A líder da bancada do PCdoB na Câmara, Jandira Feghali, ingressou no STF com ação penal por ameaça contra o deputado Alberto Fraga, do DEM. ‘O ódio da oposição vai ganhando proporções inaceitáveis’
por Sarah Fernandes, da RBA
São Paulo – A líder da bancada do PCdoB na Câmara dos Deputados, Jandira Feghali (RJ), ingressou hoje (14) com ação penal por ameaça contra o deputado Alberto Fraga (DEM-DF) no Supremo Tribunal Federal (STF), além de duas representações no Conselho de Ética da Câmara, que atingem também o deputado Roberto Freire (PPS-SP). No último dia 6, durante sessão plenária, Fraga disse a ela que “a mulher que participa da política como homem e fala como homem, também tem que apanhar como homem”.
“Ninguém pode sair impune por ser um parlamentar, proferir ameaças fascistas e sair ileso. Hoje foi comigo, ontem foi com a deputada Maria do Rosário (PT-RS) e amanhã poderá ser com qualquer outra parlamentar”, disse Jandira. Em dezembro do ano passado, o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) disse em discurso no plenário da Câmara, que não estupraria a petista "porque ela não merece".
“A expectativa é que a Justiça conceda razão ao nosso processo e que a situação não passe impune, visto que o país inteiro repudiou a agressão pública no plenário. Cabe agora ao Supremo decidir como punir o parlamentar de acordo com a lei”, disse Jandira. Em seis mandatos federais e 30 anos de vida pública jamais passei por situação semelhante ou presenciei tal coisa. O ódio da oposição vai ganhando proporções inaceitáveis no debate republicano, superando o debate de ideias e agredindo publicamente.”
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A confusão envolvendo Jandira Feghali e Alberto Fraga ocorreu durante sessão para apreciar as Medidas Provisórias (MPs) 664 e 665, referentes a mudanças nas regras de benefícios trabalhistas e previdenciários. A deputada tentou apaziguar uma discussão entre Orlando Silva (PCdoB-SP) e Roberto Freire. Jandira reclamou que Freire a empurrou com força e disse que iria entrar com uma reclamação no Conselho de Ética contra ele. Em seguida, Fraga pegou o microfone e disse para a líder que “a mulher que participa da política como homem e fala como homem, também tem que apanhar como homem”.
A declaração provocou revolta no plenário. Na ocasião, Freire pediu desculpas e disse que foi mal interpretado. “Em 40 anos de vida parlamentar jamais cometi qualquer atitude de agressão”, afirmou. O caso foi registrado em imagem e áudio e o material foi anexado ao processo. A violência contra Jandira no plenário foi repudiada por movimentos sociais, entidades da sociedade civil, centrais sindicais, partidos e lideranças políticas, ministros e pela própria presidenta da República, Dilma Rousseff.