São Paulo - O Sindicato dos Bancários de São Paulo está recebendo uma série de denúncias sobre demissões de gerentes-gerais na região 53 do Itaú. O perfil profissional dos desligados é de funcionários entre 25 e 30 anos de casa e a justificativa é a famosa "baixa performance". O Sindicato questionou o banco, que negou esse processo.
Segundo o Sindicato apurou, a direção do banco deu liberalidade para demitir até 15% da gerência da região 53. As denúncias apontam cerca de 40 demissões - 30 gerentes-gerais comerciais, 7 regionais de agência e três superintendentes - nos bairros da Lapa, Butantã, Santo Amaro e município de Osasco.
"Nunca iremos concordar com o banco sobre demissão, muito menos por baixa performance, pois conhecemos de perto a política perversa de cobrança exacerbada por resultados", afirma a diretora executiva do Sindicato Marta Soares.
A dirigente sindical argumenta que o Itaú não elabora estudo onde as agências estão instaladas no que se refere à condição social da população e renda, o que obriga o funcionário a se desdobrar para cumprir as metas muitas vezes incompatíveis com a realidade local.
O depoimento de um gerente da região 53 confirma: "A pressão é tão grande pelas metas que não existe qualidade e produtos são 'empurrados' a clientes a qualquer custo. O cidadão, na maioria das vezes, nem sequer sabe o que está levando e nem para que servem esses produtos que talvez nem sejam utilizados."
Zumbis
Ele diz que conhece alguns dos desligados e afirma que não há justificativa para as demissões. "Sempre vestiram a camisa do banco, dando o melhor de si. O que temos passado desde a fusão [com o Unibanco] é que nos sentimos num galpão escuro, sendo preparados para o abate, igualmente aos campos de concentração. Perdemos nossas identidades, disseminados como inúteis e incapazes, estamos virando zumbis de um sistema que não valoriza o ser humano, mas somente o resultado que ele traz, não se importando a que custo e de que forma", desabafa.
Além da ameaça de dispensa, os bancários ainda convivem com a pressão pelo cumprimento de metas abusivas, que deságua em um oceano de problemas como assédio moral e adoecimentos.
"É comum gestores perderam o respeito profissional pelos demais. Conheço no mínimo dois funcionários por agência que estão com problemas psicológicos ocasionados pela forma de gestão e estratégia que o Itaú vem pregando. Isso quando não são diagnosticados com câncer ou sofrem infarto ou derrame", afirma.
Marta Soares acrescenta que "não há motivo para essas demissões. O lucro de R$ 20 bilhões apresentado recentemente comprova. O Sindicato vai continuar apurando e, caso continuem as demissões, vamos realizar protestos para forçar o banco a cessar esse processo que causa sobrecarga de trabalho nos remanescentes e injustiça em pais e mães de família que deram a vida pelo banco e agora são demitidos sem a menor consideração".
Fonte: Seeb São Paulo