Brasília - Os delegados sindicais do BRB participaram, na sexta-feira (7), de um seminário para debater a organização da Campanha Salarial 2015/16, e elaborar a minuta de reivindicações específicas para o banco, que será entregue na próxima sexta-feira (14) à direção do banco. O evento, realizado na Legião da Boa Vontade (LBV), foi aberto com explanações sobre a conjuntura econômica e política do país.
À tarde, os participantes ouviram esclarecimentos sobre a Regius –administradora dos planos de previdência dos bancários do BRB – e discutiram a pauta de reivindicações e estratégia de campanha. Em seguida, foi realizada uma assembleia para referendar a pauta elaborada no seminário. A assembleia contou com a participação de outros bancários do BRB, além dos delegados sindicais.
Ao fazer a abertura do seminário, o diretor do Sindicato Antonio Eustáquio, que também é bancário do BRB, alertou que este ano a Campanha Salarial, provavelmente, deverá ser mais problemática do que a do ano passado. “Embora os bancos continuem com lucros exorbitantes, sabemos que a atual crise, com retração da economia, será usada pelos banqueiros para dificultar o atendimento de nossas reivindicações”, destacou. E frisou: “mas não aceitaremos retrocesso”.
Eustáquio criticou a postura do presidente do BRB, Vasco Gonçalves, que enviou carta aos funcionários comunicando corte de gastos, sem citar que está procurando caminhos alternativos para contornar a situação, o que para o dirigente sindical, “mais parece ser um recado de que haverá redução de despesas de pessoal, exatamente no momento que discutimos nossa Campanha Salarial”.
“Por isso, é importante estarmos unidos para construirmos uma pauta de reivindicações que atenda todas as nossas demandas, e construirmos uma Campanha vigorosa e vitoriosa”, endossou o secretário de Estudos Socioeconômicos do Sindicato, Cristiano Severo, também funcionário do BRB.
Ronaldo Lustosa, também diretor do Sindicato e funcionário do BRB, recomendou aos delegados sindicais dar atenção especial às questões relacionadas à qualidade de vida. “Temos muitos colegas adoecendo por conta das pressões por metas abusivas”, observou.
Para André Nepomuceno, diretor da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Centro Norte (Fetec-CUT/CN) e bancário do BRB, a mobilização da categoria é fundamental, “principalmente neste momento de instabilidade no país, que pode influenciar a Campanha deste ano”. Nepomuceno também criticou a direção do BRB, “que está insinuando que tem problemas de despesas, mas não especifica o que está acontecendo com a receita do banco”.
A secretária-geral do Sindicato, Cida Sousa, também presente no seminário, emendou: “a conjuntura econômica e política realmente está complicada, mas não podemos ter medo de lutar pelos nossos interesses”.
“Bancos estão surfando na onda da crise”
O economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) Pedro Tupinambá fez uma explanação da conjuntura econômica, ressaltando que o comportamento recente da inflação vai influenciar bastante na Campanha Salarial. Ele esclareceu que o índice de 9,18% de inflação prevista até agosto (período de nossa data-base) foi influenciado sobremaneira pelo aumento das tarifas de energia elétrica.
Porém, Tupinambá destacou que a economia do setor bancário destoa do cenário atual de crise do país, uma vez que os lucros continuam exorbitantes. “Podemos dizer que os bancos estão surfando na onda da crise”, ironizou.
“O BRB é do povo”
Ao falar sobre a conjuntura política, a deputada federal Erika Kokay (PT-DF), que também é bancária, reforçou que a campanha vai encontrar dificuldades por conta da crise que o país atravessa. E alertou aos bancários sobre a importância de se organizar para pressionar os bancos.
Ex-presidenta da Central Única dos Trabalhadores de Brasília (CUT) e do Sindicato dos Bancários de Brasília, Erika fez uma retrospectiva da trajetória do BRB, lembrando o quanto foi difícil manter o banco público até agora. “O BRB é do povo. Esse banco resistiu muito. Entra governador e sai governador, e eles não demonstram interesse no desenvolvimento do Banco de Brasília”, lamentou.
