Brasília - Com objetivo de buscar soluções e prevenção para o adoecimento dos bancários, o Sindicato mostrou os resultados da pesquisa 'Riscos Psicossociais do Trabalho Bancário' para a Divisão de Bem-Estar no Trabalho (Dibem) do Banco do Brasil, na segunda-feira (8), no CCBB. Um dos dados alarmantes mostra que cerca de 40% dos bancários e bancárias do Distrito Federal estão em risco de adoecimento.
O estudo foi feito em parceria entre o Sindicato, o Grupo de Estudos e Pesquisa em Saúde do Trabalhador e o Laboratório de Psicodinâmica e Clínica do Trabalho da Universidade de Brasília (UnB), sob a coordenação da professora doutora Ana Magnólia Mendes.
“Decidimos fazer a discussão científica para mostrar a situação a que os bancários estão expostos atualmente. Acho que o tripé entre empresa, academia e Sindicato é um espaço importante para diálogo e busca de soluções. Abrimos mão dos direitos autorais da pesquisa para divulgar as informações ao máximo e esperamos que o BB, assim como outras empresas, utilize os dados para melhorar as condições de trabalho”, destaca o secretário de Saúde e Condições de Trabalho do Sindicato, Wadson Boaventura. A diretora do Sindicato e funcionária do BB Mônica Oliveira também participou da reunião.
A maioria dos bancários entrevistados na pesquisa é justamente do Banco do Brasil, que representam 60% dos 2.111 bancários entrevistados entre os meses de novembro de 2013 e abril de 2014. Os números totais chamam a atenção: 78,2% dos participantes da pesquisa já pensaram em sair do banco e 58,5% deles gostariam de mudar de emprego.
O índice de adoecimento também se mostra alto: 88% dos bancários afirmam que conhecem colegas que se afastaram por doença relativa ao trabalho. Os dados mostram que 58,8% desses trabalhadores já sofreram assédio moral e 70% vivenciam a indignidade no trabalho. Entre as principais causas para os dados negativos estão a falta de participação nas decisões, os prazos inflexíveis e o excesso de normas.
A pesquisa constatou que os estilos de gestão nos bancos estimulam o individualismo e normativismo. “Um dos aspectos destacados na pesquisa é a indignidade no trabalho, que está relacionada ao ritmo desgastante diário, cansaço e sobrecarga de tarefas. Os bancários reclamam, ainda, da pressão para cumprimento de normas, metas e prazos. Aliada a esses itens está a reclamação de falta de participação nas decisões da empresa”, afirma a doutora Ana Magnólia Mendes.
O Sindicato pretende ampliar as discussões sobre a saúde do trabalhador do ramo financeiro com a divulgação dos dados da pesquisa junto a Comissão Intersetorial em Saúde do Trabalhador do DF (Cist-DF).
Ações a partir da pesquisa
A Clínica do Trabalho começará a funcionar no próximo dia 16 de setembro. Ela é uma das ações do Sindicato após o relatório da pesquisa de 'Riscos Psicossociais do Trabalho Bancário', que sugere a criação dessas clínicas para prestar apoio às vítimas tanto de assédio quanto de adoecimento.
Interessados em participar do primeiro grupo da Clínica do Trabalho devem entrar em contato com a equipe de Psicologia do Sindicato, de segunda a sexta, das 9h às 13h. As seções serão realizadas toda terça-feira, com 1h30 de duração. Cada grupo será formado por até 12 pessoas, com direito a até 15 encontros. Será agendado horário para triagem e esclarecimento acerca da proposta do grupo. Para participar do programa ligue 3262-9009.
Caso haja mais demanda de interessados no programa, será gerada uma lista de espera. O novo grupo será a iniciado logo após o fim desse primeiro.
Thaís Rohrer
Do Seeb Brasília