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26 de Junho de 2020 às 17:42

Fetec-CUT/CN conclui curso de formação sobre Guerras Híbridas com palestra de Gilberto Carvalho

Foi o segundo curso da Federação, realizado de forma remota, que tratou do uso das redes sociais para desestabilizar governos


A Secretaria de Formação da Federação dos Bancários do Centro-Norte (Fetec-CUT/CN) encerrou nesta quinta-feira 25 o curso de formação sindical sobre Guerras Híbridas, com uma palestra de Gilberto Carvalho, ex-chefe de gabinete do presidente Lula e ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República na gestão Dilma Rousseff. 

Participaram do curso, que começou no dia 23 de abril, 17 dirigentes de quase todos os sindicatos filiados à Fetec-CUT/CN. O curso foi baseado no livro Guerras Híbridas: das Revoluções Coloridas aos Golpes, do analista político norte-americano Andrew Korybko (veja resumo no final). Foram oito aulas semanais de duas horas cada, mais a conferência final de Gilberto Carvalho. 

Na penúltima aula os participantes assistiram ao filme "Privacidade Hackeada", dos diretores Karim Amer e Jehane Noujaim, que trata do escândalo da empresa de consultoria Cambridge Analytica e do Facebook, contado através da história de um professor americano ao descobrir que, junto com 80 milhões de pessoas, suas informações pessoais foram hackeadas para criar perfis políticos e influenciar as eleições americanas de 2016. O documentário narra sua jornada para levar o caso à Justiça britância, já que a lei americana não protege suas informações digitais. 

Os desafios do futuro

A palestra de Gilberto Carvalho foi de certa forma uma continuidade do conteúdo do curso, uma vez que ele abordou didaticamente como o grande capital nacional e internacional empregou também as redes sociais para mobilizar a população, derrubar a presidenta Dilma Roussef, eleger Bolsonaro e “derrotar o nosso projeto democrático e popular”.

Para Gilberto Carvalho, “nosso futuro depende da nossa capacidade de enfrentar essa guerra híbrida e de nos reconectarmos com nossas bases, com a nova classe trabalhadora e com as periferias. Essa reconexão passa pelas redes sociais, mas também de nos reaproximarmos do povo e apresentarmos projetos concretos que vão melhorar a vida da população”.

Para o ex-ministro, “é um desafio complexo ganhar corações e mentes desse povo que é vítima e ao mesmo tempo apoia o governo Bolsonaro”.


A palestra do ex-ministro Gilberto Carvalho, como todo o curso, foi realizada virtualmente

A importância de investir em cursos de formação

Para o secretário de Formação da Fetec-CUT/CN, José Wilson da Silva, a discussão sobre guerras híbridas é um tema muito atual, como mostraram as eleições de Donald Trump e de Bolsonaro e a discussão sobre fake News no Congresso Nacional. “O sindicalismo tem de estar atento a isso, porque as bases hoje são jovens de uma outra geração, que não viveram o que os mais antigos viveram e estão muito sujeitos a essa guerra nas redes. É fundamental que a Fetec-CUT/CN esteja investindo pra valer em formação sindical”, disse.

Segundo José Wilson, a dinâmica do curso foi muito rica, “porque o tempo todo fizemos paralelos entre o livro e a conjuntura brasileira e mundial. Ajudou a elucidar que aquelas manifestações de 2013 não foram espontâneas nada, que o impeachment teve toda uma preparação nos corações e mentes da população brasileira”, com financiamento de grupos brasileiros e internacionais.

O coordenador pedagógico do curso de formação da Fetec-CUT/CN, Jéter Gomes, acrescenta: “Fizemos também uma estratégia pedagógica em que a cada aula todos deveriam ler um capítulo do livro antes e um membro do grupo tinha que fazer uma apresentação inicial. Isso obrigou essa pessoa a ler, fazer um roteiro, a estruturar o pensamento e fazer um resumo. E foi bem surpreendente, com apresentações de alto nível, que concluíam com debates muito ricos”.

O curso sobre Guerras Híbridas foi o segundo organizado de forma virtual pela Fetec-CUT/CN. O primeiro foi realizado no segundo semestre do ano passado, baseado no livro “A Era do Capital Improdutivo”, do economista Ladislau Dowbor, professor da PUC São Paulo. Leia mais aqui

A Elite do Atraso, o próximo

O próximo curso de formação está previsto para o início de agosto e terá como base o livro ”A Elite do Atraso”, do cientista político Jessé Souza. O livro mostra como os quase quatro séculos de escravidão no Brasil moldaram a estrutura econômica, política, social e cultural e estão presentes na vida do país até hoje.

Breve conceito de Guerras Híbridas

No “Guerras Híbridas: das Revoluções Coloridas aos Golpes”, o analista político Andrew Korybko desvenda um novo conceito para explicar as atuais táticas dos EUA para a desestabilização e a derrubada de governos. A guerra híbrida é a combinação de revoluções coloridas e guerras não convencionais como forma de alinhar Estados e sociedades aos interesses da política de segurança e defesa norte-americanas.

Partindo do estudo de caso da Síria e da Ucrânia, o autor demonstra um modus operandi que também pode ser facilmente identificado em outros conflitos travados, por exemplo, no Oriente Médio e na América Latina. Nesse sentido, a guerra híbrida é o novo modelo de intervenção político-militar do século XXI.

A guerra híbrida é o emprego do poder através de um conjunto de intervenções de toda ordem preparada sobre um Estado nacional, para exercer um fim fundamentalmente político. Ou qualquer tipo de agressão organizada que procura causar dano a um Estado nacional, buscando desestruturá-lo, transformando-o em um Estado falido, com o fim de apropriar-se de seu território, e/ou de seu imaginário coletivo, e/ou de seus recursos.


Fonte: Fetec-CUT/CN


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