Brasília - Entidades que compõem o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) realizam mobilizações e atos públicos em pelo menos três capitais esta semana: Rio de Janeiro, Brasília e Recife. As ações marcam os cincos anos de realização da I Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) e servirão para cobrar a implementação das mais de 600 resoluções aprovadas no evento e que até hoje não saíram do papel; além de coletar assinaturas para o Projeto de Iniciativa Popular da Mídia Democrática.
Ao contrário de países que apresentam mais democracia nas comunicações como Estados Unidos, França, Reino Unido, Alemanha, Canadá, Espanha e Argentina, o Brasil pode ser caracterizado hoje por uma brutal concentração dos meios de comunicação, tanto na radiodifusão quanto nos veículos impressos. Até mesmo a internet, que multiplicou o número de vozes no espaço público midiático, ainda tem forte presença dos mesmos conglomerados, reforçando a concentração econômica do setor.
Em novembro, a Coordenação Executiva do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação – FNDC lançou nota pública cobrando do governo federal e do Congresso Nacional mudanças no setor, a partir da discussão e aprovação de um novo marco regulatório. A legislação que rege os serviços de rádio e TV no Brasil é de 1962 e vários artigos da Constituição de 1988 até hoje não foram regulamentados, inclusive aqueles que impedem a prática de oligopólios e monopólios (art. 220).
“Ao mesmo tempo, carecemos de mecanismos transparentes e democráticos para a concessão de outorgas de radiodifusão e não há no país uma política que garanta a complementaridade entre os sistemas público, privado e estatal de comunicação, como previsto na Constituição Federal. A ausência de um campo público de comunicação robusto aumenta o poder de mercado do setor privado/comercial, enquanto canais comunitários seguem à margem do sistema midiático”, aponta um trecho da nota.
O FNDC trabalha, atualmente, em torno do Projeto de Lei da Mídia Democrática, que garante dispositivos de fomento à produção regional e independente no rádio e televisão, cria mecanismos de combate à concentração econômica dos meios, impede o controle de emissoras por políticos, amplia espaço para emissoras comunitárias e públicas com participação social, independência editorial e autonomia financeira. A proposta resgata boa parte das discussᄉes da Confecom.
Atos em Brasília
Em Brasília, serão realizados dois atos públicos nesta terça (9/12), em frente à Empresa Brasil de Comunicação (EBC), a partir das 10h30, e na Câmara dos Deputados, às 14h. Na quarta (10/12), os ativistas participarão da posse do Conselho Nacional dos Direitos Humanos, no Palácio do Planalto, às 15h. Na quinta (11/12), participarão do Seminário sobre Classificação Indicativa, no Ministério da Justiça, às 14h. Durante o seminário serão apresentadas pesquisas sobre o tema, além do lançamento de uma nota pública por dezenas de organizações contra o deferimento da ADI 2404, que pede o fim da vinculação horária da classificação indicativa e é defendido pelos empresários da radiodifusão.
Confecom
A Confecom foi realizada de 14 a 17 de dezembro de 2009, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães (Brasília-DF), convocada pelo Governo Federal, coordenada pelo Ministério das Comunicações, e contou com a participação de 8,5 mil pessoas, entre representantes do poder público, da sociedade civil, representada por movimentos sociais, Ongs, sindicatos, associações, entre outros, e da sociedade civil empresarial.
O principal objetivo da Conferência, cujo tema central foi “Comunicação: meios para a construção de direitos e de cidadania na era digital”, foi a elaboração de propostas orientadoras para a formulação da Política Nacional de Comunicação. A participação social foi garantida em todas as suas etapas. No final, foram aprovadas 633 resoluções, algumas das quais compõem o Projeto de Lei de Iniciativa Popular da Mídia Democrática, lançado em 2013 por um conjunto de organizações reunidas em torno do FNDC.
Serviço
Brasília-DF
Terça-feira (9/12)
– Ato de paralisação dos trabalhadores/as da EBC: debate com os trabalhadores sobre os cinco anos da Confecom, as propostas para o campo público (Fórum Brasil de Comunicação Pública) e o Projeto de Lei da Mídia Democrática (apresentação e coleta de assinaturas).
Local: sede da EBC (escadarias ala norte), Ed. Venâncio 2000, Setor Comercial Sul. Hora: 10h30.
– Ato na Câmara dos Deputados para cobrar o marco regulatório das comunicações
Local: Anexo 2 da Câmara dos Deputados.
Hora: 14h.
Quarta-feira (10/12)
– Participação na posse do Conselho Nacional dos Direitos Humanos
Local: Palácio do Planalto.
Hora: 15h.
Quinta-feira (11/12)
– Seminário sobre Classificação Indicativa. O objetivo é manifestar apoio à agenda apresentada durante o evento e dar visibilidade à luta pela democratização das comunicações.
Local: Ministério da Justiça.
Hora: 14h.
Fonte: CUT Brasília