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17 de Outubro de 2013 às 09:20

17/10/2013 - FHC atendeu interesses de outras nações, afirma Palmério Dória no Seeb/Brasília


15102013-lançamento-Livro-Palmerio-Guina-Ferraz-web(Brasília) - Em formato de grande reportagem, o livro O Príncipe da Privataria – A história secreta de como o Brasil perdeu seu patrimônio e Fernando Henrique Cardoso ganhou sua reeleição mostra as contradições e as polêmicas dos oito anos de gestão do então presidente do Brasil. Durante o lançamento da obra na sede do Sindicato dos Bancários de Brasília, na noite desta terça-feira (15), o autor Palmério Dório afirmou que FHC atendeu interesses de outras nações. Ele também questionou: por que FHC não está preso?

Logo após a pergunta, o autor, que também é jornalista, enumerou uma série de fatos que marcaram os dois mandatos de FHC. Palmério citou as privatizações da Companhia Vale do Rio Doce, vendida como se fosse uma fábrica de botes, em suas palavras, e de outras estatais que foram praticamente entregues ao capital estrangeiro. “Ele (FHC) precisava comprar os partidos. Por isso, encabeçou as privatizações. À época que o escândalo estourou apenas cinco deputados foram citados. No entanto, estima-se que a compra de votos tenha beneficiado mais de 150 parlamentares”, afirmou o autor, que concluiu o livro após mais de duas décadas de apuração jornalística.

Segundo a publicação, cada deputado envolvido no esquema teria vendido seu voto por aproximadamente R$ 200 mil – o equivalente a R$ 530 mil hoje – para votar a favor da emenda da reeleição.

“O que não dá para acreditar é FHC, que encabeçou as privatizações, pedir a prisão dos mensaleiros”, criticou Palmério, ao lembrar que a reeleição do então presidente tucano teria custado em torno de R$ 150 milhões. “Além disso, somente os três apagões durante a gestão de FHC teriam causado um prejuízo de R$ 45 bilhões”.

Em entrevista ao Informativo Bancário, Palmério Dório afirmou: “existe uma rede de proteção entre os empresários da grande mídia para que ele (FHC) seja um intocável. Figuras como o João Pedro Stédile (ativista social) diz que, por exemplo, a reeleição criou o mensalão. Ora, o mensalão perto da escala de roubo galática dos tucanos é titica, é coisa insignificante. Já o cientista Miguel Nicolelis calcula que as privatizações tenham gerado um prejuízo da ordem de R$ 500 bilhões. Diga-me se ele não merecia está na cadeia?”, questiona o autor.

Bancários

Secretário de Assuntos Jurídicos do Sindicato, Wescly Queiroz, que também é bancário do Banco do Brasil, relatou que os milhares de bancários foram vítimas da política de privatizações do governo de FHC. “Durante os dois mandatos do governo do PSDB havia resistência para manter empregos. Sem reposição da inflação, a principal reivindicação era manter os bancos públicos. À época, colegas do BB se suicidaram, diante das constantes ameaças do governo neoliberal. Apesar de não estar no banco nessa época, conheço de perto as grandes dificuldades enfrentadas pelos bancários e outros trabalhadores durante os dois governos de FHC”. Wescly Queiroz compôs a mesa de debates do livro ‘O Príncipe da Privataria’.

Também integrante da mesa, Leandro Fortes, jornalista da revista Carta Capital e membro do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, disse que o patrimônio do povo brasileiro foi vendido ‘a preço de banana’. “É preciso dizer isso com coragem, sem vergonhas. À época, FHC atendeu aos interesses de outras nações”, salientou.

Durante o debate sobre ‘O Príncipe da Privataria’, o autor adiantou que o seu próximo livro vai abordar os anos de chumbo da ditadura militar (1964-1985).

Auto-ajuda

Com 400 páginas, dividido em 36 capítulos, ‘O Príncipe da Privataria’ é definido pelo próprio autor como um livro de auto-ajuda. “Não é um livro de documentos. É um livro de história que mostra em detalhes tudo o que aconteceu de 1994 a 2002”, observou o jornalista, que já foi chefe de reportagem na TV Globo e nos jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo.                         

Publicado pela Geração Editorial, a obra ainda traz revelações do "Senhor X" - fonte misteriosa que gravou deputados confessando a venda de votos para a reeleição de FHC.

Para se encontrarem, o "Senhor X", Palmério e o coautor da obra, Mylton Severiano, viajaram mais de 3.500 km, até Rio Branco, no Acre, para entrevistar o homem que desvendou trechos escusos da democracia brasileira.

Palmério também escreveu a obra "Honoráveis Bandidos" (2009), cujo enredo revela a história secreta do aparecimento e enriquecimento da família Sarney.

Antes e depois do debate sobre as privatizações durante o governo de FHC, Palmério Dório autografou exemplares do livro ‘O Príncipe da Privataria’ no foyer do Teatro dos Bancários.

Rodrigo Couto
Do Seeb Brasília


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