Brasília - A Caixa está realizando desde abril deste ano um processo para constituição de bancos de habilitados para os cargos de assistente e consultor. As provas desse processo têm sido duramente criticadas pelos empregados. Todos os dias o Sindicato tem recebido diversas reclamações dos trabalhadores sobre o nível elevado, as falhas na aplicação das provas e a falta de transparência na divulgação dos resultados.
A sistemática atual do banco de habilitados tem resultado numa quantidade pequena de aprovados, já que cada candidato tem que conseguir pontuação mínima de 70 pontos de um total de 100 para compor o banco. Além disso, o processo apresenta uma série de irregularidades que têm despertado grande descontentamento entre os empregados e colocado em xeque todo o processo.
O problema não está na realização de prova, que inclusive é uma reivindicação antiga da categoria e sim, na forma como esse processo é realizado.
O Sindicato destaca que fornecimento de prova e gabarito é o mínimo que se espera de transparência de um certame. Quem fez a prova, além da nota, quer saber o que acertou e errou. Negar esse direito é desrespeitoso com quem estudou e se dispôs a fazer a avaliação. Todas as grandes bancas de concurso deste país possibilitam aos candidatos a prova, o gabarito e a possibilidade de contestar o resultado através de recursos e revisões.
A Caixa utiliza um processo de ascensão profissional em que é notória a dependência financeira dos empregados em relação às funções gratificadas. Dificultar ao empregado a possibilidade de adquirir uma função é condicioná-lo a um salário rebaixado.
Contrastando com o nível elevado de conhecimento em que é cobrado nas provas, foram feitas denúncias acusando a existência de questões mal elaboradas, confusas, com mais de uma resposta possível, ou, em outros casos, sem uma opção correta dentre os itens listados.
As regras acima não oferecem a todos os candidatos as mesmas condições. Todos já ouviram falar de fraude em concursos. Em 04/06/2013, o jornal Correio Brasiliense informou que o Ministério Público Federal estava investigando, em todo Brasil, 1.789 denúncias relacionadas a fraudes em concursos públicos. Só no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de sua criação até hoje várias denúncias de fraudes foram feitas e quadrilhas foram presas. Se com todo o aparato de segurança existente nos grandes concursos públicos fraudes acontecem, o que dizer de um concurso em que o candidato faz a prova em sua estação de trabalho, durante o expediente, sob a supervisão de seu gestor imediato, que continua tendo várias outras atividades para serem executadas durante a realização da prova.
"O Sindicato não entra no mérito de possíveis condutas antiéticas por parte do candidato ou do supervisor no momento da realização da prova, mas é evidente que as possibilidades fraude comprometem o certame. Apesar de a necessidade de um empregado com função liberar o acesso à prova, nada garante que esse empregado supervisionará o candidato durante toda a avaliação. Não há garantia de fiscalização quanto a consultas indevidas ou se o candidato receberá ajuda externa", afirma o secretário de Formação do Sindicato e empregado da Caixa, Antonio Abdan. "A Caixa deveria se espelhar em outros processos semelhantes feitos em outras empresas como o realizado no Banco do Brasil. Em um processo de certificação semelhante, é contratado o Cespe/UnB para condução do processo. Lá a prova é realizada em ambiente fechado e devidamente fiscalizado", continua.