Apesar do excelente resultado, banco se recusa a negociar qualquer aporte extraordinário à Caixa de Assistência dos Funcionários
São Paulo – Diante do resultado excepcional do Banco do Brasil no primeiro trimestre deste ano, os representantes dos funcionários intensificam a cobrança para que a instituição financeira invista na saúde dos trabalhadores e realize aportes extraordinários na Cassi (Caixa de Assistência dos Funcionários do BB).
O balanço, divulgado na quinta-feira 14, aponta um lucro líquido de R$ 5,8 bilhões, crescimento de 117,3% em relação a março de 2014. É importante destacar que o montante deve-se à associação entre a BB Elo Cartões e a Cielo na criação de nova empresa, a Cateno Gestão de Contas de Pagamento. O lucro líquido ajustado, que exclui itens extraordinários, atingiu R$ 3,2 bi, crescimento de 24% em relação ao primeiro trimestre do ano anterior.
“A operação com a Cielo teve impacto de R$ 3,212 bilhões no lucro líquido, e o banco poderia muito bem aproveitar esse recurso extraordinário para realizar uma contribuição também extraordinária na Cassi. Nós estamos reivindicando um aporte de R$ 300 milhões este ano, o que representa apenas 5% dos R$ 5,8 bi de lucro”, compara Silvia Muto, diretora do Sindicato, integrante do Conselho de Usuários da Cassi.
Sindicalistas e a direção do BB reuniram-se em Brasília na terça-feira 12 para discutir a Cassi. Apesar de alguns avanços, os representantes do banco disseram que não iriam negociar aportes.
Novo modelo – Silvia explica que esse aporte não seria apenas para solucionar o problema financeiro da Cassi, que fechou 2014 com déficit de R$ 108 milhões, mas também para investir na melhoria da operadora, com mudanças estruturais do modelo de assistência à saúde. “Nós defendemos um modelo que não seja preponderantemente curativo, como é hoje, mas que foque na prevenção. Isso só é possível com um sistema integral, que melhore tanto a parte administrativa quanto a médica.”
A proposta do movimento sindical, segundo Silvia, prevê a implantação de dois pilares básicos: o programa de excelência no relacionamento e o sistema integrado de saúde. “E para um atendimento integral à saúde é preciso valorizar a Estratégia de Saúde da Família (ESF) e a melhoria das CliniCassi, que são essenciais para o sucesso da ESF”, destaca a dirigente, acrescentando que o modelo de prevenção representa muito menos custos do que o curativo.
Silvia lembra que a saúde é questão central na valorização do trabalhador e na melhoria das condições de trabalho. “Grande parte do lucro do BB irá para os bolsos dos acionistas. Nada mais justo que uma parte seja investida na saúde de seus funcionários. O BB não divulga em campanha interna que ‘o bom do banco’ são os empregados? Então essa seria uma ótima oportunidade de demonstrar isso na prática.”
Fonte: Andréa Ponte Souza - SEEB/São Paulo