São Paulo - A Campanha Nacional Unificada 2015 dos bancários adotou o mote "Exploração Não Tem Perdão". E motivos não faltam. Sejam bancários, clientes ou a sociedade inteira, explorar é o verbo mais conjugado pelos banqueiros no país inteiro.
Depois de muito analisar - afinal são muitos os "maus caminhos" trilhados pelos bancos - a categoria destacou sete os maiores pecados cometidos pelo setor que caracterizam essa exploração sem limites.
Abaixo, todos eles bem explicadinhos.
Para combatê-los, os bancários precisam ir além de uma "reza braba". Só com muita mobilização, unidade e participação iremos conseguir avançar em temas como emprego, remuneração, saúde e condições de trabalho, segurança, igualdade de oportunidades, dentre outros.
Não é segredo para ninguém que os bancos brasileiros, principalmente os maiores, têm lucratividade astronômica. Para dar uma ideia, somente nos seis primeiros meses deste ano, Banco do Brasil, Itaú, Bradesco e Santander engordaram seus cofres em R$ 32,6 bilhões, montante 30,3% maior do que já haviam lucrado no mesmo período do ano passado. E ainda faltam os balanços da Caixa e do HSBC.
Só com tarifas, por exemplo, arrecadaram juntos R$ 45,2 bilhões neste mesmo primeiro semestre e conseguem quitar, com folgas, toda a folha de pagamento só com a receita advinda dessas taxas.
Apesar disso, têm chegado à mesa de negociações da campanha com o “não” pronto para responder às reivindicações dos trabalhadores.
Os bancários rebatem com forte mobilização: exploração não tem perdão!
É um dos piores males que a classe trabalhadora enfrenta. Os terceirizados ganham em média 27% menos que os bancários, têm menos direitos e jornada semanal até três horas e meia maior, alta rotatividade que desorganiza as categorias, ainda mais adoecimentos e mortos por acidentes.
Os bancos ano a ano veem seus lucros crescer mais e mais. Arrancam essas fortunas da sociedade, por meio de cobranças de tarifas e juros exorbitantes, e da exploração dos trabalhadores. Ou seja, deveriam contratar cada vez mais bancários para dar atendimento correto aos usuários, cujo número não para de crescer, elevar o nível de emprego no país e a qualidade de vida da classe trabalhadora, garantindo a todos os funcionários do setor os direitos previstos na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria. Dinheiro não falta, afinal, só com tarifas conseguem cobrir toda a folha de pagamento e com bastante folga. Mas não: demitem e terceirizam. Exploração que não tem perdão!
A sanha infinita por lucros exorbitantes alimenta um dos principais problemas enfrentados pela categoria: o assédio moral.
O modo de gestão dos bancos pressiona ao extremo os trabalhadores pelo cumprimento de metas cada vez maiores e abusivas.
O resultado: cada vez mais bancários doentes, vítimas de transtornos mentais e de Ler/Dort. Segundo o INSS, a categoria é a que mais se afasta em função de problemas psicológicos.
Além do assédio moral, este ano os bancários denunciam também o aumento de casos de assédio sexual. Segundo a consulta realizada com trabalhadores de todo o Brasil, 12% disseram já ter sido vítimas desse crime.
Os bancários avisam: exploração não tem perdão!
Os bancos adoram dizer para todo mundo que têm agências de primeira linha, como o Estilo, do Banco do Brasil, Personalitè, do Itaú, Van Gogh, do Santander, Prime, do Bradesco, dentre outras, para atender clientes de alta renda.
O que eles não gostam que conte é o péssimo atendimento dado a usuários de baixa renda, frequentemente impedidos de entrar nas agências e forçados a ir ao autoatendimento ou correspondentes bancários.
Ora, os bancos são concessões públicas e, para recebê-las, têm o compromisso de prestar atendimento de qualidade para qualquer pessoa. Não podem ostentar o tapete vermelho para uns e tratar outros como capacho.
Por isso os bancários avisam que exploração dos clientes também não tem perdão!
Não há metas abusivas? Nem assédio moral? E que tal ouvir dos bancos que não podem pagar o que é justo aos seus trabalhadores mesmo apresentando lucros bilionários? Ou que as demissões no setor, que em 2014 somaram mais de 5 mil postos de trabalho extintos, são apenas reestruturação? Assim como os admitidos ganharem 58% menos que os desligados (de janeiro a junho de 2015).
Chamar as conquistas dos trabalhadores – como PLR, auxílio-creche, bolsas de estudo, abono-assiduidade, vale-alimentação, vale-cultura –, de benefícios concedidos pela boa vontade dos próprios bancos também está no rol das inverdades. Todos esses direitos foram garantidos pelos trabalhadores após muita luta, sacrifício e greves que quase sempre acompanham as Campanhas Nacionais.
Chega de mentira! Exploração não tem perdão e os bancários vão deixar isso claro!
O mundo do trabalho está impregnado por discriminações de todos os tipos e no setor financeiro não é diferente. Negros, mulheres, pessoas com deficiência (PCDs), LGBTs encontram dificuldades para progredir na carreira nos bancos, independentemente de mérito e esforço pessoal.
As mulheres, 52,3% da categoria, recebem em média 68% da remuneração dos homens. Os negros representam 24,7% dos trabalhadores dos bancos e raramente estão nas funções de chefia. PCDs são 3,6%, quando a lei determina a proporção de 5%.
Além disso, discriminam clientes, obrigando bancários a fazer barreiras de acesso às agências: só entra quem tem dinheiro. Prestação de serviço, função primordial do setor, fica em último plano.
A categoria repete sem cansar: exploração não tem perdão!
O setor financeiro age de forma irresponsável. Com uma mão demite e sobrecarrega seus trabalhadores e com a outra esfola correntistas e usuários cobrando juros e tarifas exorbitantes. Por exemplo: uma pessoa com uma dívida de R$ 100 no cartão de crédito teria de pagar, após um ano, R$ 434,84. Entretanto, alguém que aplicar R$ 100 na poupança teria, no mesmo período, míseros R$ 108,65.
Lucram muito e prejudicam a sociedade. Entre 2012 e 2014 somente o lucro dos oito principais bancos (BB, Caixa, Itaú, Bradesco, Santander, HSBC, Safra e Citibank) cresceu 18%, indo de R$ 52 bilhões para R$ 62 bilhões. Mas de janeiro de 2012 até junho de 2015, o setor (exceto a Caixa) cortou 22.136 empregos.
Sem falar que se enquadram nas empresas com grave risco de acidente de trabalho ou doença ocupacional. Foram mais de 20 mil bancários afastados somente em 2013. Chega de irresponsabilidade! Exploração não tem perdão!
Fonte: SEEB/São Paulo - Da redação