Brasília - Retomadas na quarta-feira (15) em São Paulo (SP), envolvendo a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/CUT) e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), as negociações da mesa temática de Igualdade de Oportunidades não resultaram em avanços.
O encontro foi agendado para discutir a disponibilização de um plano de cargos e salários e a formação de um grupo de trabalho para a campanha nacional contra o assédio sexual nos bancos. E, na mesma ocasião, também foi abordada a proposta de um novo formato de mesa para o tema igualdade e oportunidades, com a participação de intelectuais e especialistas.
Sobre os cargos e salários, os bancos alegaram não poder disponibilizar os planos porque cada instituição bancária possuiria um diferente. E afirmaram que os trabalhadores já teriam acesso hoje aos planos. Os dirigentes sindicais, no entanto, insistiram na necessidade de apresentação do plano e os bancos mantiveram a negativa.
Diante do pedido de formação de um grupo de trabalho para a campanha sobre assédio sexual, os representantes dos bancos pediram para suspender por um tempo a reunião. Ao retornarem, voltaram a apresentar os mesmos argumentos, de uma reunião anterior, de que precisariam de mais um pouco de tempo para analisar o caso e dar a resposta sobre uma campanha conjunta com o movimento sindical, estabelecendo como prazo indicativo o período de início da campanha salarial. Sobre o novo formato de mesa de igualdade de oportunidades, informaram que, após análise, chegaram à conclusão de que deveria ser mantida a mesma forma atual.
A Contraf/CUT entende que devem ser buscados meios e formas de avançar nas demandas da categoria bancária, para que seja possível continuar diminuindo a desigualdade e a discriminação que existe hoje no sistema financeiro contra os negros e negras, mulheres, deficientes e os grupos LGBT.
A Contraf/CUT também considerou lamentável a decisão dos bancos de recusar o formato de mesa com a participação de especialistas no debate. A entidade avalia que essa medida poderia ajudar a ampliar a reflexão na busca de um caminho para corrigir as distorções apontadas no censo, e a tendência é de que os bancos não estejam buscando corrigir essa situação.
A reunião ainda ressaltou a situação que enfrentam as mulheres e pessoas com deficiência, raramente contempladas nas promoções para os cargos de melhores salários. O censo aponta que somente 3,6% do total de bancários no país são pessoas com deficiência, número ainda inferior ao estipulado por lei.
Racismo
Na reunião com a Contraf/CUT, os representantes da Fenaban mais uma vez negaram sistematicamente a apresentação dos dados brutos do censo sobre a categoria bancária. A alegação é de que subiu o percentual de negros na categoria, já que o primeiro censo indicava índice de 18% e teria ido para 24% no segundo censo. Só que, segundo a Contraf/CUT, a realidade do Mapa da Diversidade indica que os bancários de pele preta são apena 2,3%.
Existe também a situação de as mulheres negras, que apareciam discretamente no primeiro censo, terem sumido no segundo. O que isso mostra? Pelo menos que o movimento sindical bancário terá uma luta árdua pela frente para acabar com essa discriminação no âmbito do sistema financeiro. Foi lembrado aos banqueiros que, segundo o IBGE, em julho de 2014, a população brasileira era de 202,7 milhões de habitantes, das quais 53% é composta de negros.