A deputada federal também criticou “a onda conservadora, com segmentos fundamentalistas, que predomina na Câmara dos Deputados, capitaneada pelo presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ)”. E concluiu: “É um Congresso reacionário, que não responde às necessidades do povo, e que só quer arrancar os direitos dos trabalhadores”.
Regius
Após a exposição dos diretores da Regius sobre o comportamento dos planos previdenciários por ela administrados, ocorrida no período da tarde, passou-se à discussão sobre a pauta de reivindicações específica do BRB, e também das estratégias para uma campanha vitoriosa no banco.
Dentre as principais reivindicações definidas para a pauta, destacam-se: aumento salarial de 16%, composto pela inflação do período compreendido entre setembro de 2014 e agosto de 2015, mais um ganho real de 5,7%; elevação do piso de orientador de autoatendimento para o mesmo valor pago aos atendentes de ouvidoria, elevação do piso dos analistas de TI; revisão da remuneração dos gerentes de expediente, gerentes de equipe e gerentes administrativos; conversão em espécie dos abonos assiduidade; progressão de padrões por ocasião da conclusão de cursos superiores, tais como graduação, especialização, mestrado e doutorado; fim da lateralidade na direção geral; isenção de tarifas e redução das taxas cobradas pelo BRB dos funcionários; efetivação imediata dos gerentes de negócio aprovados em seleção interna, e que se encontram na lista de espera; fim da planilha de produção diária dos gerentes; e ainda isonomia na remuneração dos caixas; entre outras.
Pauta
A pauta específica será entregue ao presidente do BRB, Vasco Gonçalves, na próxima sexta-feira (14). Após a entrega, será disponibilizada na íntegra no site do Sindicato. Juntamente com a entrega da pauta específica será entregue também a pauta geral da categoria bancária, definida durante a 17ª Conferência Nacional dos Bancários, cuja entrega à Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) será na terça-feira (11).
Resoluções do seminário
Além das diversas discussões ocorridas ao longo do dia, e da definição da pauta e estratégia para a Campanha Salarial no BRB, o seminário e a assembleia votaram e definiram as seguintes resoluções:
1 – Repúdio a proposta de venda da folha de pagamento do GDF, bem como a venda de ações para fazer caixa para o GDF;
2 – Reivindicação de que o presidente do BRB, Vasco Gonçalves, realize uma reunião com todos os funcionários do BRB, para detalhar um panorama da situação atual do banco, bem como planos para o curto, médio e longo prazos que visem a superação das atuais dificuldades;
3 – Conclamação à união de todos os funcionários do banco em prol da construção de um futuro promissor para o BRB, com a construção de caminhos que alavanquem o banco, perenizando-o enquanto um banco público e rentável.
Nova proposta de PLR
O seminário também debateu a questão da PLR, a partir de uma proposta apresentada pelo BRB para o pagamento referente ao segundo semestre de 2015. Todos os presentes concordaram com a proposta do Sindicato, de construir um novo modelo de pagamento da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) que busque contemplar especialmente os funcionários dos PA’s, principalmente os gerentes que diariamente buscam os negócios para o banco. Porém, este novo modelo deverá garantir também uma participação justa a todos os funcionários.
“Foi um dia intenso de debates e de construção. Os delegados sindicais e funcionários do BRB demonstram cada vez mais sua união e disposição de luta, para um banco melhor com uma relação de trabalho mais respeitosa e humana. Estamos todos de parabéns. Agora é construir mais um acordo coletivo vitorioso e um novo tempo para o BRB, mais competitivo, mais rentável e mais participativo do desenvolvimento do Distrito Federal”, concluiu o diretor do Sindicato Antonio Eustáquio, coordenador do seminário e bancário do BRB.
Mariluce Fernandes
Do Seeb Brasília