Belém/PA - O Banco da Amazônia que temos e o Banco da Amazônia que queremos. Esse foi o eixo temático do Seminário realizado pelo Sindicato dos Bancários do Pará em parceria com a Contraf-CUT e a Fetec-CUT Centro Norte na última sexta-feira, 1º de agosto, no auditório da matriz do banco, em Belém. O objetivo do evento foi avaliar o cenário atual do Banco da Amazônia e apontar ações que contribuam para o fortalecimento da sua missão institucional, que é ser um banco público e de fomento ao desenvolvimento da região.
A saudação aos participantes, que representaram empregados e empregadas do Banco da Amazônia no Pará, Amapá, Acre, Rondônia e Roraima, foi feita pela presidenta do Sindicato Rosalina Amorim, pelo vice-presidente da Fetec-CN Sérgio Trindade, e pelo diretor da DIREC do banco Luiz Otávio Monteiro.
O Banco da Amazônia hoje - Logo após a mesa de abertura, o gerente executivo de gestão de programas governamentais Oduval Lobato Neto palestrou em painel sobre as perspectivas institucionais do Banco da Amazônia.
Ele falou sobre os 72 anos de experiência do Banco da Amazônia na região, período em que o banco conseguiu se tornar o principal agente financeiro de desenvolvimento da Amazônia, com 51% do capital acionário pertencente ao Governo Federal, patrimônio líquido de R$ 1,6 milhões, ativos totais na faixa de R$ 11,3 milhões e 61% de participação nos créditos de fomento do Norte (FNO).
Além de falar sobre a missão institucional do banco, da visão e dos valores corporativos da empresa, da integração do banco nas políticas públicas, objetivos estratégicos e sobre a estrutura geral da empresa, o gerente da GPROG apresentou dados sobre a performance institucional do banco, o qual possui atualmente 123 agências em todos os estados da Amazônia brasileira, o que corresponde a 10,9% da rede de agências bancárias na região.
O Banco da Amazônia possui hoje 3.303 empregados, 9 superintendências regionais, 37 postos de atendimento, rede TECBAN com 44 mil terminais (sendo 12 mil de banco 24 horas e 32 mil de compartilhamento), o que permite ao banco atender 100% dos municípios da região Norte pela política de crédito.
De acordo com Oduval Lobato a atual gestão do banco trabalha pela construção de um novo Banco da Amazônia, mais ágil, forte e competitivo. Para isso, os caminhos apontados por ele seriam a implantação da nova estrutura do banco, melhorias das ferramentas estratégicas e a implantação do novo modelo de gestão de pessoas.
“Queremos com isso fortalecer o Banco da Amazônia, cumprir nossa missão institucional, servir à sociedade com mais qualidade, ser uma referência sólida em responsabilidade socioambiental, assim como reconhecer e valorizar nossos colaboradores, pois queremos que o Banco da Amazônia seja uma das melhores empresas para se trabalhar”, afirmou ao final de sua palestra.
O futuro que queremos para o Banco da Amazônia - O segundo painel do Seminário deu enfoque sobre o Banco da Amazônia que queremos, o qual teve as contribuições do economista e professor da UFPA Hélio Mairata (aposentado do Banco da Amazônia na função de consultor técnico da presidência); do delegado do Ministério do Desenvolvimento Agrário no Pará Paulo Cunha (empregado da Caixa Econômica Federal); e do economista e deputado federal pelo PT do Pará Cláudio Puty (filho de ex-bancário do Banco da Amazônia).
O professor Hélio Mairata apontou em sua palestra os pontos positivos e negativos que o Banco da Amazônia tem para enfrentar. Segundo o economista, a Região Norte tem hoje 15,9 milhões de habitantes, o que corresponde a 8,1% da população do Brasil; e 45% de todo o território nacional. Porém é responsável por apenas 5,4% do PIB nacional (2011).
Para ele há várias restrições a um processo de crescimento econômico mais robusto da região, uma delas é a vastidão da área de sua jurisdição, que produz uma baixa densidade demográfica: 4,0 habitantes por quilômetro quadrado. Além disso, a escassez de infraestrutura, o contingenciamento legal do aproveitamento da terra, as limitações à expansão das atividades econômicas, as distância dos mercados, a baixa vocação empreendedorística e a incipiente qualificação de Recursos Humanos dificultam no processo de desenvolvimento da Amazônia.
