Brasília - Motivos não faltam. Ameaça de terceirização sem limites; de desmonte da saúde e da educação; de entrega do pré-sal; de privatizações; de reforma da Previdência. Foi contra essa série de ataques que diversas categorias em todo o Brasil, incluindo os bancários, cruzaram os braços nesta sexta-feira (11), Dia Nacional de Paralisação convocado pela CUT, numa frente ampla de resistência articulada com movimentos sociais para barrar a tentativa de retirada de direitos dos trabalhadores pelo governo ilegítimo de Michel Temer.
“O ataque que está sendo colocado é o ataque aos nossos direitos e ao nosso futuro”, resumiu o presidente do Sindicato, Eduardo Araújo, ao fazer um balanço da movimentação desta sexta, destacando a luta contra a PEC 55 (antiga PEC 241), que vem sendo chamada de “bolsa-banqueiro” e “PEC do fim do mundo”.
O dirigente sindical alerta: “Com o crescimento da população, por um lado, e a redução de investimentos em saúde e educação por 20 anos, de outro, teremos problemas muito sérios. E para garantir esse desmonte do Estado, eles vão privatizar o Banco do Brasil e a Caixa”.
Ações
Em Brasília, com o apoio do Sindicato, a torre do Edifício Banco do Brasil localizada na Asa Norte foi fechada pelos bancários logo no início da manhã. Em seguida, cerca de 70 agências também tiveram suas atividades paralisadas até a hora do almoço.
Os protestos foram o ponto alto de uma semana de intensa mobilização, que teve início com uma vigília na segunda-feira 7, quando o Sindicato recebeu em sua sede um debate sobre a terceirização.
Promovido pela CUT Brasília, que horas antes havia realizado panfletagem na rodoviária do Plano Piloto alertando para os perigos desse tipo de subcontratação, o evento contou com a presença de especialistas que chamaram a atenção para o que significa, na prática, o STF (Supremo Tribunal Federal) liberar esse tipo de contrato de trabalho que trará prejuízos incalculáveis para os trabalhadores e para o país.
Na sequência, na terça-feira (8) à noite, como parte da vigília, foi realizado debate sobre o assunto na Praça dos Três Poderes, em frente ao STF, em cuja pauta de julgamento, na quarta-feira (9), estava a ação que pode autorizar a terceirização irrestrita. Ao final do encontro, os trabalhadores acenderam velas em sinal de protesto e para chamar a atenção de quem passava pelo local.
Já na quarta-feira, a sessão que julgaria o processo (o STF adiou a decisão) foi marcada, pelo lado de fora do Tribunal, por um grande protesto dos trabalhadores, que seguiram a postos no local durante todo o dia para pressionar os ministros a votarem contra o processo movido pela Cenibra, uma empresa de celulose.
Na quinta-feira (10), o Sindicato promoveu discussão sobre a PEC 55, em sua sede. Com a presença de renomados especialistas, a conclusão do debate foi de que a chamada “PEC da Morte” ou do “fim do mundo”, como o próprio nome sugere, significa um grande retrocesso para a grande maioria da população.
Categorias unidas na luta
Atos, protestos e assembleias marcaram o Dia Nacional de Paralisação no DF por outras categorias. As atividades tiveram início logo de madrugada com a paralisação dos trabalhadores das empresas de ônibus. Além disso, diversos locais foram ocupados pelos trabalhadores do comércio, da limpeza urbana, dos estabelecimentos de bebidas, trabalhadores rurais, servidores públicos e outras categorias, que denunciaram o retrocesso social.
No shopping Conjunto Nacional, por exemplo, manifestantes ligados aos 15 sindicatos das áreas de comércio e serviços levantaram faixas, entoaram gritos e estenderam na passarela cruzes que representam a morte da sociedade diante dos desmandos do governo federal.
Trabalhadores da Educação, professores do GDF, estudantes e servidores públicos federais, inclusive os da UnB, realizaram de manhã ato que reuniu centenas de pessoas em frente ao Ministério da Educação (MEC).
Os dirigentes do Sindsep e Sindprev realizaram concentrações e panfletagens na entrada dos servidores dos Ministérios desde as 7h da manhã. A maior atividade ocorreu no Ministério da Saúde.
Centenas de terceirizados, por sua vez, foram à Câmara Legislativa denunciar a falta do cumprimento dos direitos trabalhistas, já que as empresas às quais os trabalhadores são vinculados são contratadas pelo GDF. Os vigilantes, também em greve pelos mesmos motivos dos terceirizados da área de asseio e conservação, prosseguiram paralisados nos postos de saúde, hospitais e escolas.
“Foi uma paralisação exitosa. Um dia nacional de luta contra os golpistas, os caloteiros e os ladrões de direitos, que envolveu trabalhadores do campo e da cidade, que pararam por 24 horas ou parcialmente, e deram o recado: não aceitaremos retrocesso”, disparou o presidente da CUT Brasília e diretor do Sindicato, Rodrigo Britto, em entrevista à TV Bancários.
“Hoje foi um dia luta, mas muitas lutas ainda vão vir pela frente, começando pelo dia 29, que é o dia da votação da PEC 55 no Senado. Então você, bancária e bancário, trabalhador do Ramo Financeiro, participe da luta, porque o seu direito está em risco e o futuro da sua família e dos seus filhos está nas mãos dos senadores”.
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Renato Alves com informações da CUT Brasília