Coletivo Nacional de Mulheres da Contraf-CUT
Neste 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, a Contraf-CUT reforça a luta e a defesa da igualdade entre homens e mulheres em todos os espaços sociais e de poder, incluindo o ambiente de trabalho.
Com o objetivo de fortalecer o debate sobre a condição da mulher brasileira, a Confederação produziu e disponibilizou aos sindicatos e federações de todo o Brasil o Jornal d@s Bancári@s, especial Mulher.
A publicação aborda vários temas, como a diferença de remuneração entre homens e mulheres, a discriminação de gênero e raça contra mulheres negras, o combate à violência doméstica e ao assédio moral e sexual.
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"É inadmissível que em pleno século 21 as mulheres ainda sejam tratadas como trabalhadoras de segunda categoria. No setor bancário, a mulher tem melhor qualificação, mas ainda continua ganhando menos, só por ser do sexo feminino. Não abrimos mão de um ambiente de trabalho mais democrático e transparente", defende a secretária da Mulher da Contraf-CUT, Deise Recoaro.
Salários menores
De acordo com o I Censo da categoria bancária, ocorrido em 2008, 71,2% das bancárias tinham curso superior completo e acima. No II Censo, realizado no ano passado, as bancárias com essa formação subiram para 82,5%. Para os homens, o aumento foi de 64,4% para 76,9%.
Mas os dados apontam que a diferença de remuneração média entre mulheres e homens nos bancos teve pequena redução entre os Censos de 2008 e de 2014. No primeiro levantamento, as bancárias recebiam remunerações médias equivalentes a 76,4% do salário dos homens. No ano passado, essa relação passou a ser equivalente a 77,9%, com um pequeno avanço de 1,5 ponto percentual em seis anos.
O quadro discriminatório fica mais evidente ao levar em conta um cálculo efetuado pelo Dieese mostrando que, neste ritmo de correção das distorções, demorará 88 anos para que as mulheres passem a receber salários iguais aos homens no setor bancário.
"O mais grave é que a Fenaban se nega a reconhecer essa desigualdade. Há também baixa presença de mulheres nas direções dos bancos, o que comprova a discriminação de gênero", explica Deise.
Invisibilidade das mulheres negras
Outra grande preocupação é a discriminação da mulher negra, "quase invisível nos bancos privados", segundo a diretora da Contraf-CUT.
No Censo de 2014, os bancos não apresentaram dados sobre as trabalhadoras negras, apesar dos protestos dos dirigentes sindicais. Mas o levantamento de 2008 revela que havia somente 8% de mulheres negras em toda a categoria, a qual tinha 511.833 trabalhadores e trabalhadoras, de acordo com a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) de 2013, último levantamento divulgado pelo Ministério do Trabalho e Emprego.
Deise avalia que não houve mudanças na presença de trabalhadoras negras nesses últimos oito anos e que o local de trabalho comprova isso.
"Elas sofrem dupla discriminação, do gênero e da raça. Uma das demandas da minuta de reivindicações da categoria bancária é a contratação de 20% de profissionais negros e negras. Essa cota precisa ser adotada com urgência pelos bancos para corrigir tal distorção, fruto do racismo, da desigualdade e da falta de democracia no local de trabalho," avalia a dirigente sindical.
Violência e assédio sexual
Na 16ª Conferência Nacional dos Bancários, realizada em julho do ano passado, em Atibaia, no interior de São Paulo, o Coletivo Nacional de Mulheres Bancárias da Contraf-CUT lançou a cartilha Assédio Sexual no Trabalho, parte da campanha de prevenção e combate ao assédio sexual nos bancos.
O material tem sido amplamente divulgado pelos sindicatos e federações, com tiragem de mais de 90 mil exemplares. A cartilha informa como ocorre o assédio sexual no trabalho, as consequências para as mulheres, que muitas vezes perdem o emprego por dizer não ao assediador, as questões legais envolvidas e os impactos no ambiente de trabalho e sobre saúde mental da mulher assediada.
As discussões sobre o problema também fizeram parte da Campanha Nacional 2014 e o problema está em debate permanente na mesa temática de igualdade de oportunidades com a Fenaban.
"A opressão à mulher é parte do cotidiano dos ambientes de trabalho. As bancárias, além de muitas vezes terem sua imagem usada para a venda de produtos, também estão expostas ao assédio sexual por parte de superiores hierárquicos. Trata-se de uma luta de todos os sindicatos e federações. Queremos respeito, valorização das mulheres e igualdade de direitos e oportunidades no trabalho, na vida e na sociedade", conclui Deise.
Fonte: Contraf-CUT