Hélio Mairata credita o fato de a participação do PIB da Região – que era de 4,35% do nacional em 1990 e subiu para 5,40% em 2011 – a dois fatores: o advento do FNO e as ações creditícias do Banco da Amazônia, o qual é responsável atualmente por quase dois terços de todo o crédito de fomento na Região.
Porém, há pontos fracos na atuação do Banco da Amazônia que precisam ser resolvidas com certa urgência, como a pequena capilaridade do Banco, presente diretamente com agências em apenas 77 dos 450 municípios da Região Norte (17%), ainda que tenha alcançado todos eles com crédito. Para Mairata, as linhas de ação praticadas hoje pelo Banco da Amazônia são poucas para um banco de desenvolvimento de uma área como a Amazônia.
"Só a disponibilização do crédito não basta para o pleno cumprimento se sua missão institucional. É preciso investir em pesquisa, em inovação, garantir assistência, formação e qualificação de empreendedores na região, ser mais agressivo na busca de recursos externos para programas e projetos de cunho eminentemente ambientais; apoiar a criação de centrais de negócios, de incubadoras de projetos; investir na formação de cooperativas e associações; apoiar vigorosamente os programas de Ciência e Tecnologia, assim como as Redes de Transmissão de Tecnologia, com ênfase em nossa Biodiversidade. Esse é o Banco da Amazônia que queremos e precisamos”, enfatizou Hélio Mairata.
Incentivar a ciência e a economia regional - O pensamento de Hélio Mairata foi compartilhado pelo delegado do MDA no Pará Paulo Cunha, que também é bancário e ex-dirigente do Sindicato dos Bancários do Pará. Ele destacou a importância de o Banco da Amazônia estreitar suas relações com as instituições de pesquisa e os movimentos sociais dos trabalhadores da região, como na agricultura familiar, setor pesqueiro, de construção naval, de comércio, entre outros.
Para Paulo Cunha “esses atores sociais são os principais agentes para o crescimento da economia na Amazônia, são eles que precisam de assistência técnica, de formação para gerir sues negócios, e o Banco da Amazônia precisa se dedicar a entender cada vez mais a dinâmica econômica e a cultura regional para ser ainda mais decisivo no fomento ao desenvolvimento da nossa região”.
O deputado federal Cláudio Puty (PT-PA), que em 2012, em parceria com o Sindicato dos Bancários do Pará, foi responsável pela capitalização de R$ 1 bilhão para o Banco da Amazônia, lembrou que no alto escalão do governo já se sondou, por diversas vezes, a possibilidade de fusão ou incorporação do Banco da Amazônia ao Banco do Brasil, proposta que ele considera um absurdo e um desperdício de qualidade do corpo funcional da instituição.
"A Amazônia precisa de um banco fortalecido e com a autonomia na gestão de recursos para a região, que entenda sua dinâmica econômica, social, cultural, ou seja, precisa de uma instituição financeira que entenda a realidade da região, e essa instituição é sem sombra de dúvidas o Banco da Amazônia. Incorporá-lo ou fundi-lo a qualquer outra instituição financeira seria dificultar ainda mais o processo de superação das desigualdades regionais em nosso país, sem contar no desperdício de mão de obra”, afirmou.
Cláudio Puty defende que o Banco da Amazônia seja, em um futuro não muito distante, um grande centro de inteligência sobre desenvolvimento regional.
“Precisamos que o Banco da Amazônia tenha recursos suficientes para atuar em duas frentes: uma é na valorização e qualificação dos seus empregados, que são uma mão de obra com bastante expertise para o trato de negócios na região, mas que precisa se aprimorar ainda mais, e pra isso é preciso ter bom salário, boas condições de trabalho, segurança, qualidade de vida etc; a outra é investir maciçamente em pesquisa, em ciência e em tecnologia, para que este banco seja um centro de referência sobre a Amazônia, e isso é fundamental para o desenvolvimento da nossa região”, concluiu o deputado.
Ao final do evento, a presidenta do Sindicato dos Bancários do Pará Rosalina Amorim fez questão de destacar a importância de valorização dos empregados do Banco da Amazônia dentro desse projeto de desenvolvimento regional.
“Os empregados e empregadas do Banco da Amazônia são o maior patrimônio dessa instituição. Eles precisam ser reconhecidos e valorizados, pois isso é o que gera motivação. Saímos deste seminário com a certeza de que queremos um Banco da Amazônia mais fortalecido, com seus trabalhadores valorizados e respeitados, porque isso é fundamental para o crescimento da Amazônia”.
Fonte: Bancários PA