Luz, câmera, respeito, no final do ano passado o novo filme do Itaú – “Respeito por todo mundo muda o mundo” – invadiu os horários comerciais nobres da tv brasileira; mas nos bastidores o que se vê é o contrário: desrespeito, em forma de demissões e fechamento de agências em todo o Brasil.

“Só nos sete estados onde a Fetec-CUT/CN – Pará, Mato Grosso, Rondônia, Acre, Roraima, Distrito Federal e Amapá, atua foram cinquenta demissões em menos de três meses e quem fica sofre as consequências com o aumento da demanda, que gera extrapolação da jornada, além da cobrança de metas abusivas. Se de um lado o bancário e a bancária sofrem, do outro, clientes e usuários também que demoram mais tempo na fila esperando por atendimento. E por essa total falta de respeito com a categoria e você cliente e usuário, o Sindicato está na manhã de hoje com faixa e cartazes para denunciar e pedir a sua compreensão e colaboração”, destaca o diretor jurídico do Sindicato, Cristiano Moreno.

A conta que não fecha

Ao final de 2022, o Itaú contava com 89.147 empregados no país, com abertura de 1.806 postos de trabalho em doze meses. De acordo com o relatório do banco, esse saldo se deve a ampliação no número de assessores de investimentos e a contratações para a área de TI, visando acelerar o processo de transformação digital. Foram fechadas 240 agências físicas no Brasil e abertas 179 agências digitais no período.

“Essa mudança de perfil das agências bancárias se intensificou na pandemia, mas ainda exclui uma parcela da população, especialmente as que têm dificuldade ou não se sentem seguras no meio virtual, principalmente idosos e idosas. Por isso a necessidade de bancárias e bancários em unidades físicas, a demissão é um efeito cascata em que categoria e população em geral sai prejudicada”, afirma a vice-presidenta do Sindicato, Vera Paoloni.

Os resultados da série de estudos Disruption Diaries, da Mambu, realizado em 2021 em sete países, inclusive no Brasil, mostra que 92% dos adultos brasileiros com e sem conta bancária dizem que estariam mais satisfeitos se tivessem um leque maior de informações sobre o funcionamento do mundo financeiro e oportunidades mais adequadas aos seus perfis.

Esse enorme contingente reclama do básico: falta de acesso, como expectativa de poder contar com soluções personalizadas (29%), maior disponibilidade de serviços online (29%), informações mais precisas sobre abertura de contas (25%) e simplificação do processo de adesão (24%).

Demissão é (des)respeito também em Santarém

Santarém

A frase acima estampou as faixas usadas no ato político desta quarta-feira (15) que aconteceu também em Santarém, oeste do Pará. E de um carro-som, a população que aguardava atendimento podia compreender o significado da manifestação.

“De fato o respeito por todo mundo muda o mundo, mas a categoria quer esse respeito para além da televisão, quer ter condições de trabalho dignas, ser valorizado como profissional, principal responsável pelo maior lucro dentre todos os bancos que atuam aqui no Brasil”, ressalta a diretora do Sindicato na região oeste do Pará, Rafaela Carletto.

No ano passado, o Itaú Unibanco obteve Lucro Líquido Recorrente Gerencial – que exclui efeitos extraordinários – de R$ 30,786 bilhões, alta de 14,5% em relação ao resultado de 2021.

A receita com prestação de serviços e tarifas bancárias também cresceu 7,8% em doze meses, totalizando R$ 46,631 bilhões. As despesas de pessoal, considerando a PLR, por sua vez, aumentaram 12,9% no período, somando cerca de R$ 28,031 bilhões. Dessa forma, a cobertura destas despesas pelas receitas com prestação de serviços do banco foi de 166,4% no período.

Fonte: Bancários PA com Contraf-CUT