Brasília - Com o tema “Sustentabilidade da Cassi”, foi realizada no Teatro dos Bancários, na sede do Sindicato dos Bancários de Brasília (EQS 314/315 Sul), nesta quarta-feira (13), a VII Conferência Estadual de Saúde da Cassi-DF. O evento foi transmitido ao vivo pelo portal do Sindicato.
O diretor de Saúde e Rede de Atendimento da Cassi, William Mendes, um dos participantes da mesa de abertura, defendeu veementemente o princípio da solidariedade e ressaltou a sustentabilidade da Cassi, baseada no sistema integrado de saúde. “A Cassi tem como regra basilar o princípio da solidariedade. Não abrimos mão disso,” destacou.
O diretor traçou um panorama do setor de saúde, com recortes sobre as estratégicas para a Cassi, que, segundo ele, apresenta déficit há mais de 10 anos. “A situação deficitária é um problema crônico, que consome reservas desde 1999. Não basta, portanto, cobrar aumento da contribuição do associado, pois o problema vai voltar. Nossa proposta é aprofundar o modelo do sistema saúde Cassi. É importante, ainda, fortalecer o pertencimento dos associados e propiciar o uso mais racional dos serviços por parte dos 721 mil associados.”
Com relação a atuação da Agência Nacional de Saúde, Willian disse que a ANS deveria tratar a autogestão do plano de forma diferente da que trata os planos de saúde do mercado. “Por não escolher seu público, as autogestões têm uma sinistralidade muito maior que os planos. Temos que batalhar para resolver esta questão, pois a Cassi é uma entidade que não visa lucro, mas a promoção, prevençᆪo, recuperação e manutenção da saúde dos trabalhadores.”
A superintendente Estadual do Banco do Brasil, Marília Prado, que também compôs a mesa de abertura, reforçou o compromisso do banco com o diálogo e o debate. “Devemos exercer o poder de opinar para fortalecer a Cassi. Nosso maior bem é a saúde e precisamos cuidar disso”, afirmou.
Sandro Serez, gerente da Cassi-DF, propôs uma reflexão sobre o significado da Cassi, que surgiu nos anos 40. “A Cassi existe com o objetivo de juntar recursos para usá-los quando fosse preciso, quando acontece o imprevisível. E o imprevisível é a questão mais presente quando se discute saúde”, ponderou.
Novos modelos para a saúde
Para o economista do Ipea Carlos Octávio Ocké-Reis, autor do livro “SUS: o desafio de ser único”, saúde não rima com lucro. Pensando no modelo brasileiro de proteção social, ele propôs estudar novas formas de organização assistenciais no setor de saúde no Brasil.
O economista propõe, então, fortalecer o SUS e regular o mercado de planos de saúde, tendo em mente o interesse público do sistema de saúde brasileiro. “Para o modelo da Cassi, é interessante fortalecer o SUS. Um mercado de plano de saúde forte, extremamente subsidiado, tem como característica central a baixa produtividade do trabalho, com custos crescentes e preços inacessíveis. Esse mercado é ‘crísico’, excludente e radicaliza a seleção de riscos.”
No entendimento de Ocké-Reis, é preciso regulamentar o preço, cobertura e qualidade dos planos coletivos em uma perspectiva mutualista (seguro social), fortalecer a ANS para superar a “autorregulação” econômico-financeira dos planos de saúde, trabalhar com a renúncia de arrecadação fiscal em prol do financiamento público do SUS e planejar a incorporação de tecnologia tendo como base a integralidade e as necessidades da saúde pública.
Ao final dos debates realizados na parte da manhã, o diretor do Sindicato Rafael Zanon passou alguns informes relativos à mesa de negociação inaugural, realizada na terça-feira (12), entre o BB e várias entidades representativas de funcionários da ativa e aposentados.
“Conseguimos iniciar as negociações, mas o banco ainda não apresentou nenhuma proposta. A nossa proposta continua sendo aquela apresentada pelos eleitos da Cassi, a manutenção do princípio da solidariedade, a busca por soluções que não onerem e que não retirem direitos dos trabalhadores tanto da ativa quanto dos aposentados”, assegurou.
Zanon conclamou os funcionários a ficarem atentos sobre as novas negociações e que toda mudança só será concretizada após consulta ao corpo social.
A próxima reunião da mesa de negociações está marcada para acontecer no dia 19 de maio, em Brasília.