Relatos apontam para falta de transparência e testes e editais mal feitos, entre outros. CEE/Caixa-Contraf/CUT e entidades reivindicam a criação de um comitê de acompanhamento para discutir melhorias no processo
Brasília - A Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa-Contraf/CUT) está preocupada com o andamento do Processo de Seleção Interna por Competência (PSIC) na Caixa Econômica Federal, que está sendo realizado desde abril deste ano. O motivo são as inúmeras denúncias sobre problemas na aplicação das provas para vagas de assistente e consultor. Por isso, a revisão do PSIC, que era uma necessidade, tornou-se uma demanda urgente.
As maiores reclamações estão relacionadas a situações de conteúdo diferente do solicitado para ser estudado, dificuldades na visualização da prova, questões erradas e mal redigidas, e a não permissão de recursos, revisão ao conteúdo e resultados dos testes. Irregularidades também estão sendo identificadas quanto à completa falta de transparência na realização das provas, que são eletrônicas e podem ser objetos de fraudes na consulta de material de estudo. Há a informação de que alguns candidatos teriam recebido ajuda para responder às questões.
A sistemática atual tem resultado, inclusive, numa quantidade pequena de aprovados. “É inadmissível que a Caixa permita que situações desse tipo venham a prejudicar a lisura, a equidade e a qualidade dos seus processos seletivos internos. Na última reunião da mesa permanente de negociação, em 26 de maio, reivindicamos a retirada da trava de seis meses para garantir que os não aprovados que se sentirem prejudicados possam se inscrever em novo processo”, afirma a coordenadora da CEE/Caixa-Contraf/CUT, Fabiana Matheus.
O banco informou que não há uma trava para o empregado participar novamente do PSIC, mas explicou que o modelo atual prevê a realização de apenas uma prova de conhecimento por semestre. Sobre o processo em andamento desde abril, a Caixa disse que não identificou situações de descontentamento geral, e ainda que o não fornecimento de espelho das avaliações e a não interposição de recursos são práticas de mercado que garantem a aplicação dos certames com grande frequência na empresa.
Para Fabiana Matheus, saber o que acertou e errou é um direito de quem participa do PSIC. Ela orienta que os empregados que se sentirem prejudicados registrem a insatisfação nos canais oficiais da Caixa. “Só assim a empresa terá a real noção das denúncias que partiram de várias partes do país. Os aprovados no PSIC para formar banco de habilitados têm todo o nosso respeito e reconhecimento, mas é preciso garantir melhorias nesse processo”, ressalta.
Empregados querem discutir PSIC
Para a CEE/Caixa-Contraf/CUT e as entidades representativas, é fundamental que a Caixa volte a discutir o PSIC com a categoria. “Uma das conquistas da campanha salarial de 2013 foi a criação de uma comissão paritária para avaliar e sugerir melhorias no processo, que realizou a primeira reunião em dezembro daquele ano. Após três encontros, os trabalhos foram encerrados, porque não houve empenho do banco para atender às reivindicações dos empregados”, lembra Jair Pedro Ferreira, presidente da Fenae, que integrou a comissão.
Uma das resoluções do 31º Congresso Nacional dos Empregados da Caixa (Conecef), realizado em São Paulo (SP) entre os dias 12 e 14 de junho, foi a de criação de comitê de acompanhamento dos PSIC e do banco de habilitados, oportunidades e sucessores, com a participação dos trabalhadores e um membro da Gipes. Fabiana Matheus finaliza: “essa demanda não pode mais ser postergada, pois tem relação direta com a melhoria das condições de trabalho. Todos devem ter oportunidades iguais de ascensão profissional”.