Brasília - “Não tenho a menor intenção em privatizar nenhuma empresa pública do Distrito Federal, mas sim fortalecê-las”. A afirmação foi feita pelo governador Rodrigo Rollemberg, nesta terça feira (7), durante reunião com representantes do Fórum em Defesa das Estatais do DF, no Palácio do Buriti. O chefe do Executivo local reconheceu que houve erro no encaminhamento do PL 467/2015 – que autoriza a venda de ações das estatais do DF – à Câmara Legislativa (CLDF), sem ouvir os gestores e os trabalhadores.
Embora tenha sido retirado da pauta de votação da CLDF, o Fórum (formado por representantes do Sindicato dos Bancários de Brasília, do STIU/CEB e Sindágua/Caesb) solicitou audiência com o governador para esclarecer as dúvidas de venda do BRB, da Caesb e da CEB. Mas o governador assegurou que o objetivo do PL foi a possibilidade de um estudo que servisse de instrumento para fortalecer as empresas e, eventualmente, ajudar o GDF.
“Queremos ser parceiros nesse processo”, frisou Rollemberg. E conclamou: ”Vamos, juntos, buscar uma solução que seja boa para os trabalhadores e para a sociedade do DF”.
Encontro positivo
Os representantes do Fórum classificaram o encontro como positivo. “O diálogo foi importante, mas ainda queremos mais conversas o mais breve possível para dissipar todas as dúvidas”, destacou o presidente do Sindicato dos Bancários de Brasília, Eduardo Araújo, acrescentando: “Mas, esperamos que o governador não tenha uma visão apenas economicista da utilidade dessas empresas públicas”.
Araújo alertou que o Banco do Brasil não pode ser exemplo a ser seguido pelo GDF para a venda de ações do BRB, porque a instituição deixou de ser um banco público para ‘privado com espírito público’, sem nenhuma visão social de sua importância para o povo brasileiro.
O secretário de Bancos Públicos da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Centro Norte (Fetec-CUT/CN), André Nepomuceno, voltou a criticar a postura de Rollemberg, que, até o momento, não havia dialogado com os representantes dos trabalhadores sobre a venda das ações das estatais do DF.
Porém, Nepomuceno, que também é bancário do BRB, disse que a atitude do governador foi positiva, desta vez, ao se mostrar disposto ao debate e se comprometer a dar espaço às corporações. “Isso só demonstra que a mobilização dos trabalhadores teve bons resultados”, avalia o secretário da Fetec-CUT/CN, ao afirmar que espera manter um diálogo permanente com o governador sobre possíveis mudanças na estatais do DF.
Já o diretor do Sindicato Ronaldo Lustosa esclareceu que a presença dos representantes do Fórum teve por objetivo externar os sentimentos dos funcionários das estatais, que se encontram preocupados com uma possível privatização. E sugeriu que o GDF foque no fortalecimento e, consequente, crescimento das empresas.
Além de Rollemberg, a reunião contou com a participação do Secretário de Relações Institucionais e Sociais, Marcos Dantas, que também é presidente do PSB local, mesmo partido do governador do DF.
Subsídio
O documento “Repensando Estrategicamente o BRB”, oriundo do seminário homônimo realizado com os bancários em 28 de agosto de 2014, que já havia sido entregue a Rollemberg durante a campanha eleitoral, foi novamente repassado a ele, para que sirva de subsídio para que o BRB continue público e cada vez mais forte.
Durante a conversa com o governador do DF, André Nepomuceno lembrou que o documento “Repensando Estrategicamente o BRB” propõe que o GDF articule com os outros estados do Centro Oeste o fortalecimento da instituição financeira como banco regional. O documento também destaca a importância da criação da Seguradora do BRB, entre outros itens essenciais para a manutenção do BRB público e forte.
Também foi entregue ao governador um documento que sintetiza a situação econômica/financeira das empresas e os impactos das vendas de ações em empresas públicas de outros estados.
A luta continua
No dia 1º de julho, os representantes do Fórum se reuniram com a subsecretária de Relações do Trabalho e do Terceiro Setor do GDF, Mari Trindade. A pasta é vinculada à Secretaria de Relações Institucionais e Sociais.
Na reunião, os representantes do Fórum expressaram as razões pelas quais são contrários a venda de ações do BRB, da Caesb e da CEB.
Na ocasião, a subsecretária de Relações do Trabalho e do Terceiro Setor disse que a reunião com o Fórum foi bastante produtiva. Mari Trindade afirmou que teve acesso a informações importantes, e se comprometeu a estreitar o diálogo, inclusive com agendamento de uma nova reunião, desta vez com a presença de Marcos Dantas (secretário de Relações Institucionais e Sociais do GDF) e de representantes das secretárias da Fazenda e Planejamento (de preferência os próprios titulares) o mais breve possível.
Folha de pagamento
Na contramão do afirmado pelo governador Rollemberg em audiência nesta terça (7), a secretária de planejamento do GDF, Leany Lemos, em entrevista ao Correio Braziliense, afirmou que, dentre medidas que estão sendo estudadas para viabilizar o aumento de arrecadação do GDF, consta a possibilidade de venda da folha de pagamento do funcionalismo do governo.
“Esta medida é um tiro no coração do BRB, afirmou Eustáquio. Ela é infinitamente mais nociva do que a venda de ações. Este ativo que hoje é do BRB, representa, certamente, mais de 40% do banco. Retirá-lo assim, coloca em cheque o futuro do BRB”, comentou o dirigente sindical.
O Sindicato espera sensatez por parte do GDF, e desde já cobra a intensificação do diálogo com o governo para debater mais esta possível medida que afeta sobremaneira o banco.
“Acreditamos que a informação dada ao Correio ocorreu sem o conhecimento do governador, que ao mesmo tempo
que reconheceu o erro de apresentar o PL 467 sem dialogar com os atores envolvidos, sua secretária apresenta uma medida tão ou mais nociva do que aquela que foi retirada, para o futuro do BRB”, observou André Nepomuceno.
Sindicato está de olho aberto
O Sindicato já está em luta contra esta possibilidade, que já foi aventada no tristemente lembrado governo Arruda. “Esperamos que a diretoria do BRB, em especial seu presidente Vasco Gonçalves, se mobilize para fazer ver ao governo o absurdo desta medida. O BRB não pode ser tratado assim”, finalizou Ronaldo Lustosa.
Leia mais:
- Clique aqui para baixar a versão final do relatório “Repensando Estrategicamente o BRB” - Clique aqui para baixar o documento que sintetiza a situação econômica/financeira das estatais do DF
Fonte: SEEB/Brasília - Da Redação