Hoje, 20 de novembro, é o Dia Nacional da Consciência Negra. Para maximizar a reflexão da luta do povo negro, o Sindicato dos Bancários de Campo Grande - MS e Região promoveu um ato no centro de Campo Grande.
A ação aconteceu na frente da agência do Bradesco, localizada na esquina da Av. Afonso Pena com a R. Calógeras, com distribuição de panfletos sobre a luta do povo negro e apresentação musical de Chokito.
De acordo com a presidente do SEEBCG-MS, Neide Rodrigues, o objetivo é que a população entenda que todos devem ser tratados com dignidade, independente da cor.
“Estamos fazendo esse ato em uma das agências de maior circulação no centro para aumentar ainda mais o debate sobre o racismo. Nós queremos que a população e a sociedade em geral entenda que independente da cor, são pessoas que merecem ser tratadas com dignidade. A gente tem visto os inúmeros episódios de assassinato e violência contra negros. O sistema financeiro precisa ter essa consciência também. Mesmo em regiões, como a Bahia por exemplo, onde a maior parte da população é negra, você mal os vê nas agencias bancárias. A gente luta por igualdade de oportunidades”, afirma a presidente.
“O sindicato sempre busca fazer esse trabalho de conscientização. Atualmente ainda tem muita gente que não reconhece que somos todos iguais e devemos ter os mesmos direitos. É preciso respeitar uns aos outros e lutar para que todos tenham o mesmo direito”, destaca o secretário de Finanças do sindicato e bancário do Bradesco, José dos Santos Brito.
De acordo com o bancário do Santander, Valdemir Cardoso, a cor da pele já foi empecilho dentro do mercado de trabalho, tanto para ele quanto para colegas com quem trabalhou.
“Eu estive trabalhando durante 25 anos na categoria bancária e até hoje eu nunca passei por uma promoção, mesmo trabalhando bem. É algo que a gente também vê com um colega nosso, por exemplo, que é negro e deficiente e há anos continua no cargo de assistente, sendo superado por tantos outros apenas por serem brancos e seguirem o dito padrão ideal. É necessário que a sociedade possa refletir e dar a oportunidade, pois todos nós somos iguais e não podemos ser tratados de forma diferente”, pontua.
De acordo com o censo da categoria bancária, apesar de serem maioria entre a população brasileira, os negros representam apenas 28,2% e os pardos 24,3% do quadro de funcionários, deles, apenas 4,8% estão nos cargos de diretoria das instituições financeiras.
Com músicas de diferentes estilos, como samba e pagode, e canções que remetiam ao Zumbi dos Palmares e os quilombos, Chokito entende que além da conscientização, é necessário que as pessoas saibam que racismo é crime.
“A gente que nasce com a cor preta automaticamente já é discriminado por várias coisas, seja em entrevista de emprego, fila do banco onde tem pessoa que fica escondendo a bolsa achando que a gente vai roubar, quando vamos ao shopping o segurança fica seguindo porque acha que a gente vai roubar ou aprontar alguma coisa. E assim vai, esses constrangimentos que a gente passa a vida toda. Está na hora das pessoas entenderem que racismo é crime. Se continuarmos batendo na mesma tecla um dia melhora, um dia as pessoas entendem”, comenta Chokito.
Racismo estrutural é um conjunto de práticas discriminatórias, institucionais, históricas, culturais dentro de uma sociedade que frequentemente privilegia algumas raças em detrimento de outras. O termo é usado para reforçar o fato de que há sociedades estruturadas com base no racismo, que favorecem pessoas brancas e desfavorecem negros e indígenas.
O racismo tem diversas maneiras de se manifestar, seja no tipo mais velado, em casos como: olhares tortos, ser preterido em relação aos demais e outros tipos de constrangimentos. Ou até mesmo nos tipos mais graves, onde uma pessoa morre apenas pela cor da pele.
O caso mais recente no Brasil aconteceu no último dia 19, véspera do Dia da Consciência Negra. Um homem negro foi espancado até a morte por dois homens brancos em Porto Alegre. João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, foi agredido em uma unidade do supermercado Carrefour depois de ter um gesto mal interpretado.
Dados do Atlas da Violência 2020 apontam que a forte concentração dos índices de violência letal na população negra é uma das principais expressões das desigualdades raciais existentes no Brasil. Produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o estudo mostra que os jovens negros são as principais vítimas de homicídios no país e que as taxas de mortes de negros apresentam crescimento acentuado ao longo dos anos. Entre os brancos os índices de mortalidade são muito menores e, em muitos casos, apresentam redução.
Por: Assessoria de Comunicação do SEEBCG-MS
Fotos: Reginaldo de Oliveira/Martins e Santos Comunicação