Brasília - A história de luta da categoria bancária no Distrito Federal contra a ditadura militar integrou os debates do Encontro Nacional das Comissões da Verdade dos Sindicatos CUTistas, realizado nos últimos dias 29 e 30, no Rio de Janeiro.

A atividade foi organizada pela CUT nacional em parceria com a AFL-CIO (Federação Americana do Trabalho e Congresso de Organizações Industriais), maior central sindical norte-americana. A proposta do Encontro foi socializar as atividades promovidas pelas Comissões da Verdade criadas nos sindicatos do país e planejar conjuntamente ações que possam incentivar o processo de recolhimento de dados e de pesquisas sobre o que foi o período da ditadura militar para sindicatos e trabalhadores.

As informações do Encontro também subsidiarão o debate do 12º CONCUT, que ocorrerá no mês de outubro, em São Paulo. Os sindicatos seguem com suas Comissões locais mesmo após o encerramento dos trabalhos da Comissão Nacional da Verdade, do governo federal, que apresentou o relatório final das atividades em dezembro passado.

O Sindicato dos Bancários de Brasília levou a experiência do trabalho desenvolvido pela Comissão da Verdade da entidade desde 2011. Um varal de fotografias de 2011 a 2014 exposto no Encontro mostrou as açﾵes do Sindicato nesse sentido.

“Como resultado do Encontro ficou decidida a confecção de um relatório mostrando as atividades dos diversos sindicatos em suas Comissões da Verdade, para mostrar os fatos históricos da militância e incentivar os sindicatos que ainda não começaram a desenvolver esse trabalho”, comenta Josefa Santos, membro da Comissão da Verdade do Sindicato de Brasília.

O bancário anistiado do extinto Banco do Estado de Goiás (BEG) José Francisco, que também é membro da Comissão da Verdade do Sindicato, participou do Encontro.

O trabalho desenvolvido pelo Sindicato faz um resgate da memória dos trabalhadores e familiares da capital federal que foram vítimas dos desmandos dos militares por se oporem ao regime. Um longo processo de pesquisa no Arquivo Nacional, na Biblioteca do Ministério do Trabalho e Emprego, de entrevistas com militantes bancários e familiares que viveram naquela época e o resgate de documentos históricos nos próprios arquivos do Sindicato têm sido a tônica do trabalho desenvolvido pela entidade.

Comissão da Verdade do Sindicato continua ativa

Os trabalhados da Comissão da Verdade do Sindicato seguem em 2015 com a inauguração de página no Facebook para destacar informações e matérias especialmente sobre o tema. O Sindicato também lançará uma revista neste ano com o resultado final das atividades da Comissão.  

Manifestação no quartel do Exército onde funcionou o Doi-Codi

O Encontro Nacional das Comissões da Verdade dos Sindicatos CUTistas terminou com uma manifestação em frente ao prédio onde funcionava o DOI-Codi, na Praça Lamartine Babo. Na década de 70 o local foi palco de inúmeros casos de tortura.

Nessa praça há um busto em homenagem ao deputado federal Rubens Paiva, um dos muitos brasileiros torturados e mortos na ditadura militar no Brasil.

O assessor da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Gilney Viana, também participou da manifestação e destacou a importância das pessoas tomarem conhecimento dos crimes cometidos pela ditadura, com o intuito de por fim à impunidade dos torturadores. Ele foi bancário e cumpriu nove anos e 10 meses de prisão durante o regime.

“O problema é que a Lei de Anistia atual é resultado de um acordo feito por cima. Temos que aumentar a pressão política contra a impunidade, para derrubarmos a interpretação do Supremo Tribunal Federal, que referendou os termos da lei em 2010. As resoluções da Organização dos Estados Americanos, que não aceitam a impunidade, é outro caminho importante”, frisa Gilney Viana.

Fonte: SEEB/Brasília - Thaís Rohrer, com informações da CUT Rio de Janeiro