Brasília - Um momento de reflexão sobre o papel das mulheres no mundo do trabalho e na sociedade. Esta foi a tônica do Encontro das Mulheres Bancárias, promovido pelo Sindicato, na quarta-feira 4, para comemorar o Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de Março. Três palestrantes abordaram temas relacionados ao evento: “Desafios para a ascensão profissional das mulheres bancárias”, “Ampliação da participação política das mulheres e a reforma política” e “A mulher na construção da paz”.
A partir das exposições e das provocações do plenário foram feitos alguns encaminhamentos para ampliação dos debates com os trabalhadores, como o aumento da participação política da mulher, combater a violência doméstica, debater uma nova política de contratação, principalmente da população negra, e a criação de um processo de cotas para a ascensão feminina nos cargos de alta gerência nos bancos.
“Foi um momento importante para refletir sobre as desigualdades entre homens e mulheres, especialmente entre as bancárias”, ressaltou o presidente do Sindicato, Eduardo Araújo. Ele lembrou que a luta do movimento sindical é incansável em busca de uma sociedade justa e igualitária para as trabalhadoras e citou que um dos avanços é o percentual de 40% de mulheres que compõem a direção do Sindicato.
Para Rosane Alaby, diretora executiva do Sindicato, embora a mulher venha conquistando seu espaço com participação ativa no mercado de trabalho, ainda se faz necessário um maior enfrentamento para conseguir a igualdade de tratamento e de oportunidades entre homens e mulheres.
Secretária-geral do Sindicato, Cida Sousa completou: “Realmente temos que comemorar os avanços importantes para as bancárias, mas os desafios ainda são muitos, como a diferença salarial, os assédios moral e sexual e a ascensão profissional, entre outros”.
Já a organizadora do evento e diretora do Sindicato, Helenilda Cândido, comentou que a violência contra as mulheres, especialmente no âmbito doméstico, apresenta índices estarrecedores. Como exemplo, ela informou que, de acordo com dados do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, durante o período de plantão do recesso forense, de 22 de dezembro de 2014 a 6 de janeiro deste ano, as medidas protetivas de violência contra a mulher ficaram em primeiro lugar, com 615 ações, ou seja 30% do total das medidas.
Contraf-CUT prestigia homenagem
Representantes da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) se fizeram presentes ao encontro. O presidente Carlos Cordeiro parabenizou todas as mulheres pelo seu dia e destacou as conquistas das trabalhadoras, “não só nos sindicatos, mas em todos os espaços do poder”.
Andréa Vasconcelos, secretária de Políticas Sociais, falou da importância da data para que as mulheres possam relembrar suas lutas e aprofundar o debate. E a secretária de Mulheres, Deise Recoaro, concluiu: “As mulheres ainda têm muitas razões para continuar lutando. E vamos prosseguir, junto com as bancárias, em busca de mais conquistas”.
Palestras
O tema “Desafios para a ascensão profissional das mulheres bancárias” foi abordado pela ex-bancária Bruna Pereira, doutoranda em Sociologia pela UnB, na linha de pesquisa sobre feminismo, relações de gênero e de raça. Ela apresentou números que apontam as desigualdades entre homens e mulheres no mercado de trabalho, principalmente nos bancos.
Bruna Pereira, que também é coordenadora do Grupo de Estudos Mulheres Negras, falou da importância de um dia dedicado às mulheres, “pois é uma oportunidade de debater os avanços e conquistas”. E conclamou os homens a se sensibilizarem e se unirem na luta para combater a violência contra as mulheres.
Ao discorrer sobre a “Ampliação da participação política das mulheres e a reforma política”, a senadora e bancária aposentada do Banco do Brasil Maria Regina Sousa (PT/PI) reforçou a importância da solidariedade com quem sofre violência. “Não podemos deixar que o medo da penalidade possa inibir denúncias de violência doméstica”, orientou.
Regina, primeira senadora do Piauí, foi enfática: “Queremos cotas das cadeiras no Parlamento”, citando que, das 81 vagas do Senado, apenas 13 são ocupadas por mulheres, e das 513 da Câmara Federal, apenas 47. E ressaltou: “Queremos mais mulheres para exercer funções legislativas”.
Ao abordar o tema “A mulher na construção da paz”, o reitor da Rede Unipaz, Roberto Crema, comentou a importância da razão junto com a emoção e da reconstrução dos laços familiares e também na sociedade. “Somos inteiros e precisamos olhar a questão feminina”, disse, assinalando que cada ser tem um lado masculino e um feminino.
Crema também ressaltou que a solidariedade é fundamental e frisou que precisamos transgredir a "normose" (pessoa normal que não investe em seu potencial evolutivo), pois ele considera que ser normal é se adaptar ao sistema doente, “principalmente quando predomina entre nós a injustiça”.
Passeio ciclístico
Ainda dentro da programação do Dia da Mulher, o Sindicato promoverá no dia 29 um passeio ciclístico, com saída às 8h30, da sua sede, passando pelo Eixo Monumental, Parque da Cidade e retornando ao Sindicato. As inscrições poderão ser feitas no portal da entidade.
Mariluce Fernandes
Do Seeb Brasília