Decisão foi reafirmada no 54º Congresso da UNE, de 3 a 7 de junho, que elegeu nova direção
Escrito por: Vanessa Ramos, da CUT-SP
Contra a direita e o Congresso Nacional conservador que se apresenta, a resposta dos movimentos sociais se dará nas ruas. Essa foi a tônica do 54º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), no qual a Central Única dos Trabalhadores, seus sindicatos e representantes da juventude trabalhadora estiveram presentes em Goiânia, de 3 a 7 deste mês. A atividade reuniu 10 mil estudantes de todo o Brasil.
A secretária de Imprensa da CUT São Paulo, Adriana Magalhães, presente na mesa sobre os impactos da terceirização para a juventude, acredita que o congresso mostrou a força e o engajamento da UNE diante dos desafios relacionados à atual conjuntura política. “A Central e o movimento estudantil travam lutas comuns como o combate ao ajuste fiscal, ao PL da Terceirização ilimitada, que está no Senado [como PLC 30/2015], e pela implementação dos 10% do PIB para a educação”, afirma.
A paulista Carina Vitral, estudante de Economia da PUC-SP, é agora a nova presidenta da UNE. Ela garante que o movimento estudantil permanecerá unido aos movimentos sociais e sindical para barrar a terceirização, a redução da maioridade penal e o financiamento privado de campanha eleitoral. “Diante da crise econômica e da atual conjuntura, a direita e setores conservadores estão unificados para tentar impor retrocessos à juventude e aos trabalhadores”, avalia, ao ressaltar a importância na unidade das forças de esquerda.
Para o professor paulista Carlos Guimarães, do Coletivo Nacional de Juventude da CUT/CNTE, que compôs um dos debates durante o congresso, é preciso lutar contra os ajustes fiscais que retiram dinheiro dos serviços públicos como saúde, educação, segurança e transporte. “O ajuste é reflexo da crise do capitalismo e deveria ser feito de outra forma, com combate à sonegação fiscal e taxação das grandes fortunas”.
Segundo Guimarães, os estudantes se colocam ao lado dos trabalhadores para enfrentar o momento de ameaça e de ataque aos direitos e à democracia no país.
Unificar para combater
A CUT e movimentos sociais, como o MST e o Levante Popular da Juventude, promoveram durante o 54º Congresso da UNE um ato contra o PL da Terceirização, o PLC 30/2015, que reuniu 2.500 estudantes. A mobilização também colocou em pauta a proposta de reforma política de Eduardo Cunha, chamada pelos movimentos como a PEC da Corrupção, e a contrariedade à proposta de redução da maioridade penal de 18 para 16 anos, que está no Congresso.
Militante do Levante Popular da Juventude, Laryssa Sampaio avalia que o congresso teve debates qualificados, com ampla participação e a unidade das forças se mostrou na luta contra a redução da maioridade penal. Segundo ela, os movimentos saíram com uma agenda de lutas dos estudantes para agosto. “Marcharemos no próximo período para Brasília contra os cortes de verba para educação”, exemplificou.
Eleita para diretoria executiva da UNE, Tamires Gomes Sampaio, estudante de Direito do Mackenzie, analisa que o governo federal não deve ser responsabilizado de forma isolada com relação ao atual cenário. “É importante lembrar que o Congresso Nacional é a representação do retrocesso brasileiro, que foi se fortalecendo no poder desde a ditadura militar. Contra toda a onda conservadora e os retrocessos a resposta se dará com a reforma política popular que garanta maior participação de jovens, mulheres e de negros e negras no poder”, salienta.
Educação
Em mesa sobre a valorização dos profissionais de educação, a presidenta da Apeoesp, Maria Izabel Noronha, falou sobre a greve dos professores paulistas, que nesta segunda (8) completa 88 dias – a maior da história - e do descaso do governo Alckmin (PSDB), que não reconhece a paralisação da categoria.
Segundo a Apeoesp, em estudo feito pelo Dieese, será preciso um aumento salarial de 75,33% para equiparar a carreira do ensino básico com as demais categorias com formação de nível superior, meta 17 do Plano Nacional de Educação (PNE).
O Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Paraná (APP-Sindicato), parado há mais de um mês, também esteve no congresso da UNE e reforçou a necessidade de valorização dos educadores, que enfrentam a truculência do governo de Beto Richa (PSDB).