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23 de Julho de 2014 às 23:34

24/07/2014 - Cerca de 40% dos bancários do DF correm risco de adoecimento


Brasília - “A clínica pode ser utilizada espontaneamente pelo bancário como espaço de escuta no que diz respeito às metas e reorganização do próprio trabalho”, explicou o secretário de Saúde e Condições de Trabalho do Sindicato, Wadson Boaventura

Cerca de 40% dos bancários e bancárias do Distrito Federal estão em risco de adoecimento. É o que revela a pesquisa ‘Riscos Psicossociais do Trabalho Bancário’, divulgada, nesta terça-feira (22), no Teatro dos Bancários. O estudo, realizado entre os meses de novembro de 2013 e abril de 2014, foi fruto de uma parceria entre o Sindicato, o Grupo de Estudos e Pesquisa em Saúde do Trabalhador e o Laboratório de Psicodinâmica e Clínica do Trabalho da Universidade de Brasília (UnB), sob a coordenação da professora doutora Ana Magnólia Mendes.

No total, 1.500 trabalhadores foram entrevistados. O objetivo da pesquisa foi caracterizar a organização do trabalho bancário, assim como a lógica de gestão adotada pelas instituições, seus antecedentes e impactos na relação entre trabalhador-trabalho, além de mapear os riscos psicossociais que podem provocar vivências de sofrimento patológico, conduzindo ao adoecimento.

Os dados mostram que 60% dos bancários já sofreram assédio moral no ambiente de trabalho. Além disso, 70% vivenciam a indignidade e 60% disseram se resignar com a indignidade no ambiente de trabalho. Entre as principais causas para os dados negativos estão a falta de participação nas decisões, os prazos inflexíveis e o excesso de normas.

“Os bancários vivem um dilema entre buscar um reconhecimento, não conseguir atender às normas e ter que apresentar resultado. Trata-se de um fenômeno chamado de mentira organizacional, pois os trabalhadores acabam infringindo as normas para terem resultado”, afirmou a coordenadora da pesquisa Ana Magnólia Mendes.

Dificuldades

Os bancários e bancárias listaram cinco itens que revelam as principais dificuldades vividas pela categoria: gestão, natureza do trabalho, carreira, ambiente de trabalho e danos físicos e psicológicos, sendo as dificuldades de gestão as principais apontadas, sobretudo no que tange à desvalorização. Os gestores do tipo ‘individualistas’ e ‘normativos’ são os que mais incomodam a categoria.

“Os gestores estão despreparados e o modelo de organização do trabalho estimula o bancário a praticar o autoritarismo. Nosso papel é negociar com as empresas condições para uma mudança de postura na gestão, além da criação de cláusulas que estabeleçam novos padrões na relação entre as pessoas, combatendo o individualismo e encaminhando para um processo mais coletivista”, avaliou o presidente do Sindicato, Eduardo Araújo.

Clínicas do trabalho

O relatório da pesquisa recomenda que os dados sejam amplamente debatidos com os trabalhadores. Além disso, sugere o fortalecimento de ações voltadas para o assédio moral e a criação de clínicas do trabalho para prestar apoio às vítimas tanto de assédio quanto de adoecimento.

“A clínica pode ser utilizada espontaneamente pelo bancário como espaço de escuta no que diz respeito às metas e reorganização do próprio trabalho”, explicou o secretário de Saúde e Condições de Trabalho do Sindicato, Wadson Boaventura.

 

Evie Gonçalves
Do Seeb Brasília

 


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