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20 de Julho de 2015 às 08:14

20/07/2015 - FNDC defende a comunicação na luta pela democracia


Democratizar a comunicação é estratégia para o Estado de Direito

Escrito por: Érica Aragão, Felipe Bianchi e Pedro Rafael Vilela - CUT

Começou nesta sexta-feira (17), em São Paulo, a reunião aberta do conselho deliberativo do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), com um debate sobre conjuntura política: “Democracia em tempos de ajuste: unidade contra o retrocesso e reafirmação dos direitos sociais". O encontro, que reuniu a direção nacional do FNDC, centrais sindicais, jornalistas, dirigentes sindicais e militantes, tem como objetivo debater estratégias para fortalecer a luta por uma comunicação democrática no país. 

Na mesa de abertura, estavam presentes a Coordenadora-Geral do FNDC e Secretária Nacional da Central Única das Comunicações (CUT), Rosane Bertotti; o jornalista Luis Nassif (Jornal GGN); o representante da Central Única das Favelas (CUFA), Preto Zezé das Quadras; e o dirigente nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Paulo Rodrigues.

Rosane Bertotti, que coordenou a mesa, iniciou sua fala destacando a importância de discutir a comunicação no momento de crise econômica, política e social que o país está vivendo. “Não tem como debater comunicação sem falar da conjuntura. A comunicação é estratégica para o avanço da sociedade brasileira e para aprofundar a democracia”, destaca ela.

Nos tempos em que a os trabalhadores correm sérios riscos de perdas de direitos e o país corre sério risco de um golpe institucional, o FNDC defende a comunicação na luta pela democracia.  “Democratizar a comunicação é defender o Estado de direitos e fortalecer a democracia”, afirma a coordenadora do Fórum.

O jornalista Luis Nassif contribuiu com o debate citando exemplos de momentos históricos e da atualidade de como a mídia influencia a política pelo mundo. “A comunicação, que é monopolizada e oligopolizada, disputa um mercado de opinião. Ela passou a ser um agente de formação de opinião vinculado ao mercado político e financeiro”, afirma Nassif. “A imprensa não é um agente neutro, ela tem interesses comerciais e usa seu poder como instrumento de chantagem”, complementa o jornalista. "A mídia, histórica, é contrária aos avanços sociais".

Nassif também cita as mudanças da comunicação com o aparecimento das novas tecnologias, como a internet, por exemplo. “Até pouco tempo só famílias tinham jornais grandes, que só se mantinham devido à influência política. Com a internet, esse modelo ruiu”, explica.

Para o representante da CUFA, Preto Zezé, a comunicação deve ser tema de debate em outras instâncias para "deixarmos de falarmos para nós mesmos". “Há protagonismo nas periferias do país que passam longe de sindicatos e outras entidades da sociedade civil organizada. A pauta do movimento social não pode ser só a campanha salarial”, critica Zezé.

Zezé também destaca a importância da cultura na comunicação. “Quando se faz eventos culturais significa inserir os jovens nestes espaços de convivência para fortalecer relações e que não deixa de ser uma disputa de opinião, porque eles estão falando sobre tudo”, pondera ele.

"Precisamos entender porque a juventude, que são a geração Lula e Dilma, com acesso a bens de consumo, não está integrada nessa agenda de lutas do movimento social”, aponta. "Temos de ocupar os espaços e alcançar as redes das periferias, se não os conservadores e poderosos ocuparão”, finaliza Zezé.

Já João Paulo alerta sobre a importância de discutirmos a unidade de lutas em tempos de turbulência. “A vida real mostra que a organização do trabalho não é mais só na fábrica”, afirma João. Para ele, a esquerda tem que unificar as pautas e listar prioridades para conseguir disputar a narrativa. “Precisamos nos comunicar com a sociedade, com a base, com a periferia”, sugere ele.

João Paulo mencionou que o movimento social e setores políticos costumam avaliar três cenários de ação política. “O primeiro é o neodesenvolvimentismo, que foi a base da última década, mas um modelo que na minha opinião tá em crise. Tem o projeto que a esquerda vem sustentando desde a década de 1970, que é o democrático-popular, mas que perdeu muita força institucional, e há aqueles que defendem o ‘socialismo já’, mas que, sem grande mobilização social, pode cair no idealismo. Se a gente não conseguir encontrar ao menos uma meta-síntese entre essas três estratégias, vai ser difícil sair dessa crise”, finaliza ele.

O encontro, que termina neste sábado (18), vai debater também a organização do Fórum e definir um plano de luta para o próximo período.

 


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