(Brasília) - Dentro da programação da 2ª Semana Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho (Sipat) unificada do Banco do Brasil, a professora do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (UnB) Ana Magnólia palestrou no Edifício Sede III sobre o tema assédio moral, destacando que essa prática de ‘violência extrema’ está relacionada à estrutura organizacional do trabalho.
“Devemos compreender que o assédio moral é um ato de violência extrema que corresponde a um comportamento patológico do assediador. Mas, para além disso, pode ser observado na forma como a organização do trabalho está estruturada, mediante as normas, regras, exigência sobre os resultados, estrutura física”, afirmou Ana Magnólia.
“O assédio moral vai se caracterizar quando uma vítima é escolhida. Quando isso acontece, há a prática sistemática e deliberada de humilhação, de desqualificação e de exposição dessa pessoa. Assim ela se instala, o que não quer dizer que a violência já não estava presente, e certamente estava”.
Segundo Ana Magnólia, alguns autores já classificam esse tipo de comportamento como assédio organizacional, definido por todas as práticas de gestão vinculadas a um modelo gerencialista, produtivista, onde existe muito controle. Algumas demandas chegam a ser consideradas impossíveis de serem cumpridas por um ser humano, do ponto de vista biológico e matemático.
Como formas de enfrentamento, Ana Magnólia salienta dois aspectos. O primeiro se refere aos paradigmas na organização do trabalho. Para ela, é preciso saber qual o objetivo da instituição, onde pretende chegar e a custo de quê. O segundo é a denúncia. “Recorrer às instâncias que atuam em defesa do trabalhador, como o Sindicato, o Ministério Público do Trabalho e os setores institucionais, como departamento pessoal, conselho de ética, de saúde, a ouvidoria e a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa)”, defendeu.
Pesquisa do Sindicato vai mapear riscos relacionados ao trabalho
A palestra foi aberta pelo secretário de Saúde e Condições de Trabalho do Sindicato, Wadson Boaventura, que discorreu sobre a importância de os trabalhadores participarem da Sipat, uma vez que esta é uma oportunidade de obter mais informações e orientações para a promoção da saúde no ambiente de trabalho.
“O Sindicado, como apoiador da Sipat, agradece a presença de todos, principalmente nesta palestra sobre assédio moral. Os trabalhadores precisam participar de atividades como esta, tanto para ter conhecimento sobre o que é o assédio moral, quanto para saber como agir caso isso aconteça. Ana Magnólia fala com propriedade do assunto e, inclusive, está à frente da pesquisa que faremos em breve, sobre a saúde do bancário de Brasília”, declarou o dirigente sindical.
A pesquisa que será feita pelo Sindicato se baseia em um levantamento de riscos psicossociais relacionados ao trabalho. O resultado será importante para mapear os indicadores relacionados à organização do trabalho, aos modelos de gestão, ao sofrimento patogênico e aos danos físicos e psicossociais vivenciados pela categoria. O questionário será lançado em breve no site do Sindicato e também em modelo impresso.
As atividades da 2ª Sipat unificada do BB tiveram início na segunda-feira (4) e se encerram nesta sexta-feira (8).
Joanna Alves
Do Seeb Brasília