Brasília - “Temos o direito de ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza; e temos o direito de ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza. Daí a necessidade de uma igualdade que reconheça as diferenças e de uma diferença que não produza, alimente ou reproduza as desigualdades”. Essa reflexão do sociólogo português Boaventura de Souza Santos serve de base para a luta do Coletivo Nacional de Mulheres Bancários, que recentemente divulgou carta reafirmando o compromisso de buscar aumentar a representatividade de gênero em no mínimo 40% na composição da direção da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/CUT).
A reivindicação está baseada em resolução aprovada no último congresso da Contraf/CUT, estando também em conformidade com a campanha da UNI Sindicato Global, da qual a representação brasileira da categoria bancária é signatária. O entendimento é de que a cota é apenas uma medida na busca por equidade, e não um fim em si mesmo.
O Coletivo Nacional das Mulheres da Contraf/CUT lembra que as mulheres são praticamente metade da categoria bancária e parte importante do total de sindicalizados, o que garante sustentação política e financeira para todas as entidades sindicais do país. É dito ainda que “os sindicatos mais representativos são mais democráticos e quanto mais democráticos, mais combativosタン.||
No documento aos dirigentes das entidades sindicais, o Coletivo de Mulheres defende que a política de Igualdade de Oportunidades precisa valer no âmbito da Contraf/CUT, “pois todos ganham com a adoção de novas práticas, sendo bom também para o fortalecimento da democracia”.
Por isso, para efetivar a participação de no mínimo 40% de representação, são propostos os seguintes passos e orientações:
- Promover o máximo de participação de mulheres (liberadas e não liberadas) nos debates e reuniões que vão discutir os rumos da Contraf/CUT, assim como para definir a tiragem das delegações, pois nem todas terão disponibilidade ou condições de estarem no congresso da entidade neste ano.
- Que o 4º Congresso da Contraf/CUT não ocorra na mesma data do 8º Congresso Nacional da Mulher Trabalhadora da CUT, previsto para o período de 26 a 29 de março de 2015. Isto é fundamental para as bancárias participarem ativamente desses dois importantes eventos.
- Pela realização do 4º Encontro Nacional das Mulheres Bancárias, às vésperas do 4º Congresso da Contraf/CUT.
- Que se aplique o mesmo modelo de composição das delegações utilizado no Conecef, ou seja, quando necessário diminuir o número da delegação até o cumprimento da cota mínima de 40% de gênero.
- Que o aumento da participação de mulheres na composição dos espaços de poder da direção da Contraf/CUT ocorra de forma equitativa e qualificativa, sem contrariar o atual estatuto no que se refere ao número de dirigentes.