Brasília - Bancários e bancárias, vítimas de assédio moral e adoecimento em função das condições de trabalho, agora dispõem de um espaço de fala e de escuta. Trata-se da Clínica do Trabalho, inaugurada na terça-feira (16), na sede do Sindicato.
Toda terça-feira, a partir da 18h30, serão realizados encontros, com 1h30 de duração por sessão. Cada grupo terá até 12 pessoas, que poderão participar de até 15 encontros.
A Clínica é um espaço coletivo onde os trabalhadores terão a liberdade de expor suas experiências negativas no ambiente de trabalho – injustiças, afastados ou prestes a se afastar e/ou vítimas de assédio moral.
As sessões coletivas, conduzidas por dois clínicos do trabalho, têm o objetivo de, a partir do compartilhamento de vivências das pessoas envolvidas, (re) construir e ressignificar o sofrimento e mobilizar para a ação e o prazer.
O secretário de Saúde e Condições de Trabalho do Sindicato, Wadson Boaventura, explica que a clínica surgiu a partir de pesquisa onde detectou-se que 40% dos bancários estão em risco de adoecimento. “Foi sugerida a criação desse espaço para prestar apoio às vítimas de condições adversas no trabalho que levam ao estresse, sofrimento, e até mesmo afastamento”.
“O trabalho desenvolvido pela clínica não será uma psicoterapia, mas uma intervenção em grupo, que oferece a oportunidade de repensar a vivência no ambiente de trabalho”, esclarece a psicóloga do Sindicato Fernanda Duarte.
Apoio
Uma bancária afastada de suas atividades profissionais há um ano, e integrante do primeiro grupo de trabalho, disse que considera o Sindicato “uma mãe”, uma vez que se sente amparada pela entidade de classe.
“O Sindicato tem sempre me apoiado, neste período de afastamento”, frisou a trabalhadora, acrescentando que este benefício chega em boa hora. “É uma oportunidade poder participar desse trabalho iniciado hoje. A minha expectativa é grande”.
Adoecimento
A pesquisa ‘Riscos Psicossociais do Trabalho Bancário’, divulgada em agosto, revela que cerca de 40% dos bancários e bancários do DF estão em risco de adoecimento. O estudo foi realizado entre os meses de novembro de 2013 e abril de 2014 e é foi fruto de uma parceria entre o Sindicato, o Grupo de Estudos e Pesquisa em Saúde do Trabalhador e o Laboratório de Psicodinâmica e Clínica do Trabalho da UnB, sob a coordenação da professora doutora Ana Magnólia Mendes.
No total, 2.111 trabalhadores foram entrevistados. Os dados mostram que 60% dos bancários já sofreram assédio moral no ambiente de trabalho. Além disso, 70% vivenciam a indignidade e 60% disseram se resignar com a indignidade no ambiente de trabalho. Entre as principais causas para os dados negativos estão a falta de participação nas decisões, os prazos inflexíveis e o excesso de normas.
Cinco itens revelam as principais dificuldades vividas pela categoria: gestão, natureza do trabalho, carreira, ambiente de trabalho e danos físicos e psicológicos, sendo as dificuldades de gestão as principais apontadas, sobretudo no que tange à desvalorização.
Vagas
Ainda há vagas disponíveis para a primeira turma da Clínica do Trabalho. Os interessados devem entrar em contato com a equipe de Psicologia do Sindicato pelo telefone 3262-9009, de segunda a sexta, das 9h às 13h.
Será agendado horário para triagem e esclarecimento acerca da proposta do grupo. Caso haja mais inscritos com demanda que se qualifica para a participação nos grupos de clínica do trabalho, será gerada uma lista de espera com os interessados em fazer parte do grupo seguinte, a iniciar após o fim desse primeiro.
Mariluce Fernandes
Do Seeb Brasília