Crédito: Paulo Pepe/Contraf-CUT
Para Vagner, reforma política é importante para o Brasil avançar
Rede de Comunicação dos Bancários
Fábio Jammal Makhoul e Renata Ortega
Dentro de poucos dias, os brasileiros vão às urnas, ou melhor, as urnas vão até os brasileiros para uma importante votação. Não, não são as eleições presidenciais. Trata-se do Plebiscito sobre a Constituinte da Reforma Política, encampado pelos movimentos social e sindical e marcado para a primeira semana de setembro.
O tema não faz parte da pauta da grande imprensa, mas a votação pode mudar o futuro do Brasil. E entre os responsáveis pela organização e coleta de votos estão os sindicatos de bancários. Por isso mesmo, a Conferência Nacional dos Bancários reservou um painel, nesta sexta (25), para discutir o assunto.
O presidente da CUT, Vagner Freitas, explicou que a ideia da Constituinte exclusiva para fazer a reforma política foi proposta pela presidenta Dilma Roussef como resposta aos anseios expostos pelos brasileiros nos protestos de junho do ano passado. "Mas os conservadores conseguiram derrubar a proposta da Dilma. E o Congresso Nacional não tem interesse algum em avançar nesse debate. Por isso, decidimos encampar esse plebiscito e vamos realizá-lo em meio à luta do dia-a-dia", destacou.
Segundo Vagner, a partir da proposta da presidente, foi criado um grande fórum popular, com base nos movimentos sociais. "Trata-se de um processo de frente ampla para, primeiramente, pautar e popularizar a discussão sobre a reforma política na sociedade. E, mais do que isso, inserir o tema nos debates das eleições de outubro, explicitando oposição ao conservadorismos da direita. Ainda precisamos avançar muito para alcançarmos o Brasil que queremos e a reforma política é importantíssima neste sentido", concluiu.
Plebiscito será em setembro
O plebiscito popular será realizado na Semana da Pátria, de 1º a 7 de setembro, em todo o Brasil. "Os bancários estarão em plena Campanha Nacional, mas é importantíssimo que os sindicatos trabalhem paralelamente com o plebiscito. Os sindicatos são o instrumento mais importante de transformação social do país, temos capacidade de mobilização popular e precisamos garantir esta que é a mãe de todas as reformas", disse Vagner, que é bancário e presidiu a Contraf-CUT por dois mandatos.
A ditadura do capital
Cerca de 80% dos deputados federais e senadores fazem suas campanhas políticas com dinheiro doado pelos empresários. Para Vagner, isso é um "atentado à democracia brasileira, uma ditadura às avessas". Segundo ele, as empresas que são os principais financiadores das campanhas políticas são as mesmas que deram suporte ao golpe militar de 64.
"É por isso que realizar esse plebiscito será um grande desafio. Para a CUT, o financiamento público de campanha é a pilastra da reforma política. Mas os conservadores já têm seu discurso pronto, vão dizer que queremos tirar dinheiro da saúde, da educação, para dar aos políticos corruptos. Precisamos mostrar para a sociedade que os políticos eleitos com financiamento de empresários vão representar os empresários e não o trabalhador", explicou.
'Quem paga a banda comanda a música'
Além de Vagner, o professor Júlio Turra, diretor da CUT, também debateu o a importância do plebiscito e da Reforma Política com os participantes da Conferência Nacional dos Bancários. Segundo ele, 80% de todo o financiamento das campanhas políticas vêm dos empresários, que depois cobram dos eleitos o retorno pelo investimento. "Quem paga banda comanda a música. Os candidatos eleitos com dinheiro doado pelo Santander não vão atuar contra os bancos", disse.
Segundo o professor, a CUT já defendia a Constituinte exclusiva da Reforma Política em 2012. "Depois, vieram os protestos de 2013, em que a população gritava que esses políticos não nos representam. As marchas mostraram que o sistema político está separado da população. Dilma percebeu e propôs a Constituinte, mas os conservadores barraram. No entanto, a bola da Dilma ficou quicando e nós pegamos e lançamos o plebiscito em novembro passado. Agora, vamos colocá-lo em prática e lutar para mudar a política e o Brasil", concluiu Júlio Turra.