Crédito: Érica Aragão/ CUT
O presidente da CUT participou de passeata no centro de São Bernardo
Trabalhadores de todo o Brasil cruzaram os braços nesta sexta-feira (29) no Dia Nacional de Paralisação. Com a adesão das mais diversas categorias, o ato combate o PL da Terceirização e medidas que dificultam acesso a direitos, além de defender a democracia e o fim do fator previdenciário. Os bancários realizaram manifestações por todo o Brasil (Veja os links abaixo). Em São Paulo, por exemplo, mais de cem locais de trabalho (107 agências e quatro centros administrativos) nas regiões do centro paulistano e Avenida Paulista paralisaram as atividades.
"Se o 4330 passar, o Brasil vai parar. E a próxima será uma greve geral por tempo indeterminado", afirmou o presidente da CUT, Vagner Freitas, durante passeata realizada no centro de São Bernardo. "A agenda econômica que está sendo adotada é aquela do candidato à direita, que nós derrotamos nas urnas. Não podemos esquecer de pedir que a presidenta Dilma vete o projeto que libera a terceirização total e que, ao contrário, aprove a mudança na Previdência", completou.
O presidente da CUT enfatizou os prejuízos aos trabalhadores com as MPs 664 e 665, que retiram direitos. "Mas junto com elas veio uma mudança boa, que é a aprovação da fórmula 85/95. A Dilma precisa sancionar este ponto."
Para Juvandia Moreira, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo e vice-presidenta da Contraf-CUT, os bancos são os mais interessados na terceirização. "O número de estabelecimentos que presta serviço de correspondente bancário cresceu 2.313% entre 2000 e 2014, atingindo 331 mil em junho do ano passado, de acordo com o Banco Central. Com a aprovação do PL, a terceirização vai aumentar e atingir todos os setores, como as gerências, caixas e áreas de tecnologia, podendo colocar em risco o sigilo bancário", explicou. "Se o Senado votar a favor, os trabalhadores vão fazer greve geral", avisa.
Em greve há 80 dias, os professores estaduais de São Paulo também marcaram presença no Dia Nacional de Paralisação. Realizaram assembleia às 14h, no vão livre do Masp, também na região da Paulista. De lá, farão caminharam até a Praça da República, na região central. Às 17 horas, fizeram ato unificado do funcionalismo público e movimentos sociais contra o descaso do governo Geraldo Alckmin (PSDB) com o ensino estadual.
Alunos e funcionários da Universidade de São Paulo (USP) protestaram próximo à Cidade Universitária. Os metalúrgicos do ABC concentraram-se logo cedo na porta da sede do sindicato da categoria, em São Bernardo do Campo, vindos de diferentes fábricas da região. De lá, partiram numa grande passeata - o sindicato estima em 20 mil pessoas - em direção à Praça da Matriz, local histórico de manifestações trabalhistas desde o final da década de 1970. Fábricas em São Bernardo, Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra interromperam atividades.
Também no ABC, motoristas e cobradores de ônibus pararam às três horas da manhã e retomaram as atividades ao longo do dia. Os trabalhadores do setor químico, do ABC e da capital, também começaram cedo suas manifestações. Desde às 5 horas, houve um "trancaço" (piquete) na porta das empresas Lipson, em Diadema, Colgate, em São Bernardo, e na Oxiteno e na Solvay, em Santo André. Na capital, houve protesto diante da sede da Avon, na zona sul.
Os vidreiros fizeram protesto, às cinco horas, na Saint-Gobain, em Mauá, e às seis horas, na Pilkington, na Via Dutra, em Caçapava.
Em Guarulhos, ainda na Grande São Paulo, todas as linhas de ônibus municipais pararam no início da manhã, bem como as intermunicipais operadas pela EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos).
Em Osasco, metalúrgicos, bancários e outras categorias se uniram ao Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), com caminhada pelo centro da cidade e paralisação na Rodovia Castello Branco no sentido capital.
