Assim como o Sindicato dos Bancários de Campo Grande - MS e Região, a Fenae também está apoiando a campanha A´uwe Tsari - S.O.S. Xavante, uma iniciativa da Federação dos Bancários e Bancárias da Região Centro Norte (Fetec/Centro Norte), em parceria com a Federação dos Povos Indígenas do Estado de Mato Grosso (Fepoimt) e do Conselho Distrital Indígena Xavante (Condisi) para prestar auxílio ao povo Xavante no enfrentamento do Coronavírus. “Ao descaso do governo com a questão dos povos originários do país se soma agora essa pandemia, ainda mais trágica para os indígenas. Por isso saudamos a iniciativa da Fetec Centro Norte e convidamos o empregado Caixa a se engajar e divulgar a campanha”, afirmou Sérgio Takemoto, presidente da Fenae.
Com cerca de 22 mil indígenas em situação de vulnerabilidade nas aldeias, localizadas no Mato Grosso, na região da Amazônia Legal e do Cerrado brasileiro, os Xavante encontram-se com vários casos já diagnosticados e mortes documentadas, inclusive de crianças. O principal objetivo da campanha é mobilizar a categoria bancária, a sociedade brasileira e a comunidade internacional para prestar ajuda emergencial ao povo Xavante durante a pandemia.
A meta da campanha é arrecadar pelo menos R$ 250 mil em 60 dias. Do total arrecadado, 60% será destinado à instalação de uma unidade avançada de saúde e de isolamento próxima às aldeias mais impactadas e 40% para garantir a segurança alimentar das famílias, para que elas possam fazer o isolamento social nas comunidades.
“A situação dos povos indígenas, que já sofriam com a falta de assistência médica após a saída dos médicos cubanos, é agora ainda pior com a pandemia. Por isso, tenho certeza de que iniciativas como as da Fetec Centro Norte terá apoio do empregado Caixa, tanto em doações quanto na divulgação da campanha”, acredita Jair Ferreira, diretor de Formação da Fenae. As doações podem ser feitas pelo site www.captar.info/sosxavante.
Havendo disponibilidade de recursos, a campanha atenderá também, via sindicatos associados, às demandas locais das demais populações indígenas da região, conforme indicação da Federação dos Povos Indígenas de Mato Grosso (Fepoimt).
Em nenhum momento serão repassados recursos financeiros às lideranças e/ou suas instituições. Todas as demandas, encaminhadas via Fepoimt, serão processadas pelos sindicatos, que farão as compras e entregarão os produtos solicitados nas aldeias.
O nome A´uwe Itsari se traduz por “ajude o povo Xavante“, ou simplesmente S.O.S. Xavante, sugerido pelas próprias lideranças indígenas, junta as palavras a´uwe (gente, povo) e itsari, que para os Xavante significa o vínculo com suas raízes, a busca por uma vida feliz e saudável, a cura pela natureza, a própria cosmogonia herdada de seus ancestrais nos jardins das plantas tortas, no bioma Cerrado, na região Centro Oeste do Brasil.
No dia 11 de maio, morreu uma criança Xavante, da Terra Indígena Marãiwatsédé, localizada no município de Alto Boa Vista (MT). O bebê de apenas oito meses foi a vítima mais jovem do novo coronavírus no estado e o primeiro óbito entre indígenas em Mato Grosso, de acordo com a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde. Até o dia 30 de junho, mais 30 vidas Xavante foram perdidas.
Segundo o relatório, uma sucessão de fatores combinados agrava a exposição do povo Xavante ao novo coronavírus, como a precária estrutura básica de atendimento à saúde, aspectos da organização sociocultural, o perfil epidemiológico e as pressões no entorno dos territórios.
De acordo com dados do Distrito Sanitário de Saúde Indígena (DSEI) Xavante, apenas 8,5% das aldeias contam com uma Unidade Básica de Saúde Indígena (UBSI). Isso significa que, em boa parte do tempo, cerca de 91,5% dos indígenas ficam descobertos de medidas de vigilância à saúde, o que prejudica a detecção precoce dos casos suspeitos do novo coronavírus. Cada pólo base de saúde indígena que atende os Xavante é responsável por 3.572 pessoas, o que representa a maior relação entre os distritos do estado.
Fonte: Fenae