Na abertura do 8º Encontro Nacional de Comunicação da CUT dirigentes destacam necessidade de identificar parceiros
Escrito por: Luiz Carvalho
A abertura do 8º Encontro Nacional de Comunicação (Enacom) que a CUT promove entre os dias 19 e 20 de março, no Instituto Cajamar, em São Paulo, apontou para a necessidade de formação e ampliação de redes como estratégia de luta em defesa da democracia.
Secretária de Comunicação da CUT, Rosane Bertotti, apontou o que julga serem os dois principais desafios para as organizações da Central.
O primeiro é mapear os parceiros estratégicos, inclusive comunitários, e a mídia independente. O segundo, investir em formação, tanto para que os dirigentes aprendam a comunicar, quanto para compreender a concepção de comunicação.
Rosane falou ainda sobre as ações imediatas da comunicação da CUT. Uma delas é a campanha Para Expressar a Liberdade, que defende a regulamentação dos meios de comunicação por meio de um projeto de lei de iniciativa popular (PLIP). A proposta ganhou novo fôlego com a nomeação de Ricardo Berzoini para o Ministério das Comunicações, a pasta que trata do tema.
“A nomeação do Berzoini nos anima, porque sempre defendeu nossa luta e estratégia, mas não depende só do pensamento dele para se resolver. Vai depender da conjuntura”, avaliou.
Enfim, regulamentar?
Segundo ela, o ministro propõe grandes eventos para debater a regulamentação, como a 2ª Conferência Nacional de Comunicação, na qual os movimentos sociais devem ser protagonistas, alerta a dirigente.
“Temos que ser um dos atores que coordena esse processo da luta social. E para isso, temos que colocar esse debate na rua.”
Para começar, disse, os movimentos devem ter participação massiva no 2º Encontro Nacional pelo Direito à Comunicação, marcado para começar no dia 10 de abril, em Belo Horizonte, com uma caminhada pela capital minera em defesa da democratização no acesso e distribuição da informação.
Outro objetivo de Berzoini, de acordo com Rosane, é construir o Conselho de Comunicação Social, ainda sem parâmetros definidos.
Ainda sobre a ocupação de espaços, Rosane citou a disputa pelo Marco Civil da Internet, já aprovado pelo governo brasileiro, e por canais públicos de TV, o chamado Canal da Cidadania. “O canal pode ser pedido pelo governador, prefeito ou entidades. Também aqui há a necessidade de construir parcerias e articulação local para garantir que esses canais não sejam gestados pela direita ou igrejas”, comentou.
Dinheiro vira o jogo
Presidente nacional da CUT, Vagner Freitas lembrou que o sindicalismo passa a perder espaço diante dos grandes meios de comunicação com a evolução dos meios digitais. Para ele, na década de 1980 os trabalhadores faziam a diferença com parcos recursos porque usavam o humor para fazer a disputa.
Com a internet, o jogo muda. “Quando tivemos transformação tecnológica, deixou de ser a tirinha, o pasquim, o rádio e eles passaram a dar um banho na gente. O volume financeiro ficou muito maior e a disputa desigual. Temos competência de pessoas e talentos, mas não os recursos financeiros. Ainda assim, neste ano vamos expandir nosso investimento na rede”, disse.
Vagner disse que a organização de classe a partir dos meios eletrônicos ainda é uma dificuldade para o movimento sindical e, da mesma forma que Rosane, encara a formação e a comunicação como pilares da batalha de ideias e valores na sociedade.
O presidente da CUT alerta que três eixos são essenciais para a Central neste momento no país: o fim do financiamento empresarial das campanhas políticas para combater a corrupção, a luta por direitos e contra a direita e a ofensiva pela regulamentação dos meios de comunicação.
“Todo processo de golpe é construído a partir da imprensa. Temos que fazer da rua nosso espaço, a rua é nossa guerra e iremos disputar palmo a palmo, pressionando também o governo para tomar medidas positivas que deem esperança ao povo. A Dilma deve se apresentar como condutora da transformação, porque o povo desinformado e informado pela Rede Globo não vislumbra o fim da crise”, pontuou.