Depois de definido o nome do comprador, já parece claro que o novo controlador enfrentará resistência se quiser reduzir a estrutura administrativa que o HSBC tem hoje em Curitiba, onde fica a sede do banco. Itaú Unibanco, Bradesco e Santander disputam a subsidiária do banco britânico no Brasil.
Ontem, o presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Vinicius Marques de Carvalho, reuniu-se em Brasília com representantes da política paranaense para discutir a venda do HSBC Brasil. Os políticos locais dizem estar preocupados com as demissões e perdas de receita que a transação pode ocasionar.
Participaram da reunião a senadora Gleisi Hoffmann (PT), deputados federais do Estado, representantes do município e dirigentes sindicais. A vice-prefeita e secretária do Trabalho e Emprego de Curitiba, Mirian Gonçalves, esteve na reunião e diz que a venda dos ativos do HSBC pode causar a demissão de sete mil bancários em Curitiba e reduzir em até R$ 80 milhões a arrecadação do município. Apesar de representar apenas 1% do orçamento da capital, ela diz que o valor é relevante. “É muito dinheiro. Dá para fazer em torno de 70 creches, por exemplo”, diz.
Mirian afirma que o governo federal terá prejuízos, por causa do pagamento do seguro-desemprego. Em Curitiba, considerando o pagamento de quatro parcelas do benefício a sete mil trabalhadores, os gastos superariam R$ 38 milhões, diz ela, que considerou nos cálculos o cenário extremo de demissão de todos os funcionários.
A vice-prefeita também afirma que em todo o país os custos somariam R$ 122 milhões, referentes ao pagamento de quatro parcelas do seguro-desemprego a 22 mil trabalhadores do HSBC. Segundo ela, os possíveis impactos foram apresentados ao presidente do Cade.
Está prevista para hoje às 9h30 uma reunião da vice-prefeita com o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, sobre o mesmo assunto. Ontem, a vice-prefeita também queria se reunir com o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL), para falar sobre a venda dos ativos do HSBC.
“A ideia é ir a vários órgãos, principalmente reguladores, para ter alguma forma de intervenção”, diz. “O ideal seria manter a administração do banco em Curitiba. Porque assim preserva também os empregos. Ainda veremos em que termos nós vamos obter [a preservação dos empregos e da receita]. Pode ser com o banco que comprar [os ativos do HSBC], inserindo certas cláusulas no contrato, por exemplo”, afirma.
Procurado, o HSBC não se pronunciou sobre o assunto.
Fonte: Valor Econômico