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23 de Março de 2015 às 23:00

24/03/2015 - Para Pochmann, é preciso agir por uma Reforma Política no Brasil


O economista e professor da Unicamp, Marcio Pochmann, que atualmente também exerce a presidência da Fundação Perseu Abramo, esteve em Belém no dia 19 de março para um debate sobre o tema REFORMA POLÍTICA: QUE MUDANÇA PRECISAMOS?

Belém PA - O evento ocorreu no auditório do Complexo Cultural Bancário e foi realizado pelo Sindicato dos Bancários do Pará em parceira com o IPEL (Instituto Popular Eduardo Lauande), CUT Pará, Sindicato dos Urbanitários, Sindicato dos Trabalhadores em Correios e Telégrafos – Sincort, CTB Pará, UFPA, Escola de Trabalho da UFPA, e Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Trabalho e Educação da UFPA – GEPTE.

Cerca de 300 pessoas compareceram ao debate, que contou com a presença de estudantes, militantes de diversos movimentos sociais, parlamentares, professores e servidores de Instituições de Ensino Superior, advogados, economistas, dentre outros. A bancária e ex-governadora do Pará, Ana Julia Carepa, também participou do evento.

“Fico muito feliz pela realização desse evento e em nome do Sindicato agradecemos ao Pochmann por aceitar nosso convite. Nosso recado aqui é para que todos e todas tenhamos coragem e ousadia para lutar pela Reforma Política. Não podemos nos esquivar dessa necessidade, pois precisamos debater com a sociedade sobre a importância dessa reforma para o fortalecimento da democracia em nosso país”, destacou a presidenta do Sindicato dos Bancários, Rosalina Amorim.

O cenário atual

Pochmann avaliou durante o debate que o sistema eleitoral atual impede que haja uma representação social real no Congresso. Isso porque o financiamento privado de campanhas demarca uma forte presença do poder econômico no processo eleitoral, e força os políticos eleitos a não representar nem mesmo seus partidos, mas, sobretudo, seus financiadores de campanhas.

“Hoje, 54% da população brasileira se declara não branca, mas a representação dessa população não branca hoje no Congresso é menor que 10%. Da mesma forma, a grande maioria da população brasileira reside nas cidades, mas a maioria do Congresso representa a bancada ruralista, do agronegócio. Tudo isso é muito estranho e nos mostra o tamanho do poder econômico hoje no sistema político brasileiro”, afirma o economista.

Deformidades no sistema político

Marcio Pochmann afirma que há deformidades no sistema político brasileiro, principalmente no que tange a relação Estado x mercado. Ele observa que as democracias modernas exigem, por exemplo, que o executivo tenha maioria política no legislativo, coisa que não ocorre no Brasil pela forma como se dá o processo de eleição entre cargos majoritários e proporcionais no país, desde a esfera municipal até a federal.

Para Pochmann, esse elemento, aliado ao financiamento privado de campanha, colaboram para uma forte interferência do mercado nas políticas de estado, e para uma descaracterização dos programas de governo, por conta de concessões que ocorrem quando o grupo político que está no executivo tem minoria no legislativo.

Hora de agir

O esgotamento do capitalismo e a forma de atuação da direita brasileira, que permanece em campanha mesmo após a derrota eleitoral e agora utiliza as ruas e os meios de comunicação como tática de enfrentamento, são para Marcio Pochmann os fatores que tem fomentado uma crise para desestabilizar o governo Dilma.

Ele avalia como necessário uma reinvenção da esquerda, capaz de aumentar a correlação de forças para pressionar o Congresso e o Governo a adotar medidas mais populares para combater a atual crise política e econômica no país, como a aprovação do pacote anticorrupção apresentado pela presidenta Dilma que criminaliza o caixa dois de empresas, taxar impostos sobre as grandes fortunas, e ampliar alíquota do Imposto de Renda para se construir um ajuste fiscal que colabore para o aperfeiçoamento das políticas públicas.

“Estamos no ponto ótimo da crise brasileira, onde não adianta só criticar, é necessário agir. Daí a necessidade de uma profunda Reforma Política e a construção de uma alternativa ao modelo capitalista”, afirma Marcio Pochmann.

“Porém, o que nos impede de uma mudança mais profunda em nosso país é o medo, e isso não podemos ter para enfrentar a crise econômica. Precisamos ter ousadia para construir uma alternativa para o Brasil que fortaleça nossa democracia e garanta mais participação popular nos rumos do país”, concluiu o economista.

 

 
Fonte: Bancários PA

 


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