e com toda a sociedade”. Maria Rita também falou sobre o crescimento da empresa no setor de investimentos. “A Caixa só se transformou no que é por causa da sua expertise para as questões sociais, o que lhe deu suporte para desenvolver sua área comercial”. 

A coordenadora da CEE/Caixa e diretora de Administração e Finanças da Fenae, Fabiana Matheus, que coordenou a mesa, informou que todas as propostas apresentadas no encontro serão debatidas na próxima reunião da coordenação. “Esse ato é o ponto inicial da agenda de uma campanha que, com certeza, será vitoriosa. Aproveito para agradecer o empenho do gabinete da deputada Erika Kokay, que facilitou a realização desse encontro”, elogiou. Fabiana disse que já foi solicitada uma agenda com a nova presidente da Caixa, Miriam Belchior, para discutir o assunto.

Rosane Alves
Do Seeb Brasília

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