(Formosa-GO) - Nem mesmo as práticas antissindicais adotadas pelo Itaú em Formosa e Planaltina de Goiás foram capazes de arrefecer a greve dos trabalhadores do ramo financeiro nos 17 municípios goianos da Região Integrada de Desenvolvimento Econômico do Distrito Federal e Entorno (Ride). A paralisação, ao contrário, cresceu neste sétimo dia de movimento paredista, atingindo agora 85% das agências e postos de atendimento bancário da região. São mais de 50 unidades com atendimento paralisado no Entorno de Brasília.

“Isso demonstra que os bancários da Ride estão dispostos a pressionar cada vez mais os banqueiros pelo atendimento de nossas justas reivindicações. O crescimento da greve prova que os trabalhadores apertarão cada vez mais o cerco aos patrões se estes continuarem calados sem apresentarem proposta decente para reabrir a mesa de negociações”, afirma Clever Bomfim, presidente do Sintraf-Ride.

O Itaú obteve na Justiça interdito proibitório nesta quarta (25) para impedir a adesão à greve dos funcionários de três agências em Formosa e Planaltina de Goiás. “O banco fez uso dessa medida antissindical para evitar o contato dos trabalhadores dessas agências com as comissões de esclarecimento, que exercem o legítimo direito, previsto na Lei de Greve, de convencer os colegas a aderirem ao movimento. O banco usa o falso argumento de que os bancários são impedidos de entrar para o trabalho. Em vez de pressionar e intimidar os funcionários, o banco deveria é apresentar proposta digna para que os trabalhadores voltassem ao trabalho”, critica Clever.

A lei de greve, em seu artigo sexto, assegura ao grevista o direito de empregar "meios pacíficos tendentes a persuadir ou aliciar os trabalhadores a aderirem à greve". Com respaldo nessa legislação, o Sintraf-Ride está agindo para derrubar o interdito, que impede ação dos comitês de esclarecimento dos grevistas.

Assembleia nesta quinta-feira

Os bancários da Ride e de Brasília realizam assembleia conjunta nesta quinta-feira, a partir das 19h, na Praça do Cebolão, no SBS. Farão uma avaliação do movimento, e, diante das orientações e informações do Comando Nacional, decidirão a continuidade do movimento.

O Comando Nacional dos Bancários, coordenado pela Contraf-CUT, se reúne à tarde, a partir das 14h, em São Paulo. Fará uma análise da primeira semana da greve que está paralisando agências e centros administrativos de bancos públicos e privados em todos os 26 estados e no Distrito Federal.

"A greve já é maior do que o do ano passado. Vamos discutir como ampliar ainda mais o movimento e quebrar a intransigência do banqueiros ", afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional.

Manifestação e passeata

Adiada para esta quarta-feira, em função das fortes chuvas do dia anterior, a passeata de bancários e trabalhadores dos Correios reuniu dezenas de grevistas das duas categorias ontem na Esplanada dos Ministérios. Os manifestantes se concentraram diante do Ministério do Planejamento após as 16h, denunciando a intransigência dos banqueiros e da empresa dos Correios em negociar e apresentar proposta que atenda as reivindicações dos trabalhadores em greve há uma semana.

Depois, saíram em passeata até a Rodoviária, onde entregaram à população panfletos explicando os motivos da greve, que busca, além de aumento de salários e de piso, mais contratações e a melhoria nas condições de trabalho que refletirão em maior qualidade nos serviços prestados aos usuários.