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20 de Março de 2019 às 14:14

Caixa: Concentração em renda fixa compromete aposentadoria no Novo Plano

Com uma das menores rentabilidades do mercado, os títulos públicos representam 69,3% da carteira. Opção reduz valor dos benefícios futuros


Brasília - A carteira de investimentos do Novo Plano segue cada vez mais concentrada em renda fixa, principalmente nos chamados títulos do Tesouro Nacional. O que isso significa para a aposentadoria dos participantes? Como a falta de diversificação reduz a expectativa de benefício futuro? Para esclarecer dúvidas do pessoal da Caixa, vamos tratar detalhadamente a seguir diversos pontos do Novo Plano.

Concentração cada vez maior

O Painel de Informações no site da Funcef mostra o quanto aumentou a concentração dos investimentos do Novo Plano em renda fixa. Em 2010, 52,1% da carteira estavam em investimentos como títulos públicos e privados e poupança. Em 2016, a alocação de recursos nessa modalidade chegou a 70,7% e, em 2017, ficou em 69,3%.

Comparação com outros fundos

Na Previ, por exemplo, existe uma diversificação maior, que contribui para os melhores resultados obtidos pelo fundo de pensão do pessoal do Banco do Brasil. No Plano 1, no 1º trimestre de 2018, os recursos investidos em renda fixa equivalem a 41% da carteira, enquanto 49,4% estão na renda variável. No Plano Previ Futuro, 55,2% dos recursos estão na renda fixa, enquanto 28,2% estão na renda variável. A rentabilidade desta última modalidade foi de 18,32% no período enquanto a renda fixa ficou em 6,9%, quase três vezes menor.

Investindo mais no que rende menos

Entre dezembro de 2017 e novembro de 2018, os ativos de renda variável na carteira geral da Funcef tiveram o melhor desempenho, com rentabilidade de 19,17%. Os investimentos estruturados, com 14,88%, também se destacaram. O retorno obtido pela Fundação a partir dos juros cobrados dos participantes no Credplan chegou a 11,8% no período, enquanto a renda fixa entregou 9,8%.

Um plano que requer menos liquidez

O Novo Plano tem o maior contingente e reúne, na média, o público mais jovem, portanto, com mais tempo pela frente para acumular recursos. Essa característica faz com o que o plano não precise de tanta liquidez e tenha condições de fazer investimentos de maior rentabilidade e maior volatilidade, como renda variável e fundos de investimento em participação (FIP).

Com cerca de 78 mil ativos e 5,6 mil aposentados, o volume de recursos utilizado no Novo Plano para pagar benefícios é pequeno em relação aos recursos acumulados por aqueles que estão em fase de contribuição. Em 2017, foram pagos R$ 135,9 milhões em benefícios aos aposentados do Novo Plano, enquanto os ativos acumularam R$ 1,7 bilhão em contribuições.

O risco dos investimentos

Como o Novo Plano segue o modelo de contribuição variável, o valor do benefício ao qual o participante fará jus quando se aposentar dependerá dos recursos acumulados ao longo do tempo. Essa acumulação resultará das contribuições feitas pelo participante e pela patrocinadora, mas também, da rentabilidade dos investimentos feitos pelos gestores da Funcef. Quanto menor o desempenho dos investimentos, menor será o valor do benefício futuro.

Como os investimentos em renda variável oscilam, seus resultados devem ser medidos no longo prazo. Os investimentos estruturados, por sua vez, em geral ocorrem no setor de infraestrutura, com grandes empreendimentos que demoram a dar resultado. Essas grandes obras requerem grandes aportes iniciais, na fase em que ainda não geram retorno.

Esse período em que esses investimentos só consumem recursos é chamado de “curva J”, em alusão à representação gráfica da evolução da rentabilidade, algo similar à forma da letra J.  Após esse período de despesas, que dura em média cinco anos, o empreendimento começa a gerar retorno financeiro.

O risco de ter um benefício menor é do participante

Na renda fixa existe uma estabilidade ao longo do tempo, o que confere a qualquer gestor a sensação de conforto e imunidade quanto a eventuais turbulências do mercado. Contudo, o retorno da renda fixa só tem sido suficiente para alcançar a meta atuarial.

A recém aprovada política de investimentos da Funcef recomenda que, no caso das contas ainda individualizadas, ou seja, para quem está na ativa, 65% dos ativos do plano de Renda Fixa, 25% em Renda Variável e 7,2% em Operações com Participantes.

Já para os assistidos, o Novo Plano tem recursos, para o pagamento de benefícios, concentrados em fundo único. A Funcef pretende mantê-lo com 99,5% em Renda Fixa e 0,5% em Operações com participantes.

Para quem é aposentado, política conservadora. Para quem está na ativa, conservadora, mas nem tanto. De toda forma, a equação não muda. Quanto mais conservador menor é a rentabilidade.

Em lugar do risco inerente aos investimentos de maior rentabilidade, os gestores da Funcef têm optado pelo risco de gerar benefícios menores no futuro. A questão é que o ônus deste risco fica para os participantes. Quanto menor a rentabilidade, mais modesta a aposentadoria.

Fonte: Fenae


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