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12 de Junho de 2015 às 23:00

13/07/2015 - Dirigentes relatam péssimas condições dos bancos nos EUA


Crédito: Jailton Garcia / Contraf-CUT
Mais de 300 delegados e delegadas participam do 26º Congresso do BB 

"Os norte-americanos representam um terço dos trabalhadores do sistema financeiro no mundo, mas não conseguem se manter somente com o salário e precisam de ajuda do governo para sobreviver, uma espécie de bolsa-família". É com este paradoxo que o secretário de Relações Internacionais da Contraf-CUT, Mario Raia, iniciou a discussão do painel "A Organização dos Bancários dos Estados Unidos da América", no 26º Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil, que teve início nesta sexta-feira (12) e vai até domingo (14), no Holiday Inn, em São Paulo.

Desde 2011, dirigentes sindicais do Banco do Brasil participam do Projeto de Organização dos Bancários dos Estados Unidos. O programa faz parte da aliança entre a Contraf-CUT, o Sindicato dos Bancários de São Paulo e a CWA (Comunicator Workers of America), o sindicato norte-americano de trabalhadores em comunicação, firmada em dezembro de 2012 para cooperar no fortalecimento da ação sindical no país.

Neste ano, os funcionário do BB, João Fukanaga, do Sindicato dos Bancários de São Paulo, e Luciana Bagno, do Sindicato de Belo Horizonte , viajaram para conversar com os trabalhadores das agências do Banco do Brasil nos Estados Unidos e foram convidados para relatarem suas experiências no Congresso deste final de semana.

Assédio Moral 

Além de agências bancárias, o Banco do Brasil mantém unidades de Service Center nos EUA, com função parecida ao Centro de Suporte Operacional, que existe no Brasil. Mas as péssimas condições de trabalho e as práticas antissindicais superam os problemas existentes nas sedes brasileiras

"A falta de legislação trabalhista nacional prejudica a organização dos trabalhadores. As leis são locais e as empresas barram a ação sindical. No Service Center, o assédio moral é muito forte. O gerente imediato pode contratar e demitir como pretender", explicou João Fukanaga.

Sem Direitos 

Durante o Congresso, Luciana Bagno, apresentou gráficos que destacam a diferença de direitos conquistados pelos funcionários brasileiros em relação aos norte-americanos. Um dos painéis evidencia que nos EUA os funcionários não são concursados e sim contratados. Não há estabilidade no emprego, não recebem vale-alimentação, nem refeição ou vale- transporte. São apenas 15 dias de férias, não há 13º e os reajustes de salários são individualizados.

"Isso acaba gerando uma disputa entre os próprios funcionários, que escondem a remuneração que recebem", disse Luciana.

A dirigente sindical também relatou a dificuldade, durante a viagem, em conversar com os trabalhadores. Reflexo das práticas antissindicais das empresas norte-americanas.

"Para visitar os funcionários tínhamos que encontrá-los na rua, do lado de forma do banco. Pareceria que estávamos vendendo drogas. Participei de uma manifestação, que tive que ficar num canteirinho, não podia sair dele".

Cooperação

Dentro do Projeto de Organização dos Bancários dos Estados Unidos, os dirigentes brasileiros também têm cooperado na formação sindical e de grupos sociais, com problemas gerados pela atuação dos bancos.

"Trabalhamos com pessoas que estão perdendo suas casas para os bancos. Estudantes com dificuldades de pagar o financiamento estudantil, municípios que devem, praticamente todo o orçamento para os bancos, e os próprios trabalhadores, que fazem um trabalho em conjunto com os demais grupos", explicou Mário Raia.

O secretário de Relações Internacionais da Contraf-CUT também destacou que o Banco do Brasil é peça fundamental no projeto e que desde 2011, um acordo marco, assinado com o banco, garante a livre organização do trabalho e a sindicalização. Diretos fundamentais.

Globalização de direitos 

Wagner Nascimento, coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB, encerrou o painel falando sobre globalização de diretos. E defendeu: " Se os bancos definem seus planos financeiros em escala global, também devem atuar dessa forma na melhoria das condições de trabalho e na ampliação de direitos de seus funcionários". 

Fonte: Rede de Comunicação dos Bancários

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