Brasília - As discussões da VII Conferência de Saúde da Cassi-DF, nesta quarta-feira (13), no Sindicato dos Bancários de Brasília, destacaram a importância da continuidade do modelo de autogestão e avaliaram o atual sistema de saúde brasileiro durante os dois painéis ministrados pelo doutor em saúde pública pela Ensp-Fiocruz e professor de Saúde Coletiva da Universidade Federal Fluminense (UFF), Aluísio Gomes da Silva.
Na exposição do painel "Os atores do sistema de saúde e a sustentabilidade", o professor debateu sobre a fronteira entre o mercado comercial de saúde e os planos de autogestão, como a Cassi. "Eu tenho conhecimento de empresas que passaram a ser de mercado e aumentaram a contribuição em 80%. Será que isso é bom?", indaga Aluísio Gomes. “Posso estar decepcionando alguns, mas os modelos de planos de saúde do mercado não se mostram viáveis”, completa.
Modelo mutualista e fatores tensão na saúde
Dando continuidade aos debates, o professor de Saúde Coletiva da UFF destacou durante o painel "Princípios do sistema de saúde Cassi: solidariedade, associativismo e gestão" que o modelo mutualista de saúde é uma questão de relevância para a saúde coletiva no país.
O professor afirmou que outras experiências mundiais de eficiência na área no tratamento de saúde foram resolvidas de maneira eficiente observando e atuando de forma coletiva, pois o modelo individualista não prioriza melhorias para a saúde de todos e soluções que perduram no tempo.
Aluísio também trouxe para o debate questões referentes a interferências externas na saúde brasileira. A mídia é um fator que intervém no sistema de saúde, por exemplo, já que é uma espécie de reguladora e incentivadora de doenças, remédios e tratamentos na medida em que veículos de comunicação apoiam alguns “produtos” da indústria farmacêutica. Assim, mostra ao público se ele precisa de determinado tratamento ou remédio.
Outras dificuldades destacadas pelo professor no tratamento da saúde atualmente são a incorporação excessiva da tecnologia no tratamento médico e a “criação” de doenças dentro do ambiente médico.
“Observamos que 75% das mudanças de tratamentos e medicamentos são apenas o mesmo produto reformulado para movimentar a indústria farmacêutica. Isso não tem ligação com a saúde e ainda gera o que chamamos de inflação médica", afirma.
Prevenção e acompanhamento contínuo são o caminho
O painel "Desafios do sistema: vida saudável 1 - uma percepção dos funcionários do BB" deixou claro que a Cassi sustentável é possível com a manutenção do modelo de autogestão e com atenção à saúde de maneira preventiva. A exposição foi feita pelo vice-presidente de Relações Institucionais da Associação Nacional dos Funcionários do BB (Anabb), Fernando Amaral.
“O desafio não é apenas da Cassi, mas o sistema de saúde em que estamos inseridos. Nós apoiamos a atenção integral à saúde do usuário. Essa premissa faz parte de um trabalho voltado para a prevenção, que é melhor para a saúde. A cura de uma doença já instalada é uma situação mais complicada”, afirma Amaral.
A Anabb e a Cassi também verificaram em estudo que a evolução do custo de saúde é 38% maior para os que não tiveram o acompanhamento pelo modelo de atenção integral à saúde.
“Não podemos deixar que o banco nos divida e traga alguma sugestão de excluir grupos de funcionários. Nosso objetivo solidário é que continuemos com a visão de que todos os usuários são importantes e devem continuar com o mutualismo, sem separação de categoria entre ativos e aposentados”, ressalta o vice-presidente de Relações Institucionais da Anabb.
Thaís Rohrer
Do Seeb Brasília