Em menos de 24h*, mais um bancário é mantido em cárcere privado dentro da própria casa. Dessa vez, o crime do sapatinho foi em Belém e a vítima um bancário do Banpará que teve a residência invadida por criminosos na manhã desta quarta-feira (18). Como ele não tinha acesso ao cofre da agência e o carro onde a família dele era sequestrada estava sendo rastreado, os bandidos desistiram do assalto e fugiram com objetos pessoais do bancário. Há cerca de um mês, o mesmo bancário foi vítima de outro assalto e ficou ferido.

Assim que teve conhecimento do caso, o Sindicato foi até a agência bancária que fica no bairro do Telégrafo, em Belém, para fechar a unidade que permaneceu aberta para atendimento ao público após a tentativa de assalto.

“Era visível o abalo emocional dos colegas que tiveram que trabalhar mesmo assim, como se nada tivesse acontecido. Como o Banpará não respeitou o estado dos trabalhadores e também não os liberou, decidimos fechar a agência para que eles pudessem finalmente ir para as suas casas se recuperar. Liberar o trabalhador é o mínimo que o banco poderia fazer nesse caso”, ressalta a diretora do Sindicato e funcionária do banco, Érica Fabíola.

“Apesar de o dinheiro do banco não ter sido levado, o trauma que fica na vida do bancário que passa por uma situação dessas é praticamente insuperável. A insegurança no Pará chegou a tal ponto que já não sabemos mais onde estamos de fato seguros. Nesse primeiro semestre, 10 bancários foram vítimas de sapatinho no Estado; o que corresponde ao mesmo número de sequestros em todo o ano passado. O governo do Pará não tem feito absolutamente nada para que essa realidade mude”, afirma a presidenta do Sindicato dos Bancários, Rosalina Amorim.

Desde o início da gestão do governo Jatene, o Sindicato luta pela retomada do GT de Segurança Bancária, que pelo menos uma vez por mês, reunia a entidade, com representantes de bancos e órgãos de segurança pública para discutirem medidas de prevenção e combate aos assaltos a bancos.

“Mesmo com inúmeros envios de ofício para o governo e para a Secretaria de Segurança Pública, Segup, cobrando a retomada do GT de segurança bancária que foi extinto pelo atual governo e deixou a categoria e a população em geral vulneráveis, mas o atual governo tem sido omisso em relação à segurança bancária em nosso estado”, destaca o diretor do Sindicato e membro do Comitê Nacional de Segurança Bancária, Sandro Mattos.

O Sindicato, através dos documentos enviados à Segup, mostrou para a Secretaria a importância de se manter o GT. Foi através do Grupo de Trabalho que o Sindicato conquistou medidas efetivas para melhorar a segurança bancária no Pará, como a instalação de biombos nas agências, onde o Banpará em 2007, durante o governo Ana Júlia (PT) foi pioneiro nessa ação.

Outra importante conquista no GT foi a implantação de portas giratórias com detectores de metais em todas as agências bancárias do Pará, medida esta que se tornou Lei Estadual e passou a ser obrigatória em 2013. A única exceção é o Bradesco em Marituba, onde o equipamento deve ser instalado até final do ano. A unidade do mesmo banco na avenida Augusto Montenegro, que inaugurou sem porta giratória, já teve o dispositivo colocado depois de várias paralisações e atos realizados pelo Sindicato no local.

Guarda das chaves - “O movimento sindical bancário defende nacionalmente que a posse das chaves das agência não seja de responsabilidade dos bancários e bancárias, e sim de empresas de segurança especializada. Essa medida visa, exatamente, em acabar com o chamado ‘crime do sapatinho’, modalidade que tem sido recorrente aqui no Pará”, afirma Rosalina Amorim.

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Fonte: Bancários PA