Na Baixada Santista diversas categorias paralisaram as atividades a partir das cinco horas, concentrando-se na Avenida Presidente Wilson, divisa entre Santos e São Vicente. Em Cubatão, os trabalhadores da limpeza urbana e asseio fizeram paralisação na Rodovia Piaçaguera com a Anchieta, divisa com Guarujá.
Em Campinas, petroleiros, metalúrgicos, eletricitários e bancários, entre outras categorias, também cruzaram os braços. Ainda em Campinas, eletricitários da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL) pararam e realizaram assembleias para debater a conjuntura. Na Refinaria de Paulínia (Replan), que soma 1,2 mil funcionários, os petroleiros se concentraram às seis horas na Portaria Sul e pararam no turno das 7h30. Seguiram com mobilizações ao longo do dia e paralisação na Rodovia SP-332.
Em Registro, a CUT promoveu panfletagem e diálogo com a população, em parceria com o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). Foram dadas explicações sobre a retirada de direitos trabalhistas e distribuídos folhetos com um "carômetro" dos deputados que votaram a favor do projeto de lei da terceirização.
Em São Carlos, os metalúrgicos cruzaram os braços na Tecumseh, Electrolux e Volkswagen. Os servidores públicos e autárquicos municipais da cidade e de Dourado pararam setores da administração municipal, como o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae). As ações também contaram com a participação dos bancários e servidores estaduais da saúde em Araraquara e dos metalúrgicos de Matão.
BRASIL
Em Belo Horizonte, o metrô parou e teve ato no centro da cidade. Também foi realizada uma manifestação em Contagem, na Grande BH. Já no estado do Rio de Janeiro, trabalhadores portuários interromperam suas atividades em Niterói, Itaguaí e Angra dos Reis. Membros do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) mobilizaram-se no Rio Grande do Sul em pelo menos três cidades: Porto Alegre, Passo Fundo e Pelotas. Na capital, os ônibus não circularam pela manhã.
No Paraná, cerca de 800 integrantes do MST realizaram o "trancamento" da rodovia que sai de Curitiba sentido Araucária. O massacre de professores promovido pelo governador Beto Richa, no final de abril, também foi lembrado pelos manifestantes (foto ao lado).
Em Santa Catarina, rodoviários e trabalhadores da limpeza pública interromperam suas atividades em adesão aos protestos. Do outro lado do País, na Bahia, os trabalhadores do polo petroquímico de Camaçari aderiram à paralisação.
Já na capital de Pernambuco, Recife, bancários, trabalhadores do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), servidores do INSS e de universidades públicas interromperam suas atividades. Ônibus e metrô não circularam desde as primeiras horas da manhã. Segundo a CUT Pernambuco, houve violência da Polícia Militar contra dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos (Sindmetal-PE).
Em Campina Grande, na Paraíba, servidores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), professores da Universidade Federal (UFCG) e da rede estadual de ensino também fizeram paralisações e caminharam pelo centro da cidade. Na capital cearense, rodoviários fecharam por duas horas os terminais de ônibus dos bairros Papicu, Siqueira, Lagoa, Messejana e Antônio Bezerra. O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) também aderiu aos protestos e realizou caminhada pelo centro.
Em São Luís, capital do Maranhão, bloqueios foram feitos em três pontos da cidade. Na capital de Sergipe, Aracaju, aproximadamente 700 pessoas participaram de ato público. Em Teresina (PI), 30 entidades sindicais reuniram cerca de 3 mil pessoas em passeata até a Praça da Liberdade. Já em Maceió, os ônibus não circularam no início da manhã e foi realizado um ato no centro da cidade.
Na região Centro-Oeste aconteceram atos em Goiânia, onde a circulação dos ônibus foi interrompida no começo da manhã e cerca de 2 mil trabalhadores participaram de uma caminhada. Em Campo Grande, com mais de 5 mil pessoas em passeata pelo centro da cidade; e no Distrito Federal, houve a paralisação das aulas em parte das escolas públicas e a realização de um ato na Praça do Buriti.
Fonte: Contraf-CUT