Como Belém do Pará será a sede da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 – COP30, o curso de formação não poderia deixar de fora da ordem do dia o debate sobre a urgência climática e os desafios ambientais para a Amazônia e para a categoria bancária.
Por isso, a última mesa de debates do primeiro dia de formação sindical trouxe esta pauta, que contou com as contribuições da diretora executiva nacional da Federação de Associações de Solidariedade e Educação (FASE), Letícia Tura; da Secretária Nacional de Meio Ambiente da CUT Brasil, Rosalina Amorim; da presidenta da CUT Pará, Vera Paoloni; e da diretora de Meio Ambiente do Sindicato, Heidiany Moreno.
As explanações mostraram que a COP da ONU é uma Conferência que debate sobre desenvolvimento no capitalismo, com discussões sobre mercado, consumo, transporte, educação etc, além de refletir sobre a redução dos impactos ambientais e adaptações do modo de produção capitalista, como o controle de emissão de gases do efeito estufa e a mercantilização da natureza através do mercado de carbono e o financiamento (ações de cooperação) para uma transição climática justa, ou seja, uma economia com baixa emissão de carbono, formulações estas que vêm desde o Protocolo de Quioto, passando pelo Acordo de Paris, pelas decisões de Baku na recente COP29 do Azerbaijão, e que terão continuidade na COP30 de Belém.
Letícia Tura explicou que financiamento de transição climática não significa necessariamente crédito, mas sim ações de cooperação, de fomento à transição climática, e essa é a grande briga entre os países. “Na Convenção do Clima da ONU está dito que os países desenvolvidos devem apoiar os países não desenvolvidos em ações de redução de impactos ambientais, sendo aqueles obrigados a transferir recursos para o Fundo Verde do Clima, que financiaria ações climáticas nos países não desenvolvidos. O problema, até hoje, é que esse acordo não foi cumprido. Daí, quando se fala em mercado de carbono, no Fundo Amazônia que é gerido pelo BNDES, parece que não há alternativa ao financiamento climático além de crédito e endividamento no Banco Mundial, mas na verdade existe e a nossa luta tem que ser pela efetivação dessa cooperação e reparação histórica, ou seja, quem poluiu mais o planeta tem que cumprir sua obrigação de pagar àqueles que não tiveram responsabilidade por isso”, afirmou a diretora da FASE.
A Central Única dos Trabalhadores – CUT apresentou aos participantes do curso de formação sindical suas formulações para uma transição climática justa, as quais colocam a classe trabalhadora no centro da discussão. De acordo com a secretária nacional de meio ambiente da CUT Brasil, Rosalina Amorim, um meio ambiente de qualidade só é possível com a promoção de trabalho decente.
“Para a CUT, o trabalho decente é o princípio orientador para construção de novas fontes de trabalho. Por isso, defendemos a manutenção da representação sindical, estendendo a filiação aos ramos de atividade no processo de transição; a garantia de respeito irrestrito aos direitos trabalhistas; a revisão dos processos regressivos da reforma trabalhista e o combate à precarização e à terceirização; além de garantir meios de subsistência para as comunidades e territórios afetados, como princípio do trabalho decente”, ressaltou Rosalina.
O Brasil e a Amazônia irão sediar entre os dias 10 e 21 de novembro de 2025, pela primeira vez, uma Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. Diante de tamanha responsabilidade, a CUT Pará apresentou uma importante reflexão sobre os desafios e legados deste evento para a classe trabalhadora. A presidenta estadual da CUT/PA, Vera Paoloni, destacou algumas sugestões de preparação sindical à COP30.
“Precisamos ter a clareza de que a COP30 faz parte de um processo de transição climática. Portanto, nós da classe trabalhadora precisamos levantar quais são nossas pautas ambientais, precisamos ter criatividade para popularizar essa temática em nossas bases de atuação, precisamos construir políticas públicas de mitigação e adaptação climática, além de incluirmos como prioridade a pauta do meio ambiente só com trabalho decente, e de não esquecermos de que na Amazônia nós temos rios, florestas, cidades, mas que acima de tudo temos gente trabalhadora que depende do meio ambiente para sobreviver”, concluiu.
Fonte: Bancários PA