(Brasília) - Considerada uma das maiores paralisações já realizadas pelos bancários, a greve nacional da categoria continua crescendo. Nesta quarta-feira (9), 21º dia do movimento, os trabalhadores e trabalhadoras de Brasília paralisaram todas as atividades das agências do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal do Congresso Nacional. Pacífico, o comitê de esclarecimento enfrentou forte resistência dos seguranças das duas casas legislativas.
Os dirigentes sindicais foram barrados justamente no dia em que a Câmara dos Deputados homenageou os 25 anos de promulgação da Constituição de 1988. Um dos seguranças da Câmara afirmou que a Casa é dos deputados. Em protesto, os bancários em greve sentaram no chão e abriram faixas alusivas à paralisação.
“É inadmissível o Congresso Nacional barrar a entrada de trabalhadores em suas dependências. Estas duas casas são do povo brasileiro. Repudiamos este tipo de postura e exigimos respeito. Se eles estão na Câmara é porque foram eleitos por nós”, criticou o secretário de Comunicação e Divulgaçᆪo do Sindicato, Jeferson Meira.
Os dirigentes sindicais e bancários que participaram do comitê de esclarecimento também denunciaram a postura autoritária dos seguranças da Câmara aos parlamentares.
“Estratégica, a ida ao Congresso Nacional foi uma decisão acertada do Sindicato dos Bancários de Brasília, que mobilizou mais trabalhadores e reforçou a greve no Distrito Federal. Na quinta-feira, dia da negociação com a Fenaban, intensificaremos a paralisação para pressionar os bancos a apresentarem uma proposta digna para a categoria”, afirmou Fabiana Uehara, diretora do Sindicato e da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).
Bancários denunciam política de gestão de pessoas do BB
Logo após o trabalho de mobilização dos trabalhadores das agências do BB e da Caixa do Congresso Nacional, os trabalhadores foram recebidos pelo senador Wellington Dias (PT-PI), que é bancário.
Durante a reunião com o senador, os bancários, que receberam apoio do parlamentar, denunciaram os desmandos da diretoria do Banco do Brasil e as péssimas condições de trabalho do funcionalismo do banco.
À custa de repressão e de assédio moral, o BB tem uma das piores práticas de gestão de pessoas. A instituição financeira se utiliza de métodos antidemocráticos e antissindicais para elevar seus lucros a qualquer preço, práticas que vêm adoecendo os trabalhadores.
"Atuaremos em todas as frentes para impedir que os bancos, sobretudo os públicos, intimidem os bancários por meio de ameaças", destacou o diretor do Sindicato José Herculano (Bala).
Também participaram da reunião com o senador os diretores do Sindicato Wescly Queiroz, Mariana Coelho, Peterson Gomes e Antonio Abdan. Os bancários Rodrigo Schekiera e Jorge Henrique Sousa também integraram a comitiva de trabalhadores que foi recebida pelo parlamentar.
Greve forte arranca nova negociação com os bancos
Sob pressão desde 19 de setembro, data do início da greve nacional dos bancários, os banqueiros marcaram uma nova negociação com os representantes da categoria nesta quinta-feira (10), às 10h, em São Paulo. Na sequência, ao meio-dia, haverá negociação das reivindicações específicas com o Banco do Brasil e com a Caixa Econômica Federal.
Na quarta-feira (9), 20º dia da greve, os bancários paralisaram exatas 11.748 agências, centros administrativos e call centers em todos os 26 estados e no DF, um crescimento de 91,1% em relação ao primeiro dia da paralisação, quando 6.145 dependências foram fechadas.
Rodrigo Couto
Do Seeb Brasília