Depois de um mês de silêncio Fenaban oferece 7,1% de reajuste, Comando Nacional orienta pela rejeição da proposta e greve dos bancários deve continuar.
(Porto Velho-RO) - Após duas semanas de greve nacional dos bancários, a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) finalmente quebrou o silêncio e sinalizou para uma nova rodada de negociações nesta sexta-feira, 4/10. Infelizmente a proposta de apenas 7,1% de reajuste (que corresponde a 0,97% de aumento real) para os salários e demais verbas, como vales e auxílios, e foi considerado insuficiente pelo o Comando Nacional dos Bancários, que orienta os sindicatos de todo o país a rejeitarem a proposta e continuarem a greve por tempo indeterminado.
As negociações estavam interrompidas há quase um mês e foram retomadas somente no 16º dia da greve, quando 11.409 agências e centros administrativos de bancos privados e públicos foram paralisados nos 26 estados e no Distrito Federal, segundo levantamento da Contraf-CUT.
Para o presidente do Sindicato dos Bancários e Trabalhadores do Ramo Financeiro de Rondônia (SEEB-RO), José Pinheiro, o índice apresentado pelos bancos continua provocativo, pois não somente é abaixo de 1% de ganho real, mas também é muito pífio comparado ao que reivindicam os trabalhadores (11,93%) e, sobretudo, que podem pagar as instituições que representam o segmento que mais lucra no país.
“Chega a ser um acinte essa proposta, pois é muito ínfima comparada à rentabilidade dos bancos brasileiros, que tiveram o maior lucro de todo o planeta só neste ano. O índice é tão insuficiente que até trabalhadores de categorias que tem lucro menor estão tendo índices muito maiores que este oferecido pela Fenaban. Isso tudo sem falar das propostas sociais, como fim do assédio moral, fim das metas abusivas, mais segurança e melhor qualidade de trabalho, que foram novamente ignoradas pelos bancos”, avaliou o sindicalista.
O Comando Nacional encaminhou documento à Fenaban reafirmando “a necessidade de os bancos apresentarem uma nova proposta que de fato atenda às reivindicações econômicas e sociais dos bancários”.
O Comando também espera que os bancos públicos retomem as negociações específicas.
A NOVA PROPOSTA DOS BANCOS
Reajuste: 7,1% (0,97% de aumento real).
Pisos: Reajuste de 7,5% (ganho real de 1,34%).
- Piso de portaria após 90 dias: R$ 1.138,38.
- Piso de escriturário após 90 dias: R$ 1.632,93.
- Piso de caixa após 90 dias: R$ 2.209,01 (que inclui R$ 391,13 de gratificação de caixa e R$ 184,95 de outras verbas).
PLR regra básica: 90% do salário mais valor fixo de R$ 1.694,00 (reajuste de 10%), limitado a R$ 9.011,76.
PLR parcela adicional: 2% do lucro líquido distribuídos linearmente, limitado a R$ 3.388,00 (10% de reajuste ).
Auxílio-refeição: de R$ 21,46 para R$ 22,98 por dia.
Cesta-alimentação: de R$ 367,92 para R$ 394,04.
13ª cesta-alimentação: de R$ 367,92 para R$ 394,04.
Auxílio-creche/babá: de R$ 306,21 para R$ 327,95 (para filhos até 71 meses). E de R$ 261,95 para R$ 280,55.
Adiantamento emergencial – Não devolução do adiantamento emergencial de salário para os afastados que recebem alta do INSS e são considerados inaptos pelo médico do trabalho em caso de recurso administrativo não aceito pelo INSS.
Prevenção de conflitos no ambiente de trabalho – Redução do prazo de 60 para 45 dias para resposta dos bancos às denúncias encaminhadas pelos sindicatos, além de reunião específica com a Fenaban para discutir aprimoramento do programa.
Adoecimento de bancários – Constituição de grupo de trabalho, com nível político e técnico, para analisar as causas dos afastamentos.
Inovações tecnológicas – Realização, em data a ser definida, de um Seminário sobre Tendências da Tecnologia no Cenário Bancário Mundial.
AS PRINCIPAIS REIVINDICAÇÕES DOS BANCÁRIOS
* Reajuste salarial de 11,93% (5% de aumento real além da inflação)
* PLR: três salários mais R$ 5.553,15.
* Piso: R$ 2.860,21 (salário mínimo do Dieese).
* Auxílios alimentação, refeição, 13ª cesta e auxílio-creche/babá: R$ 678 ao mês para cada (salário mínimo nacional).
* Melhores condições de trabalho, com o fim das metas abusivas e do assédio moral que adoece os bancários.
* Emprego: fim das demissões, mais contratações, aumento da inclusão bancária, combate às terceirizações, especialmente ao PL 4330 que precariza as condições de trabalho, além da aplicação da Convenção 158 da OIT, que proíbe as dispensas imotivadas.
* Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) para todos os bancários.
* Auxílio-educaçᆪo: pagamento para graduação e pós-graduação.
* Prevenção contra assaltos e sequestros, com o fim da guarda das chaves de cofres e agências por bancários.
* Igualdade de oportunidades para bancários e bancárias, com a contratação de pelo menos 20% de afrodescendentes.
Com informações da Contraf-